terça-feira, 16 de julho de 2024

Jéssica Ellen é a capa da Glamour Brasil digital de julho

 


Créditos foto: Hugo Toni

Mutilfacetada, – atriz, cantora, compositora e bailarina – Jéssica Ellen sempre soube que sua vocação estava na arte, desde muito novinha. Com mais de 15 anos carreira, estrela pela primeira vez uma protagonista na próxima novela das 19h na TV Globo, “Volta por Cima”. Esse também é seu primeiro grande projeto pós maternidade – ela é mãe de Máli Dayo, de um 1 ano e seis meses.

Jéssica Ellen também estrela da capa da Glamour digital de julho, onde aborda sobre seu retorno para as telinhas, puerpério, maternidade, amor-próprio, o lançamento de seu terceiro álbum, fé, ancestralidade, saúde mental, inspirações, novos projetos e muito mais.


Confira abaixo os principais highlights do papo: 


Glamour: Acredita que o mercado esteja mais representativo?


Jéssica Ellen: A indústria gosta de dinheiro. O que movimenta o mundo é o capital. A população preta já vem há um tempo se comunicando de diversas formas. Não assistir a um conteúdo porque não se identifica é uma forma de comunicação e a internet deu uma horizontalizada nos diálogos de uma maneira muito drástica. A televisão tem 74 anos, em quantos desses as produções foram protagonizadas por pessoas negras? São pouquíssimas e, quando tem, são abordadas de uma maneira não tão realista. A indústria está entendendo que também tem que se reinventar e não acho que seja uma coisa forçada, para inglês ver. Hoje em dia, vejo muitas outras atrizes negras protagonizando projetos dentro e fora da Globo. Os streamings, nesse sentido, já estavam um passinho à frente da TV. Estamos começando a caminhar, mas não acho que tenhamos chegado ao nosso auge.


 


Glamour: O que você gostaria de ver na TV?


Jéssica Ellen: Enquanto não tivermos uma mulher trans ou um homem trans protagonizando uma novela, ainda estaremos no caminho. Não só isso, quantas atrizes indígenas temos como protagonistas? Temos uma visão muito equivocada de que o indígena ainda vive numa oca. Essas pessoas estão no mundo, à frente de projetos, na política... É um olhar antigo sobre os nossos corpos e nossas narrativas. Estamos num caminho muito otimista, mas ainda longe de ser o ideal.


 


Glamour: Hoje, as religiões de matriz africana estão crescendo em popularidade, principalmente entre as classes média e alta. Como você vê essa ascensão?


Jéssica Ellen: As pessoas estão entendendo cada vez mais que ninguém é uma coisa só. Não existe um modelo de família, de relacionamento, de identidade e de religião. Espero que elas realmente estejam conectadas à beleza que essas religiões propagam e não só por estar numa modinha. Ser do candomblé ou da umbanda é falar sobre a importância de cuidar da natureza, do que foi dado para a gente de graça. Não é só usar branco porque é sexta-feira ou pensar: ‘Se gosto de mar, então, sou de Iemanjá.’ A gente ouve cada coisa... A gente vive à margem ainda, né? Pessoas eram perseguidas por louvarem seus orixás, os tambores eram apreendidos por serem sinônimos de vagabundagem. O samba e a capoeira mesmo já foram considerados crimes. Se essa parte cultural está chegando nas classes altas, é porque as pessoas estão reconhecendo a sua importância.


 


Glamour: Você costuma ser discreta nas redes sociais. Como foi a decisão de não expor o Máli nas redes?


Jéssica Ellen: Como pessoa pública, posso falar de tantas outras coisas mais interessantes do que a minha vida privada. ‘Ah, mas as pessoas querem saber...’ Problema das pessoas! Eu não vou mostrar meu filho. Ele é só um bebê de 1 ano e seis meses. Ele não sabe que eu sou atriz. Quando ele crescer e entender o que é meu trabalho, o que é exposição e fama, aí será uma escolha dele ser exposto ou não. Como mãe, só posso garantir que ele tenha uma infância segura e feliz e uma vida privada livre para ser só criança e não o filho de fulano e fulano.

Nenhum comentário:

Postar um comentário