quarta-feira, 31 de janeiro de 2024

Fabi e Kleber Mazziero: A tampa e o caldeirão



Casados há mais de 20 anos, Kleber Mazziero e Fabiana Parra produziram juntos um total de 89 produtos culturais, que vão de livros a filmes, passando por peças teatrais e álbuns musicais. 


Pudera: não é sempre que um compositor tem dentro de casa uma cantora para interpretar suas canções; não é sempre que um escritor se casa com uma professora de redação. Mazziero, como escritor de 18 livros dentre romances, poesia, ensaios e biografias (é de sua autoria o best-seller Divino, sobre o ex-jogador de futebol Ademir da Guia), afirma: “Eu não escrevo uma linha sem pedir para a Fabi revisar. Ela tem os olhos mais aguçados do mundo.” Fabiana rebate: “Se vamos falar de olhos aguçados, preciso dizer: o fato de o Kleber ser artista e filósofo faz dele o ser mais profundo e crítico que existe. Nada passa por ele sem uma análise espetacular.”


O mais recente trabalho da dupla é um combo cultural: um álbum (gravado ao vivo) de Sonatas compostas por Mazziero e interpretadas por três grandes pianistas cubanos em Concerto comemorativo aos 110 anos do Museu Nacional de Belas Artes de Cuba, um livro de filosofia e um filme documentário que trata da complicadíssima situação social de Cuba.


“O filme deveria ser sobre o Concerto de músicas de um artista brasileiro, o Kleber, interpretadas por artistas cubanos. Mas quando nos deparamos com a realidade da vida por lá, o documentário tornou-se um filme que aborda também toda a questão das condições impostas pelo embargo econômico a Cuba”, diz Fabiana, a Diretora do documentário.


Não foi a primeira vez que uma viagem se transforma em arte: uma viagem à Bahia resultou na produção de um documentário sobre o Samba de Roda. O filme “Ontem, Hoje... para Sempre Samba de Roda” foi laureado em Festivais nos cinco continentes. Uma turnê musical à Europa se transformou no disco “Arlecchino” e no premiado documentário “Arlecchino e o fim da música”.


Quando perguntados sobre se o casal vai parar para descansar, Mazziero responde rapidamente: “Aqui não pode ter espaço para cansaço: é a Arte que muda o mundo!” Fabiana complementa: “E se Kleber e eu temos a sorte de termos na mesma casa tanta arte... nossa consciência não permite que a gente simplesmente ignore tudo isso. Precisamos agir. Somos artistas e somos arteiros.” 


Kleber e Fabiana já foram comparados a Zélia Gattai e Jorge Amado, a Jean-Paul Sartre e Simone de Beauvoir, até a Michelle e Barack Obama.


Eles entendem as comparações, mas preferem a máxima popular: os dois são a tampa e o caldeirão – um caldeirão cultural, sem dúvida.

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