sexta-feira, 9 de agosto de 2019

Conheça o som dos Embatucadores

Tem algo de encantador nas apresentações e nos sons produzidos pelos Embatucadores. Parece soar familiar, ao mesmo tempo que algo soa diferente em cada canto das músicas. Pode parecer uma bateria ou sintetizador, mas quase todos os instrumentos tocados pelos cinco integrantes são criados por eles mesmos a partir de sucata, lixo e do que vier pela frente. Opção artística? Não exatamente, criatividade e talento atiçados pela realidade social.

O Embatucadores começou como fruto de um projeto pedagógico e social, ganhou corpo artístico e agora apresenta o projeto Terra Brasilis, que anuncia o lançamento de 18 faixas instrumentais autorais e videoclipes, com repertório que reúne as músicas já tocadas nos shows e composições inéditas.  Coco Maduro é o primeiro single no ar nas plataformas de streaming, acompanhando por videoclipe.

O projeto Terra Brasilis mostrará pouco a pouco a variedade sonora do grupo, melódica e bastante percussiva, que vai da música eletrônica (só que orgânica) ao xote, passando por samba, rock, punk, coco, ambiente e indígena, tudo dentro de um contexto contemporâneo. Entre canos de PVC, baldes, garrafas, panelas, cabos de vassoura e latas: tudo é som, tudo faz música, e o quinteto segue este caminho inventivo, cheios de energia, humor e precisão.

Aliás, as músicas que melhor os definem são aquelas que o grupo performa enquanto toca. Os Embatucadores são performáticos e surpreendem também pela expressão corporal, com movimentos sincronizados e coreografados, que incluem o sapateado. 

O grupo foi formado em 2013 pelo músico e professor Rafael Rip, a partir de um projeto educacional que existe desde 2003 em uma escola pública na periferia da Zona Norte de São Paulo. Kaique Silva, Danilo Dantas, Edivaldo Guedes e Matheus Souza completam o quinteto que lança seus primeiros registros fonográficos após muitos anos de apresentações nos mais variados espaços, principalmente a rua.  

“A ideia principal é que os alunos-músicos descobrissem que música pode ser feita com qualquer coisa. Eu tenho esses canos, vou fazer música com eles. Só tenho latinhas ou colheres, então vou fazer música com isso. Eu tenho duas cordas de piano, então vamos amarrar aqui para criar um berimbau de duas tonalidades. A ideia fundamental do grupo é a de resolver problemas. E isso é algo que ajuda e muda muito a cabeça das crianças”, explica Rafael.

Todos sabem tocar todos os instrumentos e todos ajudam na montagem do espetáculo, na manutenção dos instrumentos, na proposição de ideias de músicas. Todos são protagonistas e autores do show, um processo constante de ensino-aprendizagem.

As referências do grupo são muitas, desde o americano Stomp (a performance teatral, o uso de instrumentos musicais retirados do lixo) até o paulistano Barbatuques (na percussão corporal), passando pelos mineiros do Uakti, o congolês Kokoko! e o mago da invenção sonora, Hermeto Pascoal.

Os Embatucadores buscam seguir o que seu nome sugere: deixar seus ouvintes e espectadores sem ação diante de tantos sons criados com instrumentos tão inusitados, como uma máquina de criar sons.

Nenhum comentário:

Postar um comentário