Utilizando como fio condutor da exposição o tempo, José Barbosa traz em seus trabalhos referências a tempos diferentes do cronológico, aproximando-se do tempo mítico, sagrado e ligado à ancestralidade. “Traremos um conjunto de obras inéditas de um artista que no auge dos seus 74 anos, escuta e fala com o tempo passado e o agora. Nesse sentido, traz referências ao que foi vivido, mas também reflexões do tempo atual, como o caso de Javari, uma obra que faz em homenagem aos ativistas mortos na região de mesmo nome, no estado do Amazonas”, explica a curadora da exposição, Joana D Arc Lima, ressaltando que as obras de Barbosa dialogam com o que ele acompanha e admira.
Segundo Joana, isso tem muita relação com sua vida na Cidade Alta, em Olinda, onde há muita referência à cultura popular, festas de rua, da arte erudita à vanguarda. Além disso, soam em seus traços as interferências artísticas de seu pai, Ernani da Silva, com quem aprendeu a entalhar na madeira; até nomes de companheiros de trajetória dentro da construção da arte pernambucana, como Francisco Brennand, Adão Pinheiro, Ypiranga Filho, Samico, José Cláudio e Guita Charifker.
Trajetória do artista - Filho do marceneiro e restaurador, Ernani Ricardo da Silva, José Barbosa começa a entalhar arcas para antiquário na marcenaria de seu pai no Mercado da Ribeira, em Olinda. Realizou sua primeira talha na oficina do pai, aos 12 anos de idade, influenciado pela literatura de cordel. Em 1963, com o incentivo do pintor Adão Pinheiro, inicia carreira artística, entalhando um baú velho de madeira, no qual Pinheiro havia previamente desenhado anjos, pássaros e outras figuras que até hoje povoam sua obra. Nessa mesma época, integra e organiza o Movimento de Arte Ribeira, que conta com a participação de Adão Pinheiro, Ypiranga Filho, João Câmara, Vicente do Rego Monteiro e Guita Charifker entre outros.
Mudou-se para o Rio de Janeiro em 1965, em pleno Regime Militar, onde se envolveu com o Cinema Novo, a Tropicália e a Nova Figuração, além de estudar gravura em metal com o professor Orlando da Silva. Em 1967, realiza esculturas para o Hotel Savoy. Cinco anos depois (1972), parte para a Europa, residindo na Alemanha e na França. Em 1976, trabalha em ateliê com Roseline Granet e Jean Paul Riopelle, em Meudon, França. Retorna ao Brasil dois anos depois, vivendo entre Rio, Olinda e Balneário Camboriú, no Sui do país. Desde 2000 se reinstalou em Olinda, onde trabalha e reside atualmente.
Serviço:
José Barbosa: A escuta do tempo - Javari
Onde: Christal Galeria de Artes, Rua Estudante Jeremias Bastos, 266, Pina. Recife -PE
Visitação: Até 22 de outubro de 2022
Horário: Das 10h às 19h, de terça a sábado.
Entrada gratuita
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