Uma reconexão através da sabedoria cíclica da vida. Essa é a proposta de Lunar, primeiro álbum musical da artista Laura Tamiana, que será lançado dia 30 de junho, no youtube, e em julho nas principais plataformas musicais. Composto de 13 faixas, Lunar traz composições próprias, além de parcerias e cantigas tradicionais do Brasil e da África do Oeste, onde Laura tem trabalhado nos últimos anos.
A obra se constitui no desenho de um padrão do movimento
cíclico da vida, começando pela coragem de nascer, com a faixa Iniciação,
percorrendo diversas nuances, até findar com a morte necessária para renascer,
com a faixa Despedida. “Lunar é um convite a recordar a inteligência cíclica da
vida. As canções estão diretamente ligadas a uma investigação pessoal e
artística em torno dessa energia cíclica que move tudo o que é vivo, do vazio
criativo ao brotar, crescer, dar e colher frutos, processar e morrer para
renascer”, explica Laura. Também fazem parte do repertório as canções Lunar,
Depois do Horizonte, Flecha – composição da artista com sua mãe Conceição
Tavares –, Chão Novo, entre outras.
O disco vem marcar a estreia da paulistana radicada em
Recife Laura Tamiana como compositora e cantora-intérprete solo. Multiartista,
com uma carreira que propõe diálogos entre as artes visuais, as artes da cena,
a cultura popular, a música e a palavra, Laura vem compondo canções desde 2014.
“Vinha há alguns anos acalentando esse desejo do disco, e com as interrupções
das viagens, que normalmente ocupam bastante minha agenda, devido à pandemia,
pensei: "é agora". Com os recursos da Lei Aldir Blanc, junto com um
chapéu de contribuições, conseguimos viabilizar. Penso que não por acaso ele
nasce nesse momento, que nos demanda reflexões tão profundas. Sinto que esse
exercício de recordar nossa natureza cíclica é essencial aos nossos processos e
às transformações pessoais e coletivas que se mostram urgentes em nosso tempo.
É nesse aprendizado que tenho buscado minhas forças”.
Laura conta que criar e lançar um álbum no meio de uma
pandemia mundial foi fortalecedor e ao mesmo tempo desafiador. “Sinto que é uma
dádiva poder criar e produzir num momento tão duro e de tantas incertezas como
este que estamos vivendo. Agradeço profunda e cotidianamente por essa
possibilidade. Criar dá sentido ao meu viver. E poder nesse momento mergulhar
nessas composições, dar corpo a essas músicas junto a músicos e parceiros
incríveis, dar espaço à minha voz, ao que sou e ao que posso dizer agora é
muito fortalecedor. Desejo muito que assim seja também quando as músicas
chegarem aos ouvidos de quem ouvir”, projeta. Durante a pandemia, nasceu a
música ‘Dilema da Flor’, com letra de Claudia Pucci Abrahão e música de Laura.
É um retrato do momento inicial da pandemia, o confinamento, a suspensão, a
resiliência, o medo, as dúvidas, a confiança em algo maior. Também durante a
pandemia, a canção ‘De canto a canto’, que já existia, ganhou uma nova parte,
em texto falado. A música trata do que é o canto para Laura, um viés do
encontro, uma potência expressiva e ancestral. “Essa música é dedicada a
Guitinho da Xambá, amigo muito querido, artista e articulador extraordinário
que nos deixou nesse período. Ele, que soube tão bem através do seu canto – e
não só – expressar, representar e divulgar a cultura da sua comunidade,
deixando um legado fortíssimo”, afirma Laura.
Além das composições e parcerias, Lunar traz 4 faixas com
cantigas tradicionais. Uma delas, “Ajuda Eu, Tambor”, traz um arranjo que
entrelaça 3 cantigas: uma brasileira, uma do Togo e uma da Costa do Marfim;
cantadas por Laura junto a artistas convidados desses três países e também do
Burkina Faso. “É uma faixa dedicada ao encontro, à diversidade que encontramos
quando vamos abertos para o mundo”. Laura tem viajado regularmente ao Burkina
Faso desde 2018, trabalhando em parceria com o contador de histórias François
Moïse Bamba – que também canta no álbum – e participando do seu Festival
Internacional dos Patrimônios Imateriais-FIPI. Nessas viagens, a música é
sempre viés de encontro. O diálogo com a musicalidade da África do Oeste
aparece em outras faixas, com participações também de instrumentistas locais.
Com instrumentação base de vozes, cordas e percussões, Lunar
tem no time principal ao lado de Laura, que assina as vozes e algumas
percussões, Rodrigo Samico – cordas –, Helder Vasconcelos – percussões e fole
de oito baixos –, Johann Brehmer – percussões e concertina – e Rodrigo Félix –
percussões. Nas participações especiais, além dos artistas africanos, estão
também artistas brasileiros como Alessandra Leão e André Hosoi, do grupo
Barbatuques. A produção musical é de Laura Tamiana e Helder Vasconcelos, com a
coprodução de Rodrigo Samico e Johann Brehmer. Os arranjos do álbum foram
feitos coletivamente por Laura, Helder, Johhan, Félix e Samico, que assina os
arranjos das cordas, com a participação também dos convidados.
Sobre as dificuldades de produzir um álbum nesse momento tão
conturbado, Laura conta sobre os desafios encontrados. “Os prazos do projeto
eram inicialmente bem apertados e rapidamente deu para perceber que os
planejamentos não saiam como antes, que os tempos escapavam pelos dedos, que a
situação de crise afeta a todos de diversas formas, desde adoecimentos nas
famílias e na equipe, até processos mais subjetivos. Foi necessária uma
resiliência e adaptação, para encontrar um fluxo de produção”. Uma
característica interessante é que a equipe teve que fazer muita coisa à
distância, pelas restrições, mas a adaptação deu certo. Primeiro porque todos
os principais envolvidos na gravação têm estúdio em casa. As gravações foram
feitas em três estúdios: as vozes na Terreiro, que é na casa de Laura Tamiana e
Helder Vasconcelos; as percussões no Palhoça, de Johann Brehmer; e as cordas no
Solto no Tempo Studios, de Rodrigo Samico. E segundo porque o disco conta com
essas muitas participações escolhidas por relações artísticas e afetivas,
espalhadas em outras cidades do Brasil e nos três países da África;
participações essas que foram sendo gravadas em seus diferentes locais.
O álbum completo estará disponível dia 30 junho, no canal de
youtube de Laura Tamiana, que já conta com o vídeo da música ‘Flecha’
(https://www.youtube.com/watch?v=rMzVdqwYf9E) e ‘Temperança’
(https://www.youtube.com/watch?v=Q0H4gNEx5LA&t=43s). O disco também estará
disponível, na mesma data, no blog (Http://lauratamiana.tk), junto a encarte
com concepção e obras de Laís Domingues, trazendo fotografias em revelação
artesanal, com intervenções bordadas. Em julho, Lunar também estará nas
principais plataformas de música. Além disso, atividades serão promovidas
durante todo o mês, como audições comentadas com participação de artistas
convidados.
Laura Tamiana - Laura Tamiana (Recife/Brasil) é artista,
além de produtora e facilitadora de processos terapêuticos. Cria e desenvolve
projetos que envolvem a música, as artes visuais, a palavra, as artes do corpo
e as culturas tradicionais, sempre com o propósito de promover o encontro entre
pessoas e contextos, a partir de um viés afetivo e de questões em torno de
identidade, pertencimento e memória. Tem especialização em Cooperação Artística
Internacional pela Universidade Paris VIII, França.
Desde 2007 integra os grupos do Carnaval pernambucano
Maracatu de Baque Solto Piaba de Ouro, como baiana puxadora de cordão, e Boi
Marinho, compondo o núcleo principal do grupo, como puxadora de cordão, cantora
e percussionista. Com o Boi Marinho, realizou diversas apresentações também em
centro culturais, festivais e eventos, como o Circuito Sesc de Artes, do SESC
SP, e o festival Europalia, na Bélgica.
Unindo pesquisa e criação, audiovisual e cultura popular,
realiza desde 2009 o projeto Retrato: substantivo feminino, uma criação
coletiva em foto e vídeo envolvendo mulheres ligadas a diferentes manifestações
culturais tradicionais no Brasil e também na África, realizado em parceria com
Tatiana Devos Gentile. Através de residências artísticas, as mulheres são
convidadas a utilizarem as ferramentas audiovisuais para contarem suas
histórias e de suas comunidades. O projeto tem um vasto percurso de exposições
e intervenções; além da publicação de um livro. Laura Tamiana também é
responsável pelos projetos audiovisuais Céu e Terra e História: conta.
Trabalha desde 2017 em parceria com o contador de histórias
François Moïse Bamba, uma das maiores referências entre os contadores de
histórias da África do Oeste, dividindo a cena com o artista em suas
apresentações no Brasil, com uma tradução em forma artística e participações
nos cantos. Juntos, criaram Ba-kô Burkina Brasil, uma ponte cultural e
artística entre o Brasil e a África do Oeste, pela porta do Burkina Faso, com
ações culturais e artísticas nos dois países. Em 2020, Laura juntamente ao
artista pernambucano Helder Vasconcelos, representou o Brasil no Festival
Internacional dos Patrimônios Imateriais, realizado por Bamba no Burkina Faso.
E está selecionada para participar do evento RIAO – encontros da oralidade, no
Benin, em novembro de 2021, com intervenções musicais e uma oficina em torno
dos processos criativos.
Em parceria com Alba Cabral, cantora e multi-instrumentista
residente em Londres, criou As Pareias, um duo de intervenções musicais que se
apresentou no festival francês Fidé – Festival Internacional do Cinema
Emergente; e participou do show de sua banda Pé de Jurema, em Londres.
Participou do CD Sambador de Helder Vasconcelos, gravando vocais. Também junto
a Helder Vasconcelos, participa com vozes e percussões de apresentações e
bailes de forró em diversos locais desde 2007.
Em dezembro de 2020 iniciou a série audiovisual De canto a
canto, com o vídeo “Na voz das Yabás”, em torno dos cantos das mulheres da
Nação Xambá, contemplado no edital de emergência do SESC PE.
Serviço
Lançamento do álbum Lunar, de Laura Tamiana
Data: 30 de junho de 2021
Youtube: https://www.youtube.com/c/LauraTamiana
Inventivo: Lei Aldir Blanc, Pernambuco
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