Com 69.924 respostas em 37 idiomas, o estudo oferece insights valiosos sobre como fatores como condições socioeconômicas, normas sociais, características psicológicas e valores culturais influenciam as percepções e a aceitação desses arranjos. A pesquisa revela, por exemplo, uma afinidade maior entre conservadores e sugar daddies e sugar babies, sugerindo que as dinâmicas tradicionais de gênero e papéis sociais ainda influenciam as preferências de relacionamento na era moderna.
De acordo com a pesquisa, homens, tanto jovens quanto mais velhos, demonstraram maior abertura para os relacionamentos sugar em comparação com as mulheres. Essa disparidade de gênero destaca as raízes sociais e evolutivas desse tipo de relacionamento, sugerindo que as dinâmicas conservadoras de provisão de recursos pelos homens e seleção feminina baseada na disponibilidade de recursos ainda influenciam as preferências de relacionamento modernas.
Nos relacionamentos sugar, o indivíduo com mais recursos (sugar daddy/mama) oferece apoio financeiro ao parceiro (sugar baby) em troca de companhia ou romance. Esses arranjos são facilitados por sites de namoro especializados e plataformas de mídia social, como o Universo Sugar no Brasil, que reúne mais de 6 milhões de usuários.
Indivíduos que endossam visões conservadoras sobre os papéis de gênero na sociedade são mais propensos a ver os relacionamentos sugar de forma favorável. Isso se reflete na expectativa tradicional de papéis de gênero, onde os homens são vistos como provedores e as mulheres como cuidadoras ou receptoras de provisão.
Surpresas e Descobertas Inesperadas
Uma correlação positiva entre estresse parasitário e abertura para relacionamentos sugar foi encontrada, tanto em nível individual quanto nacional. Isso indica que em regiões com altos níveis de doenças infecciosas, ou entre indivíduos com histórico de infecções parasitárias, há uma maior aceitação ou propensão a se envolver em relacionamentos sugar.
Fatores culturais como normas sociais e valores que priorizam a harmonia grupal podem influenciar a aceitação de relacionamentos sugar. Sociedades coletivistas demonstram menor abertura para esse tipo de relacionamento.
A pesquisa também identificou fatores socioeconômicos como desigualdade de gênero e bem-estar social como influentes. Em regiões com maior desigualdade de gênero e menores níveis de bem-estar social, os relacionamentos sugar são mais aceitos.
Surpreendentemente, os pesquisadores encontraram uma correlação positiva entre o Índice de Desenvolvimento Humano e a aceitação de relacionamentos sugar. Isso indica que indivíduos em países com altos níveis de desenvolvimento humano podem estar mais abertos a se envolver ou aceitar esses relacionamentos do que se pensava anteriormente.
Outra descoberta importante foi a associação entre atitudes positivas em relação aos relacionamentos sugar e traços comumente encontrados dentro do Triângulo Negro — Maquiavelismo, narcisismo e psicopatia subclínica. Esses traços, caracterizados pela manipulação, falta de empatia, egocentrismo e uma abordagem estratégica e muitas vezes exploradora dos relacionamentos interpessoais, estavam positivamente correlacionados com a abertura para se envolver em relacionamentos sugar, tanto do ponto de vista do sugar baby quanto do sugar daddy.
Mais Detalhes sobre a Pesquisa
Um total de 118.324 participantes de 176 países completaram a pesquisa. Após a exclusão dos participantes que não atenderam aos critérios de inclusão e das subamostras linguísticas com menos de 100 participantes, a amostra final consistiu em 69.924 indivíduos de 87 países, que responderam em 37 idiomas. A maioria dos participantes era do sexo feminino (65,12%), com uma ampla faixa etária entre 18 e 90 anos. Em relação ao estado civil e emprego, foram observadas diversas categorias. A coleta de dados foi realizada online entre abril e agosto de 2021, usando a plataforma Qualtrics na maioria dos países, com exceção de quatro, que utilizaram outras formas de coleta de dados devido a questões técnicas. Os colaboradores garantiram a heterogeneidade das subamostras nacionais em termos de características demográficas. Os participantes foram convidados a compartilhar o link da pesquisa em suas redes sociais, e aproximadamente 6% dos dados foram coletados por empresas terceirizadas.
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