A rejeição dos brasileiros a um técnico estrangeiro na seleção é menor após a Copa do Mundo, mostra a mais recente pesquisa Datafolha. Ainda há mais gente contra do que a favor, mas a diferença diminuiu consideravelmente após o fracasso do time no Qatar.
São 41% os favoráveis à contratação de um técnico de fora
pela CBF (Confederação Brasileira de Futebol). Manifestaram-se de maneira
contrária 48%. Há 6% de indiferentes a respeito da questão, e 5% não souberam
responder sobre o assunto.
O Datafolha ouviu 2.026 pessoas de 16 anos ou mais, em 126
municípios, nos dias 19 e 20 de dezembro. A margem de erro da pesquisa é de
dois pontos percentuais, para mais ou para menos, dentro do nível de confiança
de 95%.
O resultado do mais recente levantamento apresenta uma
variação significativa em relação ao anterior, realizado em julho, com a mesma
margem de erro. Na ocasião, havia 30% a favor e 55% contra.
A mudança nos números certamente tem a ver com o fracasso do
Brasil no Mundial e com a subsequente queda na avaliação do trabalho de Tite.
Ele confirmou que não permanecerá à frente da seleção, e a CBF agora busca um
substituto.
O presidente da entidade, Ednaldo Rodrigues, não é um
apaixonado pela ideia da contratação de um estrangeiro, mas já deu
demonstrações de que pode rever sua posição. Sua constatação é que não há um
nome brasileiro incontestável -como havia na época da contratação de Tite, em
2016.
Rodrigues passou a olhar para outros centros, mas alguns dos
treinadores de prestígio já lhe fecharam a porta. O italiano Carlo Ancelotti
disse que pretende permanecer no Real Madrid, a não ser que o demitam. O
catalão Pep Guardiola renovou seu contrato com o Manchester City.
O futebol brasileiro de clubes teve casos recentes de grande
sucesso com técnicos estrangeiros, sobretudo portugueses. Jorge Jesus
conquistou a Copa Libertadores de 2019 e vários outros títulos com o Flamengo.
Abel Ferreira, do Palmeiras, trinfou na Libertadores em 2020 e 2021.
Os resultados ajudaram a minar a resistência, que, no
entanto, ainda é considerável. Não à toa, os dois estão entre os cotados. Entre
os brasileiros aparecem nomes como Dorival Júnior, Mano Menezes e Fernando
Diniz. Ednaldo já avisou que decidirá sozinho.
Se escolher um estrangeiro, terá resistência maior das
mulheres: 54% são contra, apenas 33% a favor. Os homens se mostram mais abertos
a ideia: 50% são a favor, 43% contra. No recorte de gênero, a margem de erro é
de três pontos percentuais, para mais ou para menos.
Há também uma abertura maior dos mais jovens na comparação
com os mais velhos. Na faixa dos 16 aos 24 anos, por exemplo, há 46% favoráveis
e 46% contrários. Na faixa dos 60 anos para cimas, são 32% favoráveis e 51%
contrários. No recorte etário, a margem de erro é de cinco pontos.
MARCOS GUEDES
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)
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