No dia 26 de setembro, quinta-feira, às 19h, a CAIXA
Cultural Recife inaugura a exposição "Guita Charifker – Paisagem
Onírica", que apresenta a trajetória de intensa atividade artística da
pintora pernambucana falecida em 2017 e reconhecida nacional e
internacionalmente pela maestria na aquarela figurativa. Com curadoria de
Marcus de Lontra Costa, a mostra traça um panorama de sua produção reunindo
obras produzidas desde a década de 1960 e também fotos e vídeos que irão
apresentar a artista e as fases de sua obra. Com entrada franca e patrocínio da
Caixa Econômica Federal, a mostra fica em cartaz até o dia 17 de novembro de
2019, com visitação de terça-feira a sábado das 10h às 20h, e nos domingos, das
10h às 19h.
A mostra, que começou a ser idealizada com a artista ainda
em vida, torna-se a primeira exposição póstuma em sua homenagem. Serão
apresentadas cerca de 60 obras, entre gravuras, desenhos, pinturas e em
especial as aquarelas, técnica na qual Guita encontrou seu principal meio de
expressão e nas quais utiliza uma gama cromática surpreendente e luminosa. As
peças foram selecionadas de coleções particulares e também do acervo pessoal e
familiar de Charifker.
Pintora, desenhista, aquarelista, gravadora e escultora,
Guita Charifker nasceu no Recife em 1936 e desde cedo se engajou no movimento
artístico da cidade. Aos 17 anos, estudou desenho e escultura no Ateliê
Coletivo da Sociedade de Arte Moderna, no Recife, ao lado do gravador Gilvan
Samico e do pintor José Cláudio, entre outros, sob orientação de Abelardo da
Hora. Desde o fim da década de 1960, Guita Charifker produziu desenhos de
inspiração surrealista, associando formas humanas a animais e vegetais,
realizados com precisão de detalhes, em obras de forte impacto visual e caráter
fantasioso.
Na aquarela, passou a retratar naturezas-mortas com plantas
e frutos regionais, explorando padrões decorativos obtidos a partir de
folhagens e ramos de árvores, ou de objetos presentes na cena, como tapetes ou
tecidos. Nas aquarelas são frequentes também as paisagens, inspiradas muitas
vezes na exuberante vegetação do quintal de sua residência em Olinda ou nas
localidades do litoral pernambucano. Para Marcus Lontra, curador, "a aquarela
do trabalho da Guita tem um movimento que permite que ela pinte o vento. As
aquarelas aguadas são menos rígidas, capturam esses movimentos e permitem que a
artista demonstre essa relação bonita com Olinda, que é uma espécie de barroco
sem culpa, à beira mar".
Se Lontra encontra nas palavras a alusão à Charifker
enquanto uma "Matisse de Pernambuco", foi Paulo Herkenhoff, que já
ocupou por três anos o lugar de curador do Museu de Arte Moderna de Nova York,
MoMA, que traçou um paralelo de qualidade e grandeza de três pintoras
brasileiras que, segundo ele, se continuam e equivalem: Djanira, Tarsila do
Amaral e Guita Charifker. Herkenhoff batizou o trabalho de Guita de
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