Manoel nasceu em 1918, no Engenho Junco, zona rural de Nazaré da Mata. Aos 13 anos, em 1931, deu os primeiros passos na música ao ingressar na Banda Euterpina Juvenil como aprendiz. Sob a regência do Mestre Eufrásio, o jovem demonstrou talento e dedicação, iniciando sua formação no clarinete. Essa fase marcou o início de uma relação profunda com a música e com a "Capa Bode", como a banda é carinhosamente conhecida.
Aos 27 anos, em 1945, o músico assumiu o cargo de diretor da banda, um dos momentos mais marcantes de sua trajetória. Já consolidado como multi-instrumentista, com domínio de clarinete, trombone e tuba baixo, trouxe inovação e união para a Euterpina, que se tornava cada vez mais relevante na vida cultural dos nazarenos e da região.
Nos anos 1950, aos 32 anos, o artista participou de uma das apresentações mais memoráveis da banda, em Vitória de Santo Antão, município da Zona da Mata Sul. Vestidos com uniformes na cor cáqui impecáveis, os músicos foram aplaudidos de pé durante uma retreta na praça pública. Para Martins, esses momentos foram a prova do poder transformador da música e do impacto que a banda tinha na comunidade.
Aos 67 anos, em 1985, o ícone da música instrumental pernambucana viu sua contribuição ser reconhecida de forma especial. A banda inaugurou a "Sala Manoel Martins", um espaço dedicado aos instrumentos musicais, com uma placa que eternizou seu nome. Esse foi um dos momentos mais emocionantes de sua vida, como ele próprio relatou. Inclusive, o espaço continua em atividade até os dias de hoje, como laboratório formativo de novas gerações de artistas musicais.
Em 1992, aos 74 anos, ele encerrou sua carreira como músico ativo da Euterpina Juvenil, após mais de seis décadas de dedicação à música instrumental popular. Ele continuou acompanhando a banda, que considerava sua segunda família, e admirando os jovens músicos que davam continuidade ao seu legado.
Manoel Martins faleceu em 2012, aos 94 anos, mas sua história viva se concentra entre aqueles que dedicaram sua dedicação à música e à cultura local. Contudo, as novas gerações conhecem pouco sua trajetória, algo que o documentário, produzido por Adenís Ferreira, 42 anos, um dos netos do artista, busca mudar. “Manoel Martins não foi apenas um músico; ele foi um guardião da nossa identidade cultural. Este documentário é uma forma de garantir que seu legado seja lembrado e celebrado”, afirmou ele, que é filho de Maria Luiza Martins de Brito (Filha do homenageado).
O documentário apresenta depoimentos emocionantes de pessoas que conviveram com o artista, como a professora Júlia Santos, a sobrinha de Manoel, e o músico João Batista, que destaca o amor que ele tinha pela Banda Euterpina Juvenil, conhecida como "Capa Bode", e a rivalidade histórica com a Revoltosa. Adenís, produtor cultural e pesquisador, também compartilha sua experiência ao resgatar a memória de seu avô.
Além de músico, o instrumentista musical tinha outras ocupações que o conectam com a comunidade local. Ele era sapateiro, uma profissão que exercia com o mesmo zelo que se dedicava à música, e também vendia carvão, atividade que ajudava a sustentar sua família. Esses ofícios mostraram sua resiliência e determinação em construir uma vida honesta e significativa em Nazaré da Mata.
O projeto é realizado com recursos da Lei Aldir Blanc e apoio da Secretaria de Cultura e da Prefeitura de Nazaré da Mata.
Serviço
O que: Documentário leva às telas a vida e o legado de Manoel Martins, ícone da música instrumental pernambucana
Quando: Segunda-feira, 23 de dezembro
Horário: às 18h
Onde: Canal do YouTube
Duração: 12 minutos
Classificação: Livre
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