Fotos: Filippo Bamberghi
Na reportagem, que é destaque da capa de Casa Vogue, Rodrigo ressalta que, apesar do sistema ser industrial, foi possível imprimir seu estilo arquitetônico, marcado pela racionalidade, pelas curvas e pelas cores. “Fui procurado pelo pessoal da SysHaus, que já havia feito contato com meu pai”, conta Rodrigo. “A construtora, especializada em sistemas industrializados, veio com uma proposta, quase uma provocação: nos chamaram para projetar a minha casa e, a partir dela, uma linha de residências modulares com o DNA do Ohtake Arquitetura e Design.”
A proposta foi aceita sem hesitação. “Aprendi com meu pai [Ruy Ohtake] a gostar dos desafios, a ter uma relação mutuamente instigante com os fornecedores, com a indústria. Só assim a arquitetura e os sistemas construtivos evoluem e, quem sabe, com o tempo, teremos moradia de qualidade e acessível, nada a ver com os antigos pré-fabricados”, conta Rodrigo, a respeito das motivações que o levaram a se lançar na empreitada.
A forma básica da casa, um volume metálico medindo 3,20 x 6 m, é suficiente para compor suítes confortáveis – e compatível com o transporte em caminhões comuns. Telhas autoportantes (que dispensam pilares e vigas em intervalos curtos) também foram pinçadas do portfólio da SysHaus, por viabilizarem ambientes grandes, livres de apoios. Caixilhos de alumínio generosos, com vidro fixo ou de correr, somaram-se aos planos de Rodrigo, que imaginava espaços amplos e integrados, assim como chapas de aço perfuradas, ideais para dosar privacidade e transparência nos interiores, desenhando uma releitura contemporânea do muxarabi.
Rodrigo ressalta ainda a importância da criação coletiva, processo de trabalho que deu voz a todos da sede paulistana do escritório, chamados a participar e opinar – do estagiário à secretária, assistente dos Ohtake há décadas. “Implantar esse método foi um exercício de desprendimento para mim, pois tira o arquiteto da posição de pretensa superioridade. Não à toa, tudo que fazemos aqui leva a assinatura do escritório, e não a minha”, continua ele, enfatizando o valor do resultado obtido a muitas mãos.
O projeto ainda teve a participação de vários outros envolvidos. A começar pela mulher de Rodrigo, a jornalista e curadora de arte Ana Carolina Ralston, responsável pela escolha das obras que adornam a nova residência da família. Manter várias paredes – em vez de vidro por todo lado, por exemplo – foi demanda dela, que pretendia posicionar suas peças favoritas à frente de um fundo neutro. Acabamentos e detalhes também passaram pelo crivo de Ana Carolina, até a construção alcançar o equilíbrio almejado entre indústria, arte, natureza e arquitetura.
Após seis meses de desenvolvimento, estava pronta a linha de casas com bom desempenho termoacústico e grande durabilidade – além da marca Ohtake, claro. São várias opções para customização, com até cinco suítes, e a ideia é prescindir de arquiteto e engenheiro no processo.
Em paralelo, o refúgio da família ganhou forma, cores, mesclou-se à vegetação do entorno e se encheu de vida com a presença das crianças e dos cachorros. De um lado, a arquitetura e a construção cumpriram sua missão; de outro, a arte e a natureza tornaram a existência mais suave e menos penosa, como preconiza Rodrigo.
Confira o conteúdo completo na Casa Vogue de julho, já disponível em versão digital e nas melhores bancas do país.
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