Os meninos e meninas selecionados em Pernambuco residem no Coque, bairro com um dos piores índices de desenvolvimento humano da capital, e em Camela, distrito modesto da cidade de Ipojuca, na Região Metropolitana. Encontraram no aprendizado da música uma brecha social para reduzir o risco de violências, crime, abandono, indiferença pública, falta de perspectivas comum a crianças e adolescentes da mesma faixa etária em localidades pobres. O grupo será acompanhado de cerca de 30 instrumentistas russos, ucranianos e italianos, em um mosaico sonoro montado para dotar o repertório do concerto da mesma pujança transformadora da música nas próprias vidas.
Os meninos e meninas selecionados em Pernambuco residem no Coque, bairro com um dos piores índices de desenvolvimento humano da capital, e em Camela, distrito modesto da cidade de Ipojuca, na Região Metropolitana. Encontraram no aprendizado da música uma brecha social para reduzir o risco de violências, crime, abandono, indiferença pública, falta de perspectivas comum a crianças e adolescentes da mesma faixa etária em localidades pobres. O grupo será acompanhado de cerca de 30 instrumentistas russos, ucranianos e italianos, em um mosaico sonoro montado para dotar o repertório do concerto da mesma pujança transformadora da música nas próprias vidas.
A comitiva brasileira é formada por jovens de 14 a 21 anos oriundos de famílias em más condições socioeconômicas. Do garoto cujo irmão morreu assassinado pelo tráfico à violonista filha de pais ambulantes no metrô e à violinista alçada a esteio da família, os músicos enfrentam uma realidade cotidiana marcada tanto pelo desamparo social quanto pelas dificuldades cotidianas em virtude, sobretudo, da pobreza.
São adolescentes e jovens à espera de uma redenção por meio da música a exemplo da trajetória bem-sucedida de um dos ex-colegas do grupo e hoje integrante da Orquestra Filarmônica de Israel, Antonino Tertuliano. Convidado para se juntar à comitiva em Roma, ele faz mestrado em Munique, na Alemanha, e o Recife após convite da Sinfônica de Goiânia.
Na Orquestra Cidadã, os alunos recebem não somente aulas de instrumentos de cordas, sopros e percussão, teoria musical, flauta doce e canto coral, mas também apoio pedagógico, atendimento psicológico, médico e odontológico, aulas de inclusão digital, três refeições por dia e fardamento. Há ainda bolsas para monitores.
Dos 700 jovens atendidos ao longo dos 18 anos do projeto, vários seguiram a carreira artística, optaram por cursar faculdade de música ou obtiveram ajuda para ingressar no mercado de trabalho através de um programa de aprendizagem profissional, além de poderem se especializar nas funções de luthier e archetier, ou seja, construtores de instrumentos e de arcos de madeira para instrumentos de corda.
O CONCERTO
O repertório escolhido por José Renato Accioly, Lanfranco Marcelletti Jr., aos quais caberá a regência dos concertos, e por Guilherme Teixeira, com sugestões da Fondazione Calvasassi, conta com representantes de todos os países envolvidos. Em homenagem aos cidadãos cujas histórias de vida estão sendo abaladas diretamente pelo conflito, figuram o russo Sergei Rachmaninov e o ucraniano Mykola Leontovich. O italiano Antonio Vivaldi e o argentino Astor Piazzolla, em tributo ao papa, também foram selecionados. Do Brasil, aparecem Heitor Villa-Lobos, Ary Barroso e o pernambucano de Caruaru Clóvis Pereira, atualmente com 93 anos, de quem foram escolhidas as “Três peças nordestinas”, importante produção musical do Movimento Armorial.
Dois pontos altos do concerto devem ser quando musicistas russos e ucranianos ficam frente à frente para momentos solo. O primeiro com um violinista de cada país na ária “Erbarme dich, mein Gott”, parte do oratório “Paixão segundo São Mateus, BWV 244”, do alemão Johann Sebastian Bach. No encerramento, um quarteto formado por integrantes dos países em guerra executarão o famoso tango “Por una cabeza”, do francês radicado na Argentina Carlos Gardel com Alfredo Le Pera.
Apesar de ser a primeira experiência internacional de alguns integrantes, a Orquestra Criança Cidadã já acumula no currículo apresentações nacionais e internacionais, em países como Alemanha, Portugal, Estados Unidos, Itália, Argentina, China e Israel. Os convites são respaldados pela qualidade artística do grupo e pelo alcance do trabalho de responsabilidade social do projeto gerido pela Associação Beneficente Criança Cidadã (ABCC), presidida por Myrna Targino.
Idealizada em 2006 pelo juiz João José Rocha Targino em parceria com o maestro Cussy de Almeida (1936-2010) e o desembargador Nildo Nery dos Santos (1934-2018), a Orquestra Criança Cidadã é mantida através de doações e é aprovada na Lei de Incentivo à Cultura do Ministério da Cultura, com patrocínio da Caixa Econômica Federal e do Governo Federal.
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