“Essas considerações servem para definir com maior exatidão as relações de mútuo condicionamento entre estrutura de classes e repartição da renda”, explica Singer no prefácio. “Não há dúvida que esta última é determinada pela primeira, em termos gerais. A estrutura de classes, por sua vez, decorre do modo, ou melhor, dos vários e diferentes modos como se organizam a produção e o controle social. A concentração do capital, a subdivisão das explorações agrícolas, a expropriação de posseiros, o remanejamento dos serviços de controle (governo, saúde, educação etc.), tudo isso transforma a estrutura de classes, na medida em que esses processos implicam a transferência de indivíduos de uma classe para outra ou de uma fração de classe para outra. Mas a repartição da renda, que em última análise resulta da estrutura de classes, também influi nesta última.”
Singer oferece uma preciosa contribuição para os debates sobre as imbricações entre repartição de renda e estrutura de classes, bem como sobre a gigantesca desigualdade de oportunidades que enfrentam aqueles que dependem de sua força de trabalho para sobreviver. “A atualidade dos temas aqui tratados e o seu método histórico dialético contribuem para iluminar temas que continuam a interrogar e a buscar seus sujeitos plurais capazes de superar a exploração e a exclusão, em busca de uma democracia plena”, anota, nas orelhas, o diretor da Fundação Perseu Abramo, Carlos Henrique Árabe. Ele ainda ressalta que o livro é “uma preciosidade das análises críticas da sociedade de classes formada pelo capitalismo brasileiro.”
“O livro Dominação e desigualdade tem lugar de honra entre os clássicos do pensamento crítico brasileiro”, completa o professor do Departamento de Economia da Universidade de São Paulo (FEA/USP) Fernando Rugitsky, na apresentação. “Publicado originalmente em 1981, é um dos grandes marcos da revisão crítica do desenvolvimentismo deflagrada pela ruptura histórica de 1964. Ao mesmo tempo, o livro inaugurou uma tradição de interpretação que ainda pode dar muitos frutos. Combinando uma meticulosa análise crítica das estatísticas socioeconômicas brasileiras com um esforço de renovar a interpretação marxista sobre as transformações do capitalismo no Brasil, Paul Singer produziu uma obra que merece ser amplamente lida e discutida. A presente reedição vem, assim, a calhar.”
Sobre o autor – Nascido em 1932 em Viena, Áustria, Paul Singer chegou ao Brasil em 1940. Em São Paulo, formou-se no curso técnico, graduou-se em Economia pela Universidade de São Paulo, doutorou-se em Sociologia, tornou-se livre docente em Demografia e professor titular em Economia pela mesma universidade. Foi um dos fundadores do Cebrap, do PT e da Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares na USP. De 2003 a 2016, foi Secretário Nacional de Economia Solidária. Faleceu em 2018. Uma utopia militante: três ensaios sobre o socialismo abriu a Coleção Paul Singer, em 2022, sendo seguido por Economia solidária: introdução, história e experiência brasileira, no mesmo ano, e Desenvolvimento e política: Reflexões sobre a crise dos anos 1960, em 2023.
Título: Dominação e desigualdade: estudos sobre a repartição da renda
Autor: Paul Singer
Organização: André Singer, Helena Singer, Suzana Singer
Número de páginas: 304
Formato: 13,5 x 21 cm
Preço: R$ 79
ISBN: 978-65-5711-217-5 (Editora Unesp) | 978-65-5626-091-4 (Fundação Perseu Abramo)
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