Mesmo com a confiança do empresário industrial em ascensão, o ano de 2021 será desafiador para o segmento. Isso porque, mesmo que haja uma solução para a imunização contra a Covid-19, especialistas avaliam que as dificuldades ainda terão ressonância por todo o ano. O fim do auxílio emergencial deve impactar a população e, consequentemente, o setor produtivo. A maior expectativa, portanto, está na aprovação das reformas administrativa e tributária, que darão o tom e podem, se aprovadas, ser essenciais para a economia sair do cenário de recessão.
De acordo com o presidente da Federação das Indústrias do
Estado de Pernambuco (FIEPE), Ricardo Essinger, a recuperação está em
andamento, mas o crescimento econômico no terceiro e quarto trimestres não
serão suficientes para salvar este ano. O resultado do PIB do Brasil deve cair
4,3% na comparação com 2019, enquanto que o PIB industrial, 3,5%. A queda do
PIB projetada em 2020 ficou muito próxima à prevista no cenário base do
primeiro Informe Conjuntural do ano, de maio. Em 2021, a expectativa é de
crescimento de 4,0% do PIB e de 4,4% do PIB industrial – números que poderão
ser revisados ao longo do próximo ano.
Estes dados foram divulgados recentemente pela Confederação
Nacional da Indústria (CNI), que, além desses entraves, trouxe informações da
dívida pública com relação ao PIB, que passou de 75,8%, em 2019, para 92,8%, em
2020, com oscilação para 92,6%, em 2021. “Será necessário equilibrar as contas
públicas e atrair investidores que aceitem o risco do País. Para elevar a
confiança dos investidores será necessário consolidar a reforma trabalhista e
tirar do papel algumas reformas estruturantes, como as reformas administrativa
e tributária, além do pacto federativo e as privatizações”, ressaltou Essinger.
No âmbito estadual, a expectativa é que a Produção
Industrial encerre 2020 com saldo positivo, já que o desempenho de Pernambuco
vem sendo bom com uma alta de 2,4% no acumulado do ano, muito em razão da
demanda reprimida. O resultado mais recente, de outubro, também foi positivo,
de 7,2%. A confiança dos empresários do segmento industrial também vem dando
sinais de melhora, atingindo a marca de 58,9 pontos em dezembro, mas ainda
permanece abaixo do apresentado antes da pandemia, em fevereiro deste ano,
quando a confiança atingiu 62,3 pontos.
Embora as indústrias de Pernambuco venham reagindo com
estabilidade dentro do cenário de crise, existe uma preocupação em torno do
fechamento dos pontos de trabalho. O Estado perdeu quase 15 mil postos de
emprego entre janeiro e outubro de 2020. No Brasil, foram mais de 170 mil. A
taxa de desocupação pernambucana ficou em 18,8% no terceiro trimestre deste
ano, se configurando como um dos estados com a taxa mais alta do País, atrás
apenas da Bahia, de Sergipe, de Alagoas e do Rio de Janeiro. O Brasil está
quase com 15%.
“Esse cenário é sinal de alerta, pois sem renda as pessoas
deixam de consumir e o setor poderá, mais uma vez, ser penalizado sem ter como
escoar os seus estoques”, relembrou o presidente da FIEPE. No começo do
isolamento social, boa parte das empresas ficou sem vender e, com a retomada,
foram pegas de surpresa pela demanda represada e, naturalmente, pelo aumento
dos insumos por conta do efeito do dólar”, concluiu Essinger, reforçando que
uma segunda onda do coronavírus penalizaria, além das vidas, drasticamente o
setor.
A CNI projeta ainda que a dificuldade de se obter insumos
deverá terminar no segundo trimestre de 2021, assim como a pressão sobre os
preços, como resultado tanto da valorização do real, como da reorganização das
cadeias produtivas.
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