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O Banco Central divulgou nesta quarta-feira, 5, um boxe com uma análise do efeito da mudança no layout da fatura de cartão de crédito no âmbito do Relatório de Economia Bancária (REB) de 2021. O documento na íntegra será publicado na quinta-feira, 6, às 8 horas. No boxe, o BC mostra que a alteração na forma como as informações são disponibilizadas na conta do cartão tende a aumentar o grau de entendimento e pagamento dos consumidores, conforme os resultados de um experimento realizado com uma amostra aleatória e controlada.
O cartão de crédito é um meio de pagamento muito utilizado
no Brasil. Segundo o órgão, em 2021, cerca de 65 milhões de pessoas (quase 40%
da população adulta) realizaram mais de 200 milhões de operações mensalmente.
Em média, as famílias têm cerca de 30% de suas dívidas com o Sistema Financeiro
Nacional (SFN) relacionadas ao cartão de crédito, considerando as modalidades à
vista, parcelada e de rotativo.
O BC destaca que a utilização "desatenta" do
cartão pode "custar caro" ao consumidor, uma vez que, quando não se
paga a fatura inteira, a dívida derivada do crédito rotativo ou da opção de
parcelamento terá as taxas de juros mais caras do País, que ultrapassam 300% ao
ano. Essas modalidades mais caras, ressalta a autarquia, são mais utilizadas
por pessoas com renda inferior a dois salários mínimos.
"Além da desatenção, a complexidade do produto, o baixo
nível de letramento financeiro dos usuários e as faturas confusas são alguns
dos fatores que podem resultar na utilização indesejada do crédito rotativo ou
parcelamento."
Nesse sentido, o BC avalia que a simplificação das faturas
de cartão de crédito é vislumbrada como possível facilitador para melhorar o perfil
de uso desse instrumento.
As conclusões do experimento, afirma a autarquia, sugerem
que a mudança de layout facilita o entendimento do produto, aumenta o pagamento
da fatura e diminui o endividamento. Esses efeitos, segundo o BC, são mais
fortes entre pessoas de menor escolaridade.
"Os resultados sugerem que leiautes de fatura de cartão
de crédito que aprimoram a clareza e a organização das informações oferecidas
ao consumidor têm o potencial de melhorar o entendimento sobre o produto
financeiro, incentivar melhores decisões financeiras e reduzir o
endividamento", disse o BC, no boxe.
O órgão também observou que o grupo do experimento que foi
exposto à nova organização de informações da fatura respondeu mais rapidamente
e de forma mais acertada as perguntas sobre o produto. Além disso, o BC também
testou como seriam as decisões se a tela de pagamento mostrasse um valor
pré-preenchido de quitação da fatura e chegou à conclusão que tem forte
influência sobre a escolha do consumidor.
O experimento, feito dentro do escopo de promoção da
Cidadania Financeira, foi conduzido em plataforma online pelo BC, em parceria
com a empresa de consultoria e pesquisa Plano CDE e com apoio financeiro da
Fletcher School of Law and Diplomacy, escola da universidade norte-americana
Tufts University. Para avaliar as hipóteses, os participantes, selecionados de
forma a ter uma amostra balanceada em termos de idade, sexo e status
socioeconômico, foram alocados aleatoriamente em um grupo de controle e dois
grupos de tratamento.
O grupo de controle recebeu uma fatura semelhante às
atualmente disponíveis no Brasil. O primeiro grupo de tratamento recebeu uma
conta parcialmente alterada, com uma organização e redação escolhida para
transmitir melhor informações como custos e taxas do cartão. Já a fatura do
segundo grupo de tratamento tinha destaque para as opções de pagamento com
juros mais baixos, além das mudanças já observadas pelo primeiro grupo de
tratamento. Em ambos os casos, as faturas incluíam o mesmo conjunto de informações
das faturas usuais e apresentavam taxas de juros e outros encargos semelhantes
aos normalmente cobrados pelas instituições financeiras.
Além disso, também foi testado qual seria o efeito de um
pré-preenchimento do valor a ser quitado na tela de pagamento da fatura. O
experimento também avaliou o comportamento dos consumidores em um cenário em há
dinheiro para quitar toda a fatura e quando não há recursos suficientes. Depois
de avaliarem a conta do cartão, os participantes, responderam 14 perguntas sobre
as informações básicas, de endividamento e os custos do cartão.
"O experimento demonstrou que os participantes que receberam as faturas com os novos leiautes compreenderam melhor os dados apresentados e estavam mais bem informados para identificar as consequências de aceitar o crédito rotativo ou pagamento da fatura em parcelas", afirmou o BC, no boxe.
Fonte: Estadão Conteúdo
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