A escrita sempre foi presente em sua vida, mas em entrevista a poetisa conta que o primeiro livro nasceu de forma um tanto espontânea, num fluxo natural e sincero. Confira:
1. Escrever sobre si mesmo nem sempre é uma experiência confortável. Como foi para você o processo de escrita de seu primeiro livro, com tantos traços autobiográficos?
Meu primeiro livro foi um trabalho muito inconsciente. Não sei até que ponto eu consigo responder à pergunta porque escrever até então era apenas uma ferramenta terapêutica. Eu não tinha medo nem vergonha, porque não sabia que estava escrevendo um livro. Essa inconsciência talvez seja o que tenha tornado a obra tão honesta, tão visceral. A dor e o desconforto são quase palpáveis.
2. A poeta contemporânea Rupi Kaur é uma de suas inspirações. Como ela, você acredita no poder da cura pela escrita?
Eu acredito nos poderes das artes. Acho que a arte não só cura, mas também te dá prazer de viver.
3. Pretende escrever outros livros também autobiográficos? Pode dar um spoiler para os leitores sobre possíveis temas que você abordaria?
Arrisco dizer que seja impossível, enquanto autor, se distanciar tanto dos próprios textos que eles não sejam nem um pouquinho sobre si mesmo. Gosto do termo “autoficção” e é por esse caminho que eu sigo no meu próximo livro. Meu tema favorito é o amor romântico e acho que ainda tenho muito a dizer sobre.
4. Seu avô tem grande influência em seu gosto pela leitura e pela escrita. A escolha por escrever poesias, especificamente, veio da leitura dos trabalhos dele? Você tem vontade de seguir escrevendo poemas ou pretende também se aventurar na escrita de outros gêneros?
A influência do meu avô no meu trabalho vai além do profissional, está no sangue. Não acho que escrever poesias foi uma escolha consciente, tanto que hoje estou me arriscando em outros gêneros, como a crônica. De uma forma ou de outra, acredito que teria chegado à poesia, mas admito que esse primeiro contato na escrita de Até minha terapeuta sente falta de você foi quase automático.
5. A poesia contemporânea dá muitas possibilidades ao autor. Por que decidiu utilizar inícios de frases em letras minúsculas e pontos finais em seus poemas? Há algum significado especial nessas escolhas, que possa compartilhar?
O ponto final foi uma coisa pela qual eu lutei durante a edição do livro. Sinto que a formação em jornalismo me tornou uma poeta mais rígida. O ponto final para mim é um lugar de respiro e esse livro exigia isso. A escolha pelas letras minúsculas foi uma tentativa de lutar contra essa rigidez e, esteticamente falando, acho mais bonito dentro da métrica do poema.
6. Você estudou nos Estados Unidos. Há intenção de traduzir a obra atual ou escrever outras diretamente na língua inglesa?
Tenho planos de traduzir este primeiro livro em 2024. Entretanto, meu primeiro contato com a poesia na escrita veio depois da minha formação no exterior, onde eu escrevia matérias para jornais e revistas, então escrever poesia em inglês é algo que ainda não tive o desejo de fazer.
7. Tem algum novo projeto em vista? Se sim, pode contar um pouco sobre ele?
Meu segundo livro, também de poesia, será lançado em breve. Junto a ele pretendo retomar um projeto audiovisual que iniciei anos atrás. Misturar literatura com cinema é meu hobby favorito e os leitores podem esperar muito isso de mim no futuro.
Sobre a autora: Elisa Marques é goiana, nascida em 1994 e cresceu em Goiânia. Estudou Jornalismo e Psicologia nos Estados Unidos e atualmente divide seu tempo entre literatura e cinema, sendo também roteirista e diretora. Desenvolveu o gosto pela leitura e pela escrita inspirada pelas obras de seu falecido avô, a primeira referência que teve de escritor. “Até minha terapeuta sente falta de você” é o primeiro livro da autora, que traz sentimentos profundos sobre fins de relacionamentos divididos em 72 poemas com tom melancólico e contemporâneo.
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