segunda-feira, 19 de dezembro de 2022

Em Copa para a história, Messi coloca as mãos no troféu com que mais sonhou

 


Não é difícil, mesmo sem vê-lo, perceber que Lionel Messi se aproxima. Nas zonas mistas, espaço reservado para os jornalistas após as partidas do Mundial, o barulho de gente preparando seu equipamento aumenta quando ele desponta no corredor. Crescem com os pedidos de "Leo! Leo!" na expectativa de que ele pare para dizer algo.

 

"Temos seis finais a partir de agora", resumiu em 22 de novembro, no estádio de Lusail, após a maior surpresa da Copa do Mundo do Qatar.

 

A Argentina havia sido derrotada pela Arábia Saudita por 2 a 1 na sua estreia. A equipe parecia destinada a repetir a tristeza que o camisa 10 havia vivido em torneios anteriores.

 

Não foi. A seleção venceu suas seis finais seguintes. A última e definitiva foi realizada neste domingo (18), contra a França, na mesma arena de Lusail. Lionel Messi encerrou sua trajetória na competição mais importante do futebol com o troféu com que sonhou.

 

Conseguiu, aos olhos dos seus cada vez mais escassos detratores, imitar o que o seu ídolo Diego Maradona fez em 1986. Ser o craque do torneio, protagonizar lances inesquecíveis e levar o país ao topo da montanha.

 

"Isso é algo que vou contar aos meus filhos", disse o zagueiro croata Josko Gvardiol, 20, após a derrota de seu time para a Argentina por 3 a 0 nas semifinais.

 

O que um dos melhores defensores do torneio, avaliado em mais de 100 milhões de euros (R$ 562 milhões na cotação atual) vai contar aos seus filhos é como foi humilhado por Lionel Messi em uma das jogadas mais memoráveis da Copa do Mundo do Qatar.

 

O argentino bailou na frente do seu marcador, 15 anos mais jovem, deixou-o para trás e deu o passe para Julian Álvarez fazer o terceiro gol.

 

A Argentina foi campeã porque o Lionel Messi da Copa de 2022 foi diferente do Lionel Messi dos quatro Mundiais anteriores em diferentes aspectos. Nas estatísticas de gol, no desempenho em campo e na liderança sobre os companheiros de grupo.

 

Se em 2006 ele era um garoto de 19 anos, que viu do banco, como figura periférica do elenco, a eliminação para a Alemanha nas quartas de final, em 2010 já era o melhor do mundo. Chegou à África do Sul como o astro maior do torneio e dirigido por Maradona. Saiu sem fazer nenhum gol e com nova queda nas quartas. Mais uma vez, diante da Alemanha, seu maior carrasco em Copas.

 

Em 2014, Messi acariciou a taça e perdeu a final, mas em 2018 houve nova decepção com a eliminação para Mbappé e a França nas oitavas.

 

A cena do camisa 10 subindo a escadaria do Maracanã, há oito anos, para receber o prêmio de melhor jogador do Mundial e passando ao lado do troféu de campeão, sem poder tocá-lo, é uma das mais icônicas de sua carreira.

 

Esta imagem foi substituída neste domingo por outra, do craque com as mãos na taça que mais desejou. Isso se realizou porque ele ganhou cada uma das seis finais que determinou para si e para sua seleção a partir da derrota para a Arábia Saudita.

 

"Leo é o nosso condutor. Quando ele está bem, tudo fica muito mais fácil", definiu o zagueiro Lisandro Martínez, o mesmo que confessou ter ficado sem fala quando se encontrou pela primeira vez com o camisa 10.

 

Ele foi isso a partir do jogo contra o México, na segunda rodada da fase de grupos.

 

"Era uma partida difícil, complicada, que ele resolveu em uma jogada", explicou o técnico Lionel Scaloni.

 

Foi um arremate de fora da área que abriu o caminho para a vitória por 2 a 0. Messi seria depois fundamental para a repetição do placar, mas sobre a Polônia. Resultado que colocou a Argentina na primeira colocação da chave.

 

Nas oitavas, ele fez seu gol contra a Austrália, em chute que foi como um tapa na bola.

 

"Ele faz parecer que o futebol é a coisa mais fácil do mundo", definiu Gary Lineker, artilheiro da Copa de 1986 e apresentador da BBC inglesa.

 

Voltou a marcar, de pênalti, diante da Holanda, em uma atuação de gala marcada por outros lances que não o seu gol. Houve o passe genial para Molina abrir o placar e o confronto verbal com os holandeses. Desde a encarada em Louis van Gaal ao "¿Qué mirás, bobo?", frase para o atacante rival Weghorst.

 

Messi fez o que fez com Gvardiol nas semifinais e guiou a Argentina para a partida do título e a consagração final diante dos franceses. Na qual venceu um espetacular duelo com Mbappé.

 

Foram 16 anos e quatro Copas de espera, mas Lionel Messi, aquele que Scaloni, Guardiola, Xavi e Iniesta definiram como "o maior da história", enfim, colocou suas mãos no troféu de campeão do mundo.

 

Fonte: Folhapress (ALEX SABINO E LUCIANO TRINDADE)

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