quinta-feira, 22 de dezembro de 2022

Treinamentos com o uso da metodologia de simulação podem auxiliar na redução da mortalidade materna



A hemorragia pós-parto é a principal causa de mortes maternas no mundo, principalmente em países de baixa e média renda, com recente aumento importante de sua incidência também em países de alta renda.
A maior parte destas mortes são consideradas evitáveis, por falha na assistência e, por isso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda o uso de treinamentos de simulação para reversão deste panorama.

Nos Estados Unidos e na Europa a educação para profissionais de saúde baseada em simulação já é realidade na maioria dos centros de formação profissional, há uns 10 anos. No Recife, a oportunidade está chegando agora com o Centro de Simulação (CSim) da FPS, o primeiro programa de simulação externo à Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein afiliado ao Centro de Simulação Realística (CSR) Albert Einstein, de São Paulo.

“A simulação médica é fundamental porque é uma oportunidade eficiente de, em um ambiente seguro de aprendizagem, ou seja, sem risco para o paciente, treinar até chegar à excelência. Ajuda também na auto-regulação emocional do profissional e busca diminuir o surgimento de eventos adversos, reconhecidos pela OMS como um problema de saúde pública”, explica Brena Melo, coordenadora do Centro.

Com relação à saúde de gestantes, a simulação ajuda na melhoria da proposta que está incluída nas metas do milênio, estabelecidas pela Organização das Nações Unidas (ONU), conhecida como Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM). A prevenção da hemorragia pós-parto e de outros eventos adversos que possam causar a morte materna é importante para alcançar esse propósito.

SITUAÇÕES DE RISCO - Quando o assunto é a segurança do paciente, os eventos adversos estão, na maior parte das vezes, associados à falha de comunicação ou falta de consciência situacional, e o profissional pode falhar no estado de alerta ou na identificação dos fatores de risco. Brena Melo explica que, “muitas vezes, a equipe de saúde até saberia o que deveria ter sido feito, mas não foi comunicada de maneira adequada ou não reconheceu as situações de risco a tempo”.

“Infelizmente, este tipo de situação não é rara e está geralmente associada a um final de plantão ou mudança de setor, situações com potencial de aumentar as falhas de comunicação. Um profissional de saúde que exerce sua função com competência precisa integrar habilidade, conhecimento e atitude. E, nesse tipo de treinamento de simulação, existe a oportunidade disso ser realizado”, explica a coordenadora, que levou o tema para o 60º Congresso Brasileiro de Ginecologia e Obstetrícia, no Rio de Janeiro, em palestra sobre como o treinamento pode reduzir as mortes maternas no ambiente hospitalar.

SOBRE O CSIM - O espaço de aproximadamente 1.000 m2 simula um hospital, com oito salas complexas de simulação que reproduzem um cenário de bloco cirúrgico, emergência e quartos de hospital, e todo material utilizado como medicamentos, materiais e equipamentos. Todo o treinamento é acompanhado por facilitadores especialistas no assunto, que guiam uma discussão pós cenário simulado (debriefing) sobre o desempenho durante o cenário e as habilidades, conhecimentos e atitudes que podem ser aprimoradas. O centro inova com simuladores de alta fidelidade, utilizando robôs que permitem que sejam treinadas as habilidades manuais do profissional em uma cirurgia, por exemplo, a interação e até reações fisiológicas, simulando pacientes adultos, gestantes e crianças.

O Csim tem por missão oferecer treinamentos simulados de excelência a profissionais do âmbito público e privado da saúde, com foco na segurança do paciente, visando à melhoria da assistência à população. Oferece também treinamentos de primeiros-socorros para profissionais que lidam com crianças, idosos e com departamentos de saúde e segurança de empresas.


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