Como um personagem inspirado no cinema sci-fi vintage, um
homem crustáceo que surge das profundezas manipulando som, imagem e tecnologia.
Craca reúne suas principais linguagens de trabalho e suas múltiplas referências
sonoras étnicas para apresentar seu primeiro disco solo: Traquitana
Audiovisual.
A sonoridade do disco funde gêneros brasileiros e
afro-latinos em bases eletrônicas dançantes. Oito faixas híbridas em timbres e
batidas, três delas não exatamente cantadas, mas faladas. O músico, produtor
musical, artista visual e DJ adotou o spoken word inevitavelmente influenciado
pelas suas principais parceiras, a MC Dani Nega e a compositora Sandra-X. As
letras exploram reflexões sócio-política inspiradas pelas circunstâncias
atuais. Uma delas, a faixa Latinos, vem com vocal em espanhol. As demais faixas
são instrumentais.
"Esse disco é pra ser dançado. É pra servir de trilha
sonora para uma viagem. É pra assistir ao vivo junto com as vídeo projeções.
Foi cozido num caldeirão repleto de temperos étnicos terceiro-mundistas, em
especial latino americanos. Tem guitarrada, cumbia, samba, funk mas tem também
algo das veias abertas dos índios e dos negros em suas letras. Tem uma visão
para dentro. América do sul. Pois afinal somos todos latinos", explica o
músico.
O tempero brasileiro presente ao longo do álbum é variado. É
um brasil seco, quente, de vegetação baixa, retorcida e espinhenta. É um
nordeste com tempero de guitarrada. Um sobrevoo por essa geografia que nos é
tão familiar. O Brasil é um caldeirão de especiarias.
O disco é uma porta de entrada para o espetáculo audiovisual
homônimo, onde Craca une sua música ao videomapping e a outros recursos
tecnológicos. Apresentações visualmente maximalistas que frequentemente
extrapolam os limites do palco e invadem toda a arquitetura do espaço. Como ele
mesmo resume, "Um caudaloso rio de som e imagem hi tech lo fi que
liquefazem a concretude estrutural da engenharia botando-a para dançar junto
com o público".
Na capa, Craca também usou artifícios tecnológicos. A arte
foi criada a partir da associação de duas imagens por um sistema de
reconhecimento de padrões semelhantes, entre o rosto de Craca e crustáceos.
Inteligência artificial usada para reconhecimento facial com intenção de gerar
um híbrido homem-crustáceo, o personagem adotado pelo artista.
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