Entre os lutos não reconhecidos, temos como exemplo: mulheres que passam por abortos, transições de vida, como uma aposentadoria, a morte de um parceiro de uma relação extraconjugal, perda de saúde, de expectativas e sonhos, ou um tutor que perde um animal de estimação. Pessoas que vivenciam esses momentos quase sempre enfrentam um sofrimento silencioso, agravado pela falta de compreensão e empatia da sociedade, dificultando ainda mais o processo que estão vivendo.
Segundo Simône Lira, psicóloga especialista em luto do Morada da Paz, não existem lutos maiores ou menores. “Por mais que tentemos mensurar a dor do outro, nunca saberemos do que se trata, porque estamos falando de vínculos, sentidos e significados atribuídos à experiências existenciais que são do outro. Só quem sente a dor é que pode falar sobre ela. A nós, cabe acolher e validar sustentando o cuidado de forma empática. Dor não se hierarquiza, dor se acolhe. O luto não reconhecido é o maior grito de uma sociedade que deixa muito a desejar quando falamos de acolhimento e empatia,” analisa.
Essa invalidação muitas vezes tende a ser dolorosa para o enlutado. Simône explica ainda que o silenciamento pode gerar um agravamento ainda maior da situação. “A ausência de validação e possibilidade de expressão das reações advindas do luto pode gerar complicações por haver uma sobreposição de dores. O enlutado pode se sentir fraco e incapaz emocionalmente de lidar com as perdas,” detalha.
A especialista aconselha que os enlutados busquem formas de viver o processo de maneira alternativa. Por exemplo, quem foi impedido de comparecer a uma cerimônia fúnebre de alguém que ama pode realizar algo simbólico, que faça sentido para a pessoa enlutada.
Além disso, é importante buscar locais onde os enlutados sintam que a sua dor será validada. “Grupos de apoio mediados por profissionais especializados em luto podem ser uma excelente opção para partilhas entre pessoas enlutadas, facilitando a expressão das reações de luto e validação do mesmo,” finaliza a especialista.
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