Em mais uma entrevista da série “10 Minutos no Futuro”, o Instituto Fórum do Futuro convida o representante da FAO no Brasil, o diretor Rafael Zavala, formado em Zootecnia pela Universidade Autônoma Metropolitana do México, com mestrado em Agricultura Sustentável pela Universidade de Londres e doutorado em Políticas para o Desenvolvimento Rural pela Universidade de East Anglia, na Inglaterra. Defensor da bioeconomia tropical, chegou para debater sobre o potencial das tecnologias. A pauta se faz presente no capítulo que ele escreveu no livro “As Tecnologias Sustentáveis que Vem do Trópicos”, que será lançado no dia 6 de outubro.
O jornalista Fernando Barros, diretor de comunicação estratégica do Fórum do Futuro, introduz a entrevista ressaltando sobre uma crise alimentar inédita devido a sua complexidade. Levado pelo conhecimento de que Zavala acredita que o mundo tropical é o elemento-chave que possa mitigar esse problema, questiona o convidado. Como isso poderia acontecer?
Segundo Zavala, esse período de insegurança alimentar é resultado de uma série de fatores mundiais. “Nestes dias, a insegurança alimentar está em uma ‘tempestade perfeita’. Se analisarmos, são quatro as causas da fome no mundo. A primeira causa, a principal, é um conflito armado; a segunda causa, é um choque econômico; a terceira causa, um choque climático – como enchentes e secas –; e a quarta causa, são, precisamente, as pragas, as pandemias, epidemias, pandemias”. Ademais, a guerra na Ucrânia é mais um elemento, devido ao aumento no preço dos fertilizantes.
Ainda nesse contexto, o representante da FAO aproveita para levantar a Bioeconomia como uma das respostas para essas questões, declarando uma necessidade de transição intensa para reduzir a dependência de insumos provenientes de combustíveis fósseis, e enaltecer o trabalho em fontes de energias renováveis. E, para que a bioeconomia possa agir como resposta em muitas partes do mundo – em especial no Brasil –, é preciso contar com a ajuda da tecnologia e da inovação. “Tecnologia e inovação são as chaves junto com a cultura associativa e políticas públicas adequadas. As chaves precisamente para consolidar a bioeconomia e, precisamente, uma agricultura tropical que alimente a um mundo que está crescendo cada vez mais”, ressalta.
Dentro da introdução de Zavala, Barros indaga a integração tecnológica, citando as lavouras, a pecuária e as florestas, denominadas pelo Fórum do Futuro de “impacto mínimo na natureza da produção de alimentos”. Ele discorre, ainda, sobre as várias formas de se introduzir conhecimento, no intuito de preservar a biodiversidade, as florestas e até mesmo dobrar a produção de alimentos no Brasil. A dúvida, no entanto, embasa-se em como acelerar essa dinâmica tecnológica e fazer com que esse conhecimento e tecnologia chegue aos pequenos e médios produtores.
O convidado esclarece primeiramente que, seria necessário mudar a visão dos sistemas alimentares e não enxergar somente o fato de como produzir alimentos, mas se atentando também em como produzir captação de carbono, captação de água, aumentar reservas cítricas etc., argumentando que a necessidade de “todo um sistema de serviços ecossistêmicos que possa ser financiado por mecanismos internacionais”.
De acordo com Zavala, apesar de existirem 98 milhões de hectares degradados no Brasil, segundo a Embrapa, dentro dessas zonas transitam mecanismos de serviços sócio-ecossistêmicos que, além de gerar empregos, promovem a conservação do solo.
Para finalizar o debate, Fernando questiona o convidado: "O senhor acha que o mundo está maduro para aproveitar essa oportunidade gigante de investir na ciência e nas aterrissagens desse conhecimento no ambiente tropical, democratizar a tecnologia, e reverter esses parâmetros de degradação que acaba de pontuar?” Em resposta, Zavala diz: "Na medida que podemos acercar de que todas essas pessoas possam ter acesso a tecnologias, vamos estar mais perto de precisamente estar maduro para essa transição”, conclui.
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