Alvo de críticas por problemas na organização da Copa do Mundo de 2022, o Catar celebrou o clima de festa e a final eletrizante, entre Argentina e França, no Lusail Stadium. "Conseguimos uma alto nível de excelência na organização, futebol magnífico e com estádios modernos, boa estrutura e uma boa amostra do mundo árabe", disse Hassan Al Thawadi, o secretário-geral do Comitê Supremo de Entrega e Legado. "Temos um sentimento de orgulho por mostrar nossa cultura e criando amizades, que ficarão".
Para ele, o legado do Mundial, que se encerra, vai além dos
jogos emocionantes. "Fizemos reformas, o legado da Copa seguirá, mesmo
depois de encerrada a Copa do Mundo", disse. "Agora as pessoas
conhecem quem são os catarianos e os árabes e isso será muito bom para o futuro
do nosso país".
Além de obras que mudaram a face do país, como o moderno
sistema de metrô de Doha, novas estradas, obras de infraestrutura de saneamento
e telecomunicações e investimentos em segurança, nos anos que antecederam o
Mundial de 2022, o Catar reformou suas leis de proteção ao trabalho. Um dos
principais avanços foi o fim da kafala ("patrocínio ou garantia" em
árabe), sistema de relações trabalhistas muito comum nos países da região do
Golfo Pérsico, segundo o qual um estrangeiro não pode mudar de trabalho ou ir
embora do país sem a permissão de seus empregadores.
Não era incomum a retenção de passaportes e documentos para
impedir mudanças de emprego. Outros avanços foram a instituição de um salário
mínimo (equivalente a US$ 275) e introdução de normas de proteção de saúde.
Antes de assumir compromissos com a Organização Internacional do Trabalho e com
sindicatos de trabalhadores internacionais, era frequente o pagamento da
jornada de trabalho por valores irrisórios (cerca a R$ 6 a hora), atrasos e até
calote nos salários, por parte de empreiteiros.
Também eram problemáticas as jornadas de trabalho com
duração entre 12 e 14 horas, mesmo sob temperaturas próximas dos 48°C, comuns
nos meses de junho a agosto. "Essas reformas e as obras de modernização
que estamos fazendo ficarão como legado", disse Al Thawadi. Segundo ele,
nos dias da Copa do Mundo, o país conseguiu reunir o mundo inteiro com suas
diferentes culturas e crenças em torno do esporte. "Conseguimos transmitir
uma mensagem de paz por meio do esporte", disse.
O sucesso do Mundial faz os dirigentes catarianos desejarem
alçar voos mais altos na organização de eventos mundiais, como a Olimpíada.
Especula-se que Doha é forte candidata a ser sede dos Jogos Olímpicos de 2036.
Perguntado sobre isso, antes de deixar a Zona Mista do Lusail Stadium, Al Thawadi
não desmentiu. "Há outra pessoas ligadas ao nosso governo cuidando deste
assunto."
Fonte: Estadão Conteúdo
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