A mostra A CINEMATECA É BRASILEIRA vai visitar espaços culturais e salas de exibição de Belo Horizonte (MG), Brasília (DF) Canaã dos Carajás (PA), Curitiba (PR), Fortaleza (CE), João Pessoa (PB), Porto Alegre (RS), Recife (PE), Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA), São Luís (MA) e Vitória (ES). Paralelamente à mostra de filmes, algumas cidades também receberão uma exposição sobre a história da Cinemateca Brasileira e do cinema nacional, além de ações educativas e formadoras.
O evento faz parte do Projeto Viva Cinemateca, lançado em junho, que reúne os grandes projetos da Cinemateca voltados à recuperação de importantes acervos, além da modernização de sua sede e infraestrutura técnica.
ITINERÂNCIA PELO BRASIL
A programação de A CINEMATECA É BRASILEIRA começa oficialmente em agosto, no Paraná. De 11 a 27 de agosto, a Cinemateca de Curitiba exibe 17 títulos da mostra. Em Belo Horizonte, o evento está no Cine Santa Tereza, 25 a 31 de agosto.
Em setembro, a mostra passará por: Recife (PE), na Fundação Joaquim Nabuco; São Luís (MA), no Instituto Cultural Vale Maranhão; Vitória (ES), no Festival de Cinema de Vitória e retorna novamente a Minas, no Instituto. Já em outubro, é a vez de João Pessoa (PB), no Cine Banguê, Porto Alegre (RS), na Cinemateca do Capitólio.
A CINEMATECA É BRASILEIRA chega à Casa de Cultura de Canaã dos Carajás, no Pará, em novembro. No mesmo mês, a programação também integra o Festival de Cinema do Ceará, em Fortaleza. A mostra encerra o ano em Salvador, na Bahia, em dezembro.
CURADORIA DE FILMES
Para a mostra, a curadoria da Cinemateca Brasileira preparou uma seleção de 19 filmes que perpassam diferentes momentos históricos, propostas estéticas e abordagens temáticas, demonstrando a riqueza do cinema brasileiro ao longo dos mais de 120 anos de história.
Dos primeiros tempos do cinema brasileiro, estão São Paulo: a sinfonia da metrópole (Rodolfo Lustig e Adalberto Kemeny, 1929), que sintetiza sua vocação para o documentário, e o mitológico e vanguardista Limite (Mário Peixoto, 1931). O desejo de estabelecer uma indústria cinematográfica forte no Brasil, que culmina na fundação dos estúdios Atlântida e Vera Cruz, pode ser visto em Carnaval Atlântida (José Carlos Burle, 1952), com a “dupla do barulho” Grande Otelo e Oscarito; em Jeca Tatu (Milton Amaral, 1959), título no qual Amácio Mazzaropi desenvolveu a figura do caipira, seu personagem mais conhecido; e na superprodução da Vera Cruz O cangaceiro (Lima Barreto, 1953). Cinco vezes favela (Marcos Farias; Carlos Diegues; Miguel Borges; Joaquim Pedro de Andrade; Leon Hirszmann, 1962) e o mais conhecido filme de Glauber Rocha, Deus e o diabo na terra do sol (1964), mostram a preocupação do Cinema Novo em representar a classe trabalhadora e as desigualdades sociais, enquanto o Cinema Marginal e seu O Bandido da Luz Vermelha (Rogério Sganzerla, 1968) desafiam a estética e linguagem cinemanovista.
O pagador de promessas (Anselmo Duarte, 1962), a partir de uma narrativa clássica aprimorada desde as produções da Vera Cruz, evoca o sincretismo religioso e a cultura popular. Produzido por Oswaldo Massaini, o filme conquistou a única Palma de Ouro no Festival de Cannes para o Brasil. Por sua vez, com suas produções independentes, José Mojica Marins cria seu icônico personagem Zé do Caixão em À meia-noite levarei sua alma (1964).
Macunaíma (1969), de Joaquim Pedro de Andrade, cineasta associado ao Cinema Novo, se afasta das propostas do movimento para realizar um filme influenciado pelo tropicalismo, baseado na obra clássica de Mário de Andrade. Na década de 1970, Dona Flor e seus dois maridos (Bruno Barreto, 1979) adapta outro grande autor – Jorge Amado – e faz números de bilheteria impressionantes. Integram a seleção três títulos de grande impacto nos anos 1980: os documentários Cabra marcado para morrer (Eduardo Coutinho, 1984) e Ilha das Flores (Jorge Furtado, 1989); e a ficção A Hora da Estrela (Suzana Amaral, 1985), adaptação da obra homônima de Clarice Lispector que revelou o talento de Marcélia Cartaxo, vencedora do prêmio de Melhor Atriz no Festival de Berlim.
Uma das obras mais importantes da chamada retomada do cinema brasileiro, nos anos 1990, é Central do Brasil (Walter Salles, 1998), que venceu o Urso de Ouro e o prêmio de melhor atriz para Fernanda Montenegro no Festival de Berlim de 1998. Vencedor de dezenas de prêmios nacionais e internacionais e indicado ao Oscar em quatro categorias, Cidade de Deus (Fernando Meirelles e Katia Lund, 2002) é até hoje o filme brasileiro com maior número de indicações ao prêmio da Academia. Dos mais recentes da seleção, Bacurau (Juliano Dornelles e Kleber Mendonça Filho, 2019), prêmio do júri na competição oficial do Festival de Cannes, mistura crítica social e distopia para contar a história de um povoado nordestino que subitamente some do mapa; e Marte Um (Gabriel Martins, 2023), produzido na periferia de Contagem (MG), mostra o cotidiano de uma família negra de baixa renda e o sonho do filho caçula em viajar para Marte. O longa estreou no Festival de Sundance e foi o Melhor Filme, na escolha do público, do Festival de Gramado.
HISTÓRIA DA CINEMATECA BRASILEIRA
Além da programação de filmes, uma exposição homônima será aberta em setembro e deve percorrer dez cidades. Maior acervo de filmes da América do Sul, a Cinemateca contará a sua história, e consequentemente a do cinema brasileiro, em uma exposição que mesclará recursos digitais e analógicos.
PROJETO VIVA CINEMATECA
O Viva Cinemateca foi lançado em junho como continuidade ao processo de retomada iniciado no ano passado. O projeto pretende ampliar e modernizar a Cinemateca Brasileira, fazendo com que ela ocupe definitivamente o seu relevante lugar na história do cinema brasileiro. Está prevista a ampliação dos espaços de laboratórios da instituição, garantindo que mais filmes e documentos possam ser preservados. Assegura-se, dessa maneira a sobrevivência de mais de 120 anos de história do cinema e do Brasil. Outra importante frente do projeto contempla o restauro das edificações históricas, melhorando as instalações disponíveis para o público. Desde 1997, a Cinemateca Brasileira está instalada em seu prédio atual: uma valiosa edificação em tijolos aparentes, remanescente da arquitetura industrial de São Paulo do século 19.
Além da mostra A CINEMATECA É BRASILEIRA, as ações de difusão também incluíram o FESTIVAL CULTURA E SUSTENTABILIDADE, nos dias 10 e 11 de julho, e a MOSTRA POVOS ORIGINÁRIOS DA AMÉRICA LATINA, de 11 a 16 de julho.
PATROCINADORES
O Projeto Viva Cinemateca conta com o patrocínio do Instituto Cultural Vale, como patrocinador estratégico, da Shell, como patrocinadora master, e Itaú Unibanco, como copatrocinador.
Aprovado na Lei Rouanet, o projeto permite a empresas e pessoas físicas destinarem parte do imposto de renda para a iniciativa (Art. 18 da Lei Federal de Incentivo à Cultura).
CINEMATECA BRASILEIRA
A Cinemateca Brasileira, maior acervo de filmes da América do Sul e membro pioneiro da Federação Internacional de Arquivo de Filmes – FIAF, foi inaugurada em 1949 como Filmoteca do Museu de Arte Moderna de São Paulo, tornando-se Cinemateca Brasileira em 1956, sob o comando do seu idealizador, conservador-chefe e diretor Paulo Emílio Sales Gomes. Compõem o cerne da sua missão a preservação das obras audiovisuais brasileiras e a difusão da cultura cinematográfica. Desde 2022, a instituição é gerida pela Sociedade Amigos da Cinemateca, entidade criada em 1962, e que recentemente foi qualificada como Organização Social. O acervo da Cinemateca Brasileira compreende mais de 40 mil títulos e um vasto acervo documental (textuais, fotográficos e iconográficos) sobre a produção, difusão, exibição, crítica e preservação cinematográfica, além de um patrimônio informacional online dos 120 anos da produção nacional. Alguns recortes de suas coleções, como a Vera Cruz, a Atlântida, obras do período silencioso, além do acervo jornalístico e de telenovelas da TV Tupi de São Paulo, estão disponíveis no Banco de Conteúdos Culturais para acesso público.
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