sexta-feira, 12 de dezembro de 2025

Único filme brasileiro selecionado no maior festival da Índia, "Memória de Elefante" destaca o cerrado e o Santuário de Elefantes do Brasil



O cinema do Centro-Oeste voltou a atravessar fronteiras, e desta vez como o único representante brasileiro na seleção da programação do International Film Festival of India (IFFI), o festival mais tradicional do país e uma das vitrines mais influentes da Ásia.

Memória de Elefante, dirigido pelo mato-grossense Severino Neto, foi exibido em Goa com sessão lotada e despertou o interesse do público indiano por temas pouco explorados na cinematografia brasileira contemporânea: o cerrado, os conflitos agrários e a relação entre humanidade e natureza.


Uma história inspirada no único santuário de elefantes da América Latina


Um dos fatores que mais chamaram a atenção da imprensa e do público é a origem do filme. Memória de Elefante é inspirado no Santuário de Elefantes Brasil (SEB), localizado em Chapada dos Guimarães (MT).


O SEB é o único santuário de elefantes da América Latina, um espaço de acolhimento para animais resgatados do cativeiro (circos e zoológicos) onde o cerrado se regenera, as águas voltam a brotar e a fauna retorna. A metáfora dos elefantes, memória, permanência e resistência, ecoa diretamente nas trajetórias dos personagens.


Cerrado, afeto e disputa territorial vistos de fora


Na exibição em Goa, a plateia reagiu com curiosidade e surpresa ao retrato do Brasil profundo apresentado pelo longa.


Em vez do imaginário urbano comum às produções brasileiras que circulam no exterior, Memória de Elefante revela:


uma mulher de 60 anos lidando com um luto que nunca cicatrizou,

dois jovens do mato enfrentando desigualdades e afetos reprimidos,

e um cerrado que resiste diante da expansão da soja.

A paisagem, inspirada diretamente no santuário, atua como personagem, conectando regeneração ambiental e sobrevivência emocional.


A força do cinema mato-grossense no circuito internacional


Com passagem por laboratórios, WIPs e prêmios, o filme reafirma a consolidação de Severino Neto como uma das vozes ascendentes do cinema autoral brasileiro.


A exibição no IFFI marca uma nova etapa de circulação internacional, projetando o Centro-Oeste para além do eixo tradicional audiovisual.


A recepção ao filme também se deve à força de suas temáticas: regeneração ambiental, conflitos por terra, relações intergeracionais, persistência do afeto em ambientes de desigualdade, e a paisagem como lugar de memória. Assuntos que dialogam diretamente com debates contemporâneos sobre clima, território e deslocamento.

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