O estudo, realizado pelos estudantes da Projetos Júnior, sob a supervisão do pesquisador e coordenador do FAFIRE Inteligência de Mercado, João Paulo Nogueira, também questionou sobre a obrigatoriedade do voto para entender se, caso não houvesse a obrigatoriedade, se as pessoas mesmo assim votariam. E o que se verificou foi que quase 48% dos eleitores não concordam com o voto obrigatório. Os jovens, na faixa dos 18 a 24 anos, são os mais favoráveis à obrigatoriedade, representando quase 67% da pesquisa e apenas 30,92% deste público opta pela não obrigatoriedade. Já os entrevistados com idade acima dos 32 anos a não obrigatoriedade é maioria.
Para Felipe Ferreira Lima, cientista político e professor de Direito Eleitoral da UniFAFIRE, tradicionalmente, a escolha por um candidato a vereador se dá às vésperas do dia da eleição em razão da pulverização de candidaturas dentro de um espaço pequeno de disputa (município), o que aumenta a concorrência e, muitas vezes, dificulta a sua visibilidade pelo eleitorado. Por outro lado, o acesso aos recursos de campanha é um elemento fundamental, uma vez que a difusão da propaganda eleitoral - em todas as suas modalidades (física, sonora ou virtual) - tem custo considerável, o que torna os candidatos na dependência de recursos para se mostrarem como opções ao eleitor. Ele enfatiza ainda que o baixo nível de conhecimento sobre as reais funções do vereador também é outro fator que impacta no desinteresse, causando apatia política do eleitor. “Esses fatores dificultam o acesso a informações e a tomada de decisão, tornando a escolha mais complexa e demorada para todos”, comenta.
Quando esse resultado é separado por gênero, observa-se que a maioria do público feminino opta pela obrigatoriedade do voto com 55,30% das entrevistadas. Já no público masculino, a não obrigatoriedade é maioria com 52,40% dos respondentes. O público que optou por não informar seu gênero, a obrigatoriedade também representa a maioria com 75% dos respondentes. O cientista político ressalta que apesar do resultado demonstrar uma diferença relativamente pequena entre as opções de resposta (SIM e NÃO), o apoio da maioria do público feminino à obrigatoriedade do voto pode estar ligado à valorização da luta histórica pelo direito ao voto, visto como um mecanismo para garantir a participação ativa das mulheres nas esferas de poder, na tentativa de promover maior representatividade de gênero.
Felipe Ferreira Lima diz que o apoio de parte do público jovem à obrigatoriedade do voto pode ser explicado por fatores como o desejo de se sentir incluído enquanto cidadão que precisa ser ouvido, participando da vida política do seu município. “Muitos acreditam que o voto obrigatório ajuda a reduzir desigualdades na representação, evita a dominação de grupos específicos no debate político e acaba tornando visíveis as reivindicações de setores distintos da sociedade. Para esses jovens, a obrigatoriedade do voto promove uma democracia mais inclusiva e participativa”, considera.
A mesma pesquisa também quis entender como estão as intenções de voto dos recifenses para o cargo de prefeito e nessa, 66,62%, ou seja, a maioria, já está com o voto decidido, e apenas 33,38% dos eleitores ainda estão indecisos. “Diferentemente da candidatura para vereador, as pessoas tendem a escolher o candidato a prefeito mais rapidamente devido a fatores como maior visibilidade pelo número reduzido de candidaturas majoritárias, considerando que esses possuem maior tempo de propaganda eleitoral gratuita (tv e rádio) e maior acesso aos recursos de campanha”, observa.
Além disso, o impacto direto que a gestão municipal tem na vida cotidiana gera o natural interesse do eleitor em debater e participar dos rumos da cidade, despertando, em paralelo, maior cobertura midiática desses candidatos, que são submetidos a sabatinas, debates e divulgação de agendas e propostas. “Tudo isso se soma ao potencial de ingerência social de candidatos que já possuem um histórico conhecido, facilitando a decisão dos eleitores. Esses fatores tornam a escolha do prefeito mais ágil e simples em comparação com o cargo de vereador”, pondera. Vale ressaltar que, a margem de erro do levantamento é de 3,5% para mais ou para menos, com um nível de confiança de 95%.
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