Uma das técnicas da seleção brasileira de judô aos 32 anos. Hoje é assim que Sarah Menezes se apresenta. Campeã olímpica em Londres-2012, a ex-judoca assumiu o comando da equipe feminina do Brasil no fim de 2021 com um grande desafio e conseguiu colher frutos logo em seu primeiro ano no cargo, com um bom desempenho no Mundial.
Sarah Menezes foi chamada para a função em um momento de
instabilidade. Com as medalhas de bronze de Mayra Aguiar e Daniel Cargnin, o
judô do Brasil teve nos Jogos Olímpicos de Tóquio o pior desempenho desde
Atenas-2004. Para mudar isso, a Confederação Brasileira de Judô decidiu por uma
troca quase que completa na parte técnica das seleções e a ex-judoca assumiu o
time feminino.
"Tento mostrar para as meninas os detalhes que fazem a diferença
Meu desafio é tentar fazer com que elas vejam da mesma forma que eu vejo,
porque esses detalhes fazem uma grande diferença. Depois de um começo um pouco
desafiador, estou conseguindo mostrar isso para as meninas, que é possível
enxergar caminhos diferentes para alcançar os objetivos", afirmou.
"Foi complicado e desafiador fazer as meninas,
principalmente as que estão na seleção a mais tempo, como a Rafaela Silva, a
Mayra Aguiar e a Ketelyn Quadros, entenderem a minha forma de ver e passar as
coisas no começo. Elas conquistaram muito lutando de uma forma e o desafio no
começo era mostrar que a maneira que eu estava mostrando também ajudaria a
melhorar o judô delas. Na arte marcial do caminho suave eu busquei mostrar que
o meu caminho era apenas diferente, mas o objetivo era o mesmo",
completou.
O SUCESSO NO MUNDIAL
Podemos dizer que o ano de 2022 foi "montado" de
uma maneira que os desafios foram aumentando de dificuldade gradativamente.
Depois de assumir o comando da seleção feminina, Sarah Menezes foi tendo
desafios cada vez mais complexos até a disputa do Mundial de judô.
Nele, as mulheres do Brasil conquistaram dois ouros, com
Rafaela Silva e Mayra Aguiar, e uma prata, com Beatriz Souza. Além dos pódios
no feminino, Daniel Cargnin foi bronze e o País ficou em segundo no quadro de
medalhas da competição. O resultado mostrou que o judô continua forte a nível
mundial quando se fala dos brasileiros.
"Claro que as medalhas e os pódios eram desejados e
foram trabalhados para que fossem conquistados, todos nós queremos isso, mas
vejo que o ano, como um todo, mostrou uma melhora no nível de luta, na
qualidade apresentada no tatame. Isso não é fruto só meu, é de todos os
atletas, seus treinadores nos clubes e toda a parte técnica da CBJ. Eu vi, e
penso que os resultados no ano e não só no Mundial, mostraram isso. Os atletas
mostrando que podem e que conseguem lutar de igual para igual com os melhores
do mundo sempre. Isso é importante", afirmou Sarah.
FUTURO E SONHO
Apesar de estar em seu primeiro ano no comando da seleção
brasileira de judô, Sarah Menezes não esconde que a ideia de se tornar técnica
vem de muitos anos. Segundo a atleta, a "semente" foi plantada ainda
em 2016 e o nascimento de sua filha ajudou a acelerar o processo. Na nova posição,
a treinadora não esconde o que pensa sobre a função e também sabe qual o maior
sonho que possui para a nova carreira.
"Com toda a certeza do mundo lutar é mais tranquilo e
mais fácil Sem sombra de dúvidas ser treinadora é mais complexo. Mas é um
desafio que eu estou adorando e que me faz ter novos objetivos e sonhos. O
próximo objetivo é o Masters, que acontece no próximo mês e reúne os 32
melhores de cada categoria no mundo. Trabalho assim, um degrau por vez e o
próximo é esse. Um sonho? Meu maior sonho hoje é ver toda a equipe do Brasil em
um pódio olímpico e mundial. É o meu sonho de treinadora e trabalho muito para
isso", afirmou.
Fonte: Estadão Conteúdo
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