A cantora Roberta Miranda volta à capital pernambucana
depois de mais de dez anos para grande show na cidade. A artista sobe ao palco
do Clube das Pás pela primeira vez, no dia 10 deste mês, a partir das 17h, com
o novo trabalho da carreira, intitulado “Os Tempos Mudaram”, em comemoração aos
30 anos de estrada. A abertura da casa fica a cargo da Orquestra das Pás.
O trabalho, composto por CD duplo e DVD, conta com sete
músicas inéditas mescladas a hits da carreira de Roberta e standarts do gênero
e foi gravado no ano passado, em março, no Dia Internacional da Mulher. Algumas
das novas canções presentes no álbum são “Os tempos mudaram” (nome que dá
título ao trabalho), “Abandono”, “O meu coração disse sim”, “Tempestade” e
“Manda um beijo para ela”, além dos grandes sucessos, como “A majestade, o
sabiá”, “Dói”, “Ainda ontem chorei de saudade”, “São tantas coisas” e “Vá com
Deus”.
Segundo Roberta, o álbum é mais que uma comemoração pelos 30
anos de carreira. “Ele é um documento do empoderamento feminino no universo da
música do campo”, afirma ela, que durante vinte e cinco anos de trajetória
musical reinou soberana como “Rainha do Sertanejo”, por não haver nenhuma
mulher que cantasse o gênero. “Durante 25 anos eu ficava ‘Cadê as mulheres
(cantoras)? Cadê?' e agora estamos celebrando essa invasão feminina",
finaliza ela. A gravação do álbum teve participações de convidadas da nova
geração, como Simone & Simaria, Solange Almeida, Naiara Azevedo, Maiara
& Maraisa, Day & Lara e Marília Mendonça. Após a sua apresentação nas
Pás, Roberta segue para show em São Luís, no Maranhão.
Os ingressos para a mesa e o camarote já esgotaram. As
entradas individuais limitadas custam R$ 100 (inteira) e R$ 50 (meia-entrada) e
estarão sendo comercializadas a partir da quinta (9), às 10h, na sede do clube.
O Clube Carnavalesco Misto das Pás fica na Rua Odorico Mendes, nº 263 - Campo
Grande, Recife. Mais informações pelo telefone (81) 3242-7522.
Serviço:
Roberta Miranda
Local: Clube das Pás, na Rua Odorico Mendes, nº 263 - Campo
Grande, Recife
10 de novembro | 17h
Ingressos limitados: R$ 100 (inteira) e R$ 50 (meia-entrada)
Informações: (81) 3242-7522
Minha História – por Roberta Miranda
Sou de João Pessoa, na Paraíba. Meus pais tinham três filhos
homens e queriam uma menina. Depois de 17 anos eu nasci, Maria Miranda. Quando
completei oito anos, a família veio tentar a sorte em São Paulo. Meus irmãos se
tornaram professores. Eu, concluído o curso colegial, pegava o violão e matava
as aulas do cursinho. Queria ser cantora. Apanhei. Fui quase interna, pois eles
sonhavam que a única filha fosse professora. Naquele tempo, violão, música e
vida noturna não eram o ideal de uma família como a nossa, que migrou para a
cidade mais rica do país.
Acontece que eu tinha um sonho e uma determinação. Eu queria
ser artista, compositora, cantora. Para isso, trabalhei arduamente por quatorze
anos em bares e casas noturnas e me tornei Roberta Miranda. Em São Miguel
Paulista, para onde viemos, descobri que Hermeto Paschoal morava na mesma rua. Fugia
para a casa dele e ficava quietinha vendo ele trabalhar. Mamãe ia me buscar,
pedia desculpas por eu estar incomodando, mas ele me salvava sempre, dizendo
que não atrapalhava em nada. Eu respirava fundo e seguia atrás do meu sonho.
Aos 16 anos, comecei a cantar em bares e acabei sendo contratada para abrir os
shows do Beco e do Jogral, em São Paulo, na época o reduto da Bossa Nova. Abri
show para Fafá de Belém, Rosemary e quem mais estivesse sendo dirigido por
Abelardo Figueiredo ou Augusto César Vanucci.
Eu queria cantar e compor loucamente e, se possível, ser
ouvida e entendida. Naturalmente, apareceu um empresário de conversa bonita,
dizendo gostar das minhas composições e pensando torná-las conhecidas. Fiquei
em êxtase, mas quando soube que o meu nome não seria citado, mas que ganharia
um bom dinheiro, objeto de extrema necessidade, o meu sonho falou mais alto:
não e não. Quero o meu nome aparecendo.
Continuei na minha vida de crooner, até que me aconselharam
a ter cuidado com a noite, porque termina por criar alguns vícios perigosos
para o canto. Parei por três anos. Enquanto isso, trabalhava como maquiador,
assistente de estúdio, qualquer coisa que me permitisse comer e compor. Fiz 400
composições e bicos que me aproximavam dos artistas, das gravadoras, para
oferecer as minhas músicas. Até que um dia mostrei “Majestade, o Sabiá”, numa
gravadora. Eles gostaram muito e resolveram gravar. Foi um super sucesso e Jair
Rodrigues vendeu quase um milhão de discos. Ainda não havia chegado a vez da
cantora Roberta Miranda, mas a compositora fora reconhecida. Era um começo,
pensei. Finalmente, gravei o meu primeiro disco. Eu tinha tanta sede, tanta
vontade de vencer que perguntei ao meu maestro, Nelson Oscar, quantos discos
teria que vender para que a gravadora me desse a oportunidade de gravar o
segundo disco. Ele falou: “Roberta, para você pagar todo o custo terá que
vender 5.000 cópias”. Eu pensei: “Vendo de porta em porta, vendo para minha
família, vendo para os meus amigos”, cheia de empolgação. De repente, lancei o
disco que tem a música “São tantas coisas”, como carro chefe. Viajei durante
oito meses por todo o Brasil divulgando o trabalho e um dia cheguei à fábrica
da gravadora Continental e vi um caminhão carregado de discos. Eu, na maior
simplicidade, cheia de curiosidade, comentei com o carregador: “Nossa, quantos
discos!...Quantos têm aí? E ele respondeu que eram 100.000 cópias. “Quem é o
artista?”, perguntei. “É tudo seu, Roberta Miranda”...Fiquei parada, levitando,
sentindo o chão fugir.
Depois de tanto me digladiar com o machismo, o venci às
custas do meu talento e do desafio de dizer uma frase de extrema simplicidade e
de grandes implicações. Não é fácil dizer EU QUERO. A mulher nasceu com todos
os requisitos para ser vencedora. Só precisa tomar conhecimento do valor que
representa a coragem de querer.
Logo no começo
Durante os 14 anos em que trabalhou como crooner nas casas
noturnas de São Paulo, Roberta Miranda esperava a oportunidade de gravar. E foi
conduzida por este sonho que ela impulsionou a sua carreira. Em sua história de
vida nunca faltaram lutas e desafios, situações que ela soube administrar e
transformá-las em conquistas marcantes. Roberta Miranda, portanto, deve ser
considerada uma vencedora, a partir de seu estilo inconfundível e da busca
incessante da qualidade em tudo o que faz. Seu público compreende este processo
e é exatamente para os seus milhões de admiradores que a cantora e compositora
continua a se mostrar inteira, procurando sempre se superar. Roberta Miranda
alcançou a marca de 22 milhões de discos vendidos.
Que lindo a sua História, merece muitas Palmas,grande cantora e compositora.
ResponderExcluir