Administrado pelo casal de atores Nicette Bruno e Paulo Goulart por duas décadas, o teatro Paiol Cultural, no centro de São Paulo, não sobreviveu à pandemia.
O local, que há dois anos era gerenciado pelos produtores
culturais Rodrigo e Ronaldo Ciambroni, foi devolvido à imobiliária em junho,
como revelou uma reportagem publicada pela Folha de S.Paulo.
Nicette Bruno, morta neste domingo (20) aos 87 anos por
complicações do coronavírus, conta um pouco da sua relação com o local num
depoimento do livro "Tudo em Família", da coleção Aplauso Perfil.
Num dos capítulos, ela afirma que o período em que ela e o
marido, Paulo Goulart, administraram o Paiol "colaborou para que a família
permanecesse ainda mais unida". Foi lá, por exemplo, que seu filho caçula,
Paulo Goulart Filho, estreou nos palcos, aos 15 anos, numa montagem de
"Dona Rosita, a Solteira", de Federico García Lorca. E que Nicette
encenou "Mãos ao Alto", peça escrita por Paulo Goulart com base num
assassinato que ela sofreu.
"Só desistimos do Paiol porque não é fácil manter um
teatro no Brasil", escreve Nicette no livro. Ela diz ainda que as artes
cênicas acabaram perdendo espaço tanto na mídia quanto entre o público no país.
"O brasileiro infelizmente não tem o hábito de ir ao teatro. Ele acha que
é supérfluo, o que resulta na total falta de preparação do cidadão",
conclui.
Depois que a família Goulart abandonou o Paiol, nos anos
1990, ele foi transformado num cinema pornô. Em 2012, estava prestes a virar um
estacionamento quando o ator Marcelo Mendes decidiu alugar o espaço e
reformá-lo, tornando-o o primeiro teatro ecologicamente sustentável do país.
Mendes administrou o Paiol até 2017, mas sem incentivos,
também acabou devolvendo o teatro. Foi assim que os Ciambroni assumiram a
gestão do lugar em 2018, mudando o seu nome para Paiol Cultural.
Outro palco em São Paulo ligado à família de Nicette Bruno
fechou nos últimos tempos. O Teatro Augusta, na rua homônima, batizou uma das
suas salas em honra ao ator Paulo Goulart em 2015, um ano depois da morte do
ator. Há pouco mais de dois anos, ele encerrou as portas por causa da falta de
patrocínio.
Tiago Pessoa, que administrava o espaço ao lado de Luciana
Garcia, diz que o imóvel foi completamente esvaziado, e que seu proprietário
não tem intenção de que ele volte a funcionar como um teatro.
Fonte: Folhapress
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