O acordo firmado entre o
Mercosul e a União Europeia, na última sexta-feira (28), criou a
maior área de livre comércio do mundo. Juntos, os dois blocos
movimentam U$ 17 trilhões em Produto Interno Bruto (PIB).
Reivindicação antiga dos produtores do Vale do São Francisco, a
retirada de impostos sobre os produtos agrícolas permitirá, por
exemplo, que a uva de mesa produzida na região entre na Europa com
tarifa zero.
Os exportadores do São
Francisco também terão maior acesso à União Europeia por meio de
quotas – para açúcar e etanol –, além do reconhecimento de
produtos brasileiros diferenciados, como o vinho. Em Petrolina (PE),
onde recebeu os detalhes das negociações, o presidente do Sindicato
dos Produtores Rurais (SPR), Jailson Lira, destacou que o Vale vai se
posicionar melhor no mercado internacional.
“Alguns países que
concorrem conosco na mesma época de produção de frutas, como
Estados Unidos, Chile, Peru e África do Sul, não têm a incidência
de taxas da União Europeia. Então, esse acordo é histórico para
nós porque coloca Petrolina e o Vale do São Francisco em pé de
igualdade com esses competidores, uma vez que respondemos por 98% das
exportações de uvas de mesa e 95% de mangas do país”, avalia o
representante dos produtores do segmento que gera 100 mil empregos
diretos e movimenta anualmente cerca de U$ 3,8 milhões.
Denominado como “Import
Duty”, o imposto sobre importações da UE – que hoje varia entre
4% e 14% da fruta comercializada pela região do São Francisco –
só será eliminado após aprovação do acordo por todos os
parlamentos do bloco europeu. E, embora a previsão seja de que o
processo leve dois anos, o setor agrícola do Vale já comemora.
Segundo Jailson Lira, as exportações brasileiras de frutas
movimentam hoje U$ 800 milhões, dos quais 60% em acordos comerciais
com o bloco europeu com destaque para os mercados da Inglaterra,
Holanda, Alemanha, Irlanda e Dinamarca.
“Consideramos esse
acordo um avanço significativo no nosso caixa para os próximos
anos. Com a mudança iremos pagar menos impostos e diminuir os custos
com a produção”, afirma ele. De acordo com o Ministério da
Economia e o Itamaraty, quando considerado os demais segmentos
produtivos alcançados com o acordo para o Brasil, o saldo positivo é
ainda maior, de U$ 125 bilhões em 15 anos.
A celebração do acordo
elevou os ânimos dos fruticultores e do presidente do Sindicato dos
Produtores Rurais de Petrolina, que ressaltou o esforço político de
ministros, senadores e deputados. “Estamos extremamente satisfeitos
com essa possibilidade e somos gratos aos políticos que atuaram
conosco, como o senador Fernando Bezerra Coelho; o deputado federal,
Fernando Filho; o prefeito Miguel Coelho; que ainda recentemente
trouxeram para a região o presidente da República e a ministra da
Agricultura para uma conversa conosco, e essa [celebração do
acordo] foi uma das solicitações mais firmes que fizemos”,
conclui Lira.
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