sexta-feira, 2 de dezembro de 2022

Caminhos da Reportagem revela obras do bordado filé em Alagoas



Entre linhas, agulhas e histórias, o programa jornalístico Caminhos da Reportagem percorre as tramas coloridas da Região das Lagoas Mundaú e Manguaba, em Alagoas, reconhecida como Indicação Geográfica (IG) do bordado filé, neste domingo (4), às 22h.

A edição inédita da atração da TV Brasil integra a série temática "Riquezas da Nossa Terra", produzida pela emissora pública em parceria com o Sebrae. O conteúdo da emissora pública tece redes para apresentar histórias de vida emocionantes e resgatar a tradição do trabalho e do saber artesanal.

Ensinado pelos europeus no período colonial, o bordado filé foi incorporado pelas mulheres locais e se tornou um símbolo do estado nordestino. Se no velho continente o artesanato é monocromático, sendo mais comum em branco ou bege, no Brasil, essa produção rústica ganhou múltiplas cores.

Na família da artesã Lourdes Gama, a filha Sandra e a neta Kaillane aprenderam com ela a bordar e a fazer da atividade uma fonte de renda. "Eu já sou aposentada, então a minha complementação é o filé. Tem mulheres que criam a família inteira somente com a renda do filé", afirma dona Lourdes.

Filé, traduzido do francês "filet", significa rede. E, no caso do artesanato, é um bordado feito sobre uma rede semelhante à da pesca. Não é por acaso que este tipo de trabalho está presente em comunidades pesqueiras, explica o antropólogo Bruno Cavalcanti.

O professor da Universidade Federal de Alagoas é responsável pelas pesquisas que fundamentaram o reconhecimento do bordado filé como Patrimônio Cultural Imaterial de Alagoas e depois garantiram o registro da região como Indicação Geográfica (IG) pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).

Influência do trabalho artesanal e pesqueiro na renda

O bordado e a pesca são atividades essenciais para a sobrevivência da população do Complexo Estuarino das Lagoas Mundaú-Manguaba, formado por seis municípios: Maceió, Marechal Deodoro, Pilar, Coqueiro Seco, Santa Luzia do Norte e Satuba.

Segundo Bruno Cavalcanti, o peso do bordado no orçamento das famílias vem aumentando em função do incremento do turismo e da queda do rendimento da pesca provocada principalmente pela poluição das lagoas.

"A lagoa está secando. Aqui onde nós estamos passava a lancha que ia para Marechal Deodoro. Hoje em dia a gente tá em cima da areia", confirma o pescador José Rosalvo dos Santos que saiu junto com a mulher, Rosiene da Silva Ramos, para pescar e catar mariscos na lagoa Mundaú, no bairro Pontal da Barra, na capital. Quando voltam da água, ele tece com o nylon uma nova tarrafa. Ela borda e engoma toalhas, colchas, entre outras peças.

Assim como Rosiene, muitas bordadeiras encomendam as redes que servem de suporte para o bordado no município de Coqueiro Seco, de seis mil habitantes. Jedivan do Nascimento Silva, de 72 anos, é umas das poucas que ainda fazem a rede da forma tradicional, mais difícil.

Durante o programa do canal público, a artesã fala sobre o seu árduo processo de trabalho. A entrevistada conta que enrola a linha de algodão no dedão do pé para começar a tecer. Quando a malha atinge 30 centímetros, ela passa a obra para outro tipo de suporte, que pode ser o encosto da cadeira.

Reconhecimento e legado da prática

Para defender a tradição e buscar a valorização do produto, as artesãs criaram o Instituto do Bordado Filé de Alagoas, o Inbordal, e com a assessoria do Sebrae, batalharam pelo reconhecimento da Indicação Geográfica.

Entre as conquistas que vieram em seguida, elas comemoram parcerias, aprendizado em oficinas e lançamento de novas coleções. Maylda Cristina Soares da Silva, presidente do Inbordal, ressalta que a partir da IG as artesãs conseguiram melhores preços na venda do filé.

Uma das estratégias do Inbordal é ensinar o saber ancestral para as novas gerações. As oficinas de bordado reúnem adolescentes de escolas públicas. "Pra mim é muito importante passar esse trabalho para que ele não morra porque foi através dele que a minha mãe ajudou bastante a minha família e deixou esse legado pra gente", diz a professora Lucineide Sena.

Ficha técnica

Reportagem e produção: Ana Passos

Imagens: João Victal

Operação de áudio: Ed Guimarães

Edição de texto: Luciana Góes

Edição de imagem: Eric Gusmão

Arte: Julia Gon

Destaque para produtos diferenciados

A temporada temática do programa jornalístico Caminhos da Reportagem visita áreas mapeadas do país conhecidas pelo desenvolvimento de produtos específicos que garantiram à localidade a certificação própria de Indicação Geográfica. O Sebrae tem papel fundamental para realizar a identificação e contribuir na pauta do conteúdo apurado pelas equipes da TV Brasil para o lançamento da série "Riquezas da Nossa Terra".

Além de acompanhar o processo da produção da cachaça em Paraty, a atração aponta várias referências que se distinguem dos itens semelhantes disponíveis no mercado em diferentes regiões do país. O canal público aponta elementos com propriedades exclusivas que os diferenciam em função de inúmeros aspectos associados, por exemplo, aos recursos ambientais, como solo, vegetação, clima e modo de cultivo.

Os produtos também se evidenciam na comparação a similares em virtude de sua natureza e de seu caráter nutritivo. Os registros incluem vinhos, espumantes, frutas, farinhas, obras de artesanato e produtos têxteis, entre outros, cada qual com seu próprio selo. A reputação é uma qualidade característica desses itens.

A distinção alcançada assegura vantagem competitiva. Também move o trabalho de diversos profissionais com atuação relacionada aos respectivos produtos como produtores e comerciantes. A leva de negócios ainda desenvolve novos públicos e fomenta o consumo. Essa dinâmica ajuda a consolidação das tradicionais iguarias e dos saberes locais por gerações bem como sua potencialização das atividades de turismo.

A marca de Indicação Geográfica privilegia localidades que provaram a origem e a procedência de seus artigos singulares, as duas denominações possíveis de espécie para produtos agropecuários. Muitos também são considerados patrimônios imateriais e trazem contextos que favorecem a transformação social.

A conquista deste registro consolida atrativos com atributos únicos. A iniciativa estimula a economia local, movimenta as cidades e gera frutos em prol dos moradores. Todos se beneficiam pelo reconhecimento da cultural regional e ganham também com o aumento da circulação de pessoas diante da demanda turística.

Destinos e produtos da nova temporada

Os conteúdos do especial em cartaz na telinha da TV Brasil já apresentaram itens como a cachaça de Paraty; a goiaba paranaense de cidade de Carlópolis; o café mineiro da Serra da Mantiqueira; e o mel de melato catarinense de Bracatinga, no planalto sul do país.

A temporada inédita do programa Caminhos da Reportagem também conferiu destaque em matérias especiais para o cacau do sul baiano; o queijo de Marajó, no Pará; a lavoura de açafrão no município de Mara Rosa, em Goiás; e o socol produzido no Espírito Santo.

A sequência final da série "Riquezas da Nossa Terra" oferece visibilidade às obras de artesanato do bordado filé, da região das Lagoas Mundaú e Manguaba, no estado de Alagoas; à farinha de mandioca, de Cruzeiro do Sul, no Acre; e ao guaraná dos povos indígenas no Amazonas.

Entre outras delícias de dar água na boca, a temporada ainda leva o público a um passeio pela campanha gaúcha para acompanhar a produção dos vinhos e espumantes. O telespectador conhece as técnicas desenvolvidas no vinhedo para padronizar a qualidade da uva.

Sobre o programa

Produção semanal da TV Brasil, o Caminhos da Reportagem leva o telespectador para uma viagem pelo país e pelo mundo atrás de grandes histórias, com uma visão diferente, instigante e complexa de cada um dos assuntos escolhidos.

No ar há mais de uma década, o Caminhos da Reportagem é uma das atrações jornalísticas mais premiadas não só do canal, como também da televisão brasileira. Para contar grandes histórias, os profissionais investigam assuntos variados e revelam os aspectos mais relevantes de cada pauta.

Saúde, economia, comportamento, educação, meio ambiente, segurança, prestação de serviços, cultura e outros tantos temas são abordados de maneira única, levando conteúdo de interesse para a sociedade pela telinha da emissora pública.

Questões atuais e polêmicas são tratadas com profundidade e seriedade pela equipe de profissionais do canal. O trabalho minucioso e bem executado é reconhecido com diversas premiações relevantes no meio jornalístico.

Exibido aos domingos, às 22h, o Caminhos da Reportagem disponibiliza as matérias especiais no site http://tvbrasil.ebc.com.br/caminhosdareportagem e no YouTube da emissora pública em https://www.youtube.com/tvbrasil. As edições anteriores também estão no aplicativo TV Brasil Play, disponível nas versões Android e iOS, e no site http://tvbrasilplay.com.br.

Ao vivo e on demand

Acompanhe a programação da TV Brasil pelo canal aberto, TV por assinatura e parabólica. Sintonize: https://tvbrasil.ebc.com.br/comosintonizar.

Seus programas favoritos estão no TV Brasil Play, pelo site http://tvbrasilplay.com.br ou por aplicativo no smartphone. O app pode ser baixado gratuitamente e está disponível para Android e iOS. Assista também pela WebTV: https://tvbrasil.ebc.com.br/webtv.

Serviço

Caminhos da Reportagem – domingo, dia 4/12, às 22h, na TV Brasil

Um comentário:

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