terça-feira, 16 de agosto de 2022

Fórum do Futuro lança série "10 Minutos no Futuro"



No primeiro episódio da série, o convidado Daniel Casagrande debate sobre seu capítulo no livro "As Tecnologias Sustentáveis que Vem dos Trópicos"

O Instituto Fórum do Futuro lança uma série intitulada “10 Minutos no Futuro”. Fazendo referência ao título, os capítulos tem duração aproximada de dez minutos, e tem como propósito disseminar através dos autores do livro  o conhecimento de como é possível, através da ciência e tecnologia,  desvendar novas formas de produção e consumo, a fim de preservar nosso planeta.

Essa é seguramente uma das questões mais debatidas no mundo da alimentação hoje em todo o mundo. As ciências tropicais desenvolveram tecnologias muito conhecidas capazes de reduzir drasticamente a emissão de gases de efeito estufa, que estão no centro do debate da transição climática.

Abrindo a temporada da série, o professor Daniel Casagrande, Doutor em Zootecnia pela Universidade Federal de Lavras e autor de um dos capítulos mais importantes do livro “As Tecnologias Sustentáveis que Vem do Trópicos”, discorreu sobre questões de sustentabilidade.

CasaGrande, durante entrevista ao Fórum do Futuro, foi questionado se é possível comer carne sem culpa. “É possível sim. Nós já temos avançado muito na mitigação dessas reduções de gases de efeito estufa pela nossa pecuária. Ainda temos muito a fazer, mas ainda não somos o principal vilão das emissões de gases. Então podemos comer carne sem a menor culpa que você não está prejudicando o meio ambiente”, justifica.

Durante o bate papo, o Doutor em Zootecnia explicou a distinção do potencial de intervenção em duas categorias, sendo uma na capacidade de mitigar ou reduzir a emissão de gases, e outra em neutralizar ou compensar. “Nós podemos trabalhar melhorando, modulando essa fermentação ruminal para reduzir as emissões, que mitigaria esse impacto diretamente lá no rúmen. E podemos trabalhar compensando por meio de outras estratégias, acumulando carbono no solo, acumulando carbono na biomassa para neutralizar esse efeito dos gases que vão ser emitidos. Não dá para zerar completamente a emissão de metano no ruminante, isso é impossível, mas os efeitos negativos podem ser neutralizados dentro da própria fazenda”, ponderou.

Sobre o aumento da oferta de carne vermelha, Casagrande acrescentou que é possível dobrar a produção de carne sem aumentar um único animal no rebanho. Este feito não só seria uma conquista na democratização alimentar na oferta de proteína animal, como, consequentemente, na redução dos preços, visto que, dado à tecnologia, amplia-se a oferta de carne vermelha sem interferir no número de animais.

Já na questão da agricultura regenerativa, Casagrande diz que tem que estocar a maior quantidade de carbono de CO2 no solo e o que for possível na biomassa, como na integração agricultura-pecuária-floresta. A parte florestal vai ter um grande componente de sequestro de CO2 na biomassa, já que o solo tem uma capacidade de estocar CO2 mais limitada.

Fernando Barros, diretor de comunicação estratégica do Forum do Futuro, explicou que em relação a tecnologia de produção desenvolvida em parceria com a Embrapa há cerca de 20 anos, são apenas 17 milhões de hectares de produção pecuária no Brasil. Dessa forma, o professor foi questionado como que se pode acelerar esse processo, já que os impactos são mínimos na natureza. “Por meio de iniciativas como o Fórum do Futuro, e por outras iniciativas a fim de levar conhecimento ao produtor, porque esse é um sistema que garante não só a melhoria ambiental, mas sim a rentabilidade da atividade ao produtor rural. Ela já vai pagar o investimento que vai ter, ele vai ganhar mais dinheiro e ainda vai prestar serviços ao meio ambiente. Então, tecnologias como ILPF, uso de pastos consorciados com leguminosas que fixam nitrogênio, rotação de cultura, são todas as tecnologias que, além do impacto ambiental positivo, têm um impacto econômico. É muito vantajoso em relação ao processo tradicional de cultivo”.

Ponderando, Barros explica que todas as ações são ganhos em melhoria de eficiência do sistema produtivo, com impacto positivo econômico na produção de alimentos e em relação ao meio ambiente. Para finalizar, Casagrande diz que “não podemos falar que estamos 100% perfeitos, ainda temos o que melhorar. Temos que trabalhar e acelerar os processos de transferência a esse produtor, fazer com que eles realmente adotem esses sistemas mais eficientes em suas propriedades. Acho que esse é o nosso desafio para os próximos três, quatro, cinco anos, para se fazer no Brasil, para a gente conseguir cumprir a meta de 2030 de mitigação de gases”, encerra.

Sobre o Instituto Fórum do Futuro

 é um grupo de reflexão independente, voltado para o debate de questões estruturantes da sociedade brasileira, a partir da perspectiva do desenvolvimento sustentável.

www.forumdofuturo.org

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