“Eu era bem garoto quando a música fez sucesso e gostava desse samba, considerava muito bonito e me identifiquei imediatamente. Achava curioso ser do Ataulpho Alves Júnior, filho do Ataulfo Alves. Na minha cabeça, apesar de muito criança, já fazia essa analogia de ver o filho de um grande compositor e cantor fazendo sucesso. Então é uma música que sempre gostei e que canto desde quando eu era pequeno. Acho que ela contribuiu e me fez refletir sobre a possibilidade de também seguir a profissão do meu pai”, revela Simoninha.
Entre analogias, coincidências e curiosidades familiares, a regravação de ‘Os Meninos da Mangueira’ veio de um convite feito pelo cantor, compositor, produtor e diretor musical Max de Castro, irmão de Simoninha, ambos filhos de Wilson Simonal. Max, que é o produtor musical de “Mussum - O Filmis”, de imediato pensou em Simoninha para interpretar a canção.
“A escolha da música no longa-metragem já estava estabelecida no roteiro, sobretudo porque o filme inicia com um plano sequência do Mussum pelos morros da Mangueira, ainda criança. Assim que soube dessa canção de abertura, foi inevitável pensar em Simoninha, pela sinergia que ele tem com esse samba e por ele ser esse grande intérprete”, conta Max.
Simoninha completa: “Eu busquei fazer uma interpretação muito limpa, no sentido de não utilizar de melismas, respeitando muito a interpretação do Ataulpho Alves Júnior. E também com a Mangueira, com o próprio Cartola, que tinha uma forma muito elegante de interpretar suas canções. Busquei trazer toda a elegância que Ataulpho e os grandes intérpretes da Mangueira carregam”.
“‘Os Meninos da Mangueira’ é temporal dentro do filme. Embora ela esteja na abertura do longa, pela sua força e conteúdo, a letra retrata com maestria a infância do Mussum. E a escolha dos instrumentos e o arranjo pediam essa relação do samba raiz, não poderia ser algo moderno. É uma canção que está sonorizando o retrato de uma época e acompanha essa viagem no tempo”, explica Max de Castro, que ganhou com ‘Mussum – O Filmis’ o Kikito de Melhor Trilha Sonora no Festival de Cinema de Gramado 2023.
Sobre o arranjo e produção musical da canção, Max completa: “Eu optei pela formação dos antigos conjuntos de samba, vindos muito antes dos avanços da indústria fonográfica, ou seja, os instrumentos básicos do samba, que são o pandeiro, a cuíca, o tam-tam, o tamborim, o surdo, o cavaquinho e o violão de sete cordas. São elementos que derivaram do chorinho. Foi a partir dessa formação instrumental que se desenvolveu toda a história do samba, toda a riqueza desse gênero musical que conhecemos hoje”.
Mussum - O Filmis
Dirigido por Silvio Guindane, ‘Mussum - O Filmis’ foi o grande vencedor do Festival de Cinema de Gramado 2023. Levou seis prêmios do júri oficial: Melhor Filme, Melhor Ator para Ailton Graça (que vive o personagem na maturidade), Melhor Ator Coadjuvante para Yuri Marçal (que vive Mussum quando jovem), Melhor Trilha (assinada por Max de Castro), Menção Honrosa para o maquiador Martin Macias Trujillo, além do Prêmio do Público, totalizando sete prêmios. O longa conta a história de Antônio Carlos Bernardes, o Mussum, um dos maiores humoristas, mas também um dos grandes sambistas brasileiros para além do personagem que marcou época na TV.
Confira abaixo a letra de “Os Meninos da Mangueira”
Composição de Rildo Hora e Sérgio Cabral
Um menino da Mangueira
Recebeu pelo Natal
Um pandeiro e uma cuíca
Que lhe deu papai Noel
Um mulato sarará
Primo irmão de dona Zica
E o menino da Mangueira
Foi correndo organizar
Uma linda bateria
Carnaval já vem chegando
E tem gente batucando
São meninos da Mangueira
Carlos Cachaça, o menestrel
Mestre Cartola, o bacharel
Seu delegado, um dançarino,
Faz coisas que aprendeu
Com Marcelino
E a velha-guarda
Se une aos meninos lá na passarela
Abram alas que vem ela
A Mangueira toda bela
Um menino da Mangueira
Recebeu pelo Natal
Um pandeiro e uma cuíca
Que lhe deu papai Noel
Um mulato sarará
Primo irmão de dona Zica
E o menino da Mangueira
Foi correndo organizar
Uma linda bateria
Carnaval já vem chegando
E tem gente batucando
São meninos da Mangueira
Ô pandeirinho, cadê Xangô
Ô preto rico, chama o sinhô
E dona Neuma, maravilhosa
É a primeira mulher da verde rosa
E onde é que se juntam
O passado, o futuro e o presente
Onde o samba é permanente
Na Mangueira minha gente
Ficha Técnica
Wilson Simoninha: voz
Guilherme Reis: cuíca
Jhow jhow: percussão
Levy de Paula: percussão
Webster Santos: violão 7 cordas
Diego: Dimba e cavaquinho
Gravado por Sidinei Souza no Artsy Club Studio
Mixado por Max de Castro no estúdio S de Samba
Produzido e arranjado por Max de Castro
Masterizado por André Dias
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