A Estomatologia é uma especialidade por meio da qual é possível detectar doenças na boca, dentre elas, o câncer. Os estomatologistas são os profissionais indicados para analisar e realizar biópsias de lesões, contribuindo para o diagnóstico precoce de algum tumor, seja maligno ou não. A cirurgiã dentista da Radioterapia Oncoclínicas, Ane Veiga, acrescenta que a área traz inúmeros benefícios não apenas para os pacientes com câncer de boca, mas também é indicada para os outros subtipos. “Conseguimos dar qualidade de vida antes, durante e após o tratamento e isso é muito importante pois essas pessoas estão debilitadas fisicamente e emocionalmente”, explica.
A especialista explica que a fase inicial é uma das mais importantes porque é possível diminuir as toxicidades orais que são comuns ao tratamento oncológico, como a mucosite, cárie por radiação, diminuição do fluxo salivar e doenças oportunistas causadas por vírus, bactérias e fungos. “Chamamos esse momento de adequação de boca. Eliminamos focos de infecção existentes ou outros que possam vir a ocasionar uma agudização durante o tratamento. Para isso, solicitamos um exame de imagem chamado radiografia panorâmica para avaliar e planejar o que precisará ser feito em cada paciente”.
Com o resultado, são avaliados pontos como a necessidade de extração dentária, realização de restauração em dentes cariados, de canal, além de limpeza de tártaro, entre outros processos. “As toxicidades orais dificultam a alimentação do paciente, diminuindo sua imunidade. Quando isso acontece, o tratamento oncológico pode ser interrompido e isso não é bom. Então, nosso objetivo é evitar que elas atrapalhem o bom andamento do processo”.
A segunda fase é voltada para o acompanhamento. “Nesse momento, realizamos a fotobiomodulação, também conhecida como laserterapia, que é muito eficaz contra as toxicidades orais. Ela ajuda a minimizar e a tardar os efeitos da mucosite. Estudo publicado na Revista Brasileira de Cancerologia, em 2020, mostrou que o uso dessa terapêutica é importante na prevenção e na redução da severidade da mucosite oral, diminuindo o número de internações por inflamação e os atrasos no protocolo. Além disso, conseguimos fornecer substitutos salivares para os que apresentam diminuição do fluxo salivar”, acrescenta.
A terceira etapa é a fase para recuperar e reabilitar essas pessoas. “Colocamos prótese nos pacientes que precisaram retirar dentes no começo do tratamento. Dessa forma, podemos devolver a autoestima e, com isso, eles relatam se sentirem incluídos na sociedade mais uma vez”, relata Ane.
O comerciante Osmar Costa, de 64 anos, foi submetido a tratamento contra um câncer de amígdala, em 2021. Hoje está curado, mas ainda está sendo acompanhado. Ele explica como os procedimentos com estomatologistas amenizaram os efeitos das 33 sessões de radioterapia. “Precisei retirar 12 dentes, fazer uma limpeza na minha boca e tudo precisava ser feito o mais rápido possível para que eu pudesse tratar a doença em si. E graças a isso, pude começar o tratamento e não perdi peso de forma absurda. Além disso, foi muito importante a preocupação dos profissionais comigo. Pareciam especialistas em Psicologia, porque eu sempre me sentia em casa, ouvia palavras de apoio nos momentos mais difíceis, como quando não conseguia ingerir líquidos, por exemplo, e, depois de uma sessão de laserterapia, conseguir beber água”, lembra.
Câncer de boca
Também conhecido como câncer de lábio e cavidade oral, ele afeta a língua, céu da boca, bochechas e gengivas. O dentista é o primeiro profissional a perceber os sinais iniciais, lesões chamadas de leucopasia (manchas brancas ou acinzentadas) ou eritroplasia (manchas vermelhas que podem sangrar facilmente), que nem sempre são malignas, mas também podem ser pré-cancerígenas e precisam ser tratadas. Geralmente, a principal causa para leucopasias e eritoplasias é o fumo, porém, essas também podem se desenvolver devido a uma prótese mal ajustada que irrita a língua ou a parte interna das bochechas.
Os principais tipos de cânceres de boca são Carcinoma verrucoso, tipo raro que acontece nas células escamosas frequentemente encontrado na gengiva e bochecha; Carcinoma de glândulas salivares menores, que se desenvolve nas glândulas da mucosa da boca perto da garganta; Carcinoma de células escamosas, o mais comum, que acomete as células que revestem a boca e garganta; e cânceres relacionados a infecções por HPV.
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