O Caminhos da Reportagem que a TV Brasil exibe neste domingo (25), às 20h, conta a história e curiosidades do Carimbó, ritmo musical, patrimônio cultural brasileiro e também dança de roda de origem indígena típica da região norte do país. Durante o programa jornalístico, gravado antes da pandemia do coronavírus, a equipe de reportagem esteve em Belém do Pará para entrevistar alguns dos expoentes deste gênero musical.
Ela é conhecida como a “Diva do Carimbó Chamegado” e ele o
“Rei do Carimbó Moderno”. Juntos, Dona Onete e Pinduca estão entre os maiores
artistas na ativa de Carimbó - ritmo e dança que são marcas registradas do
Pará. Mas numa versão contemporânea, com a utilização de instrumentos eletrônicos.
O programa conversou com o Pinduca na casa dele. Durante a
entrevista, o artista, considerado o grande responsável pela modernização do
Carimbó, contou sobre sua trajetória profissional, desde o preconceito que
sofria, no início dos anos 1970, até a indicação de seu álbum para o Grammy
Latino, em 2017.
“O Carimbó era rejeitado na sociedade, ninguém aceitava. Era
uma pornografia perante a sociedade. Nessa época, a minha banda tocava twist,
tocava rock. Aí espalhou o boato. O Pinduca tá tocando um tal de Carimbó. Eu
peguei vaia, jogaram cerveja na cara, só porque eu estava tocando o Carimbó
moderno”, lembra.
A atração jornalística conta ainda com a participação da
cantora carioca Eliana Pittman, que nos anos 1970 regravou alguns dos Carimbós
mais conhecidos de Pinduca. “ O que mais me encantou na música dele foi a
pureza, a simplicidade e o swing. O Carimbó é swing. Eu adoro! Tem aqueles
tambores que eles fazem lá e a gente conseguiu pegar a essência no contrabaixo.
Isso é o que me encantou! Porque eu sou uma pessoa que gosta de trabalhar com
os ritmos”, diz Eliana.
Uma cantora que também colocou a guitarra no Carimbó foi
Dona Onete, que há dez anos faz sucesso na cena musical brasileira. Lançada ao
estrelato em 2012, depois da participação no filme “Eu Receberia as Piores
Notícias de Seus Lindos Lábios", Dona Onete já está no terceiro álbum
“Rebujo" (2019). “Eu acho que é estilizar um pouco, de ser o Carimbó, mas
dando mais uma fluência, um sabor diferente”, conta ela.
Para mostrar as “outras batidas de Carimbó”, em contraponto
ao Carimbó mais tradicional chamado de “Pau e Corda”, o programa mostra ainda a
história de um dos Carimbós mais conhecidos e que ganhou destaque nacional na
voz de Fafá de Belém, em seu disco de estreia como cantora, em 1975. “Este rio
é minha rua” é uma composição da dupla considerada uma das mais importantes na
música popular paraense - Ruy Barata e Paulo André Barata, pai e filho. Ruy é
autor da letra e um dos maiores poetas amazônicos. Se estivesse vivo teria completado
100 anos em 2020.
“A música 'Este rio é minha rua' foi feita de encomenda para
um filme chamado 'Brutos Inocentes' (1974), do cineasta paraense Líbero
Luxardo. E aí a Fafá de Belém quando ouviu disse 'eu quero gravar essa
música!'", conta Tito Barata, jornalista e filho do poeta Ruy Barata.
O Caminhos da Reportagem revela a história desse Carimbó e
também uma parte da obra de Ruy Barata, na poesia e na música brasileira. “Ruy
Barata indiscutivelmente é o maior poeta amazônico. Eu digo que é o maior poeta
porque nem toda poesia pode ser musicada, e nem toda letra de música, é
poesia. E Ruy, com maestria, era o
grande poeta, com música, ou sem a música”, destaca Fafá de Belém.
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