Em “8.12”, só se escuta voz e violino, ambos executados, produzidos e gravados por Tetel Di Babuya. “É um álbum intimista com apenas voz e violino. São minhas composições com caráter de improviso e algumas menções às composições de outras pessoas. Sempre friso antes de alguém ouvi-lo que ele tem caráter experimental e definitivamente não é de escuta tão fácil como meus álbuns anteriores, por isso peço paciência com ele.”
As faixas seguem formatos distantes do que espera o mercado. A primeira e última faixas são poesias, sem instrumentos como base. Já as demais são construídas com onomatopeias, solos alucinados de violino, repetições aleatórias de palavras e também poesias. “Eu comecei a cantar e compor pela minha fascinação com as palavras. Diferente dos meus outros álbuns onde essa fascinação foi colocada em forma da canção tradicional, nesse álbum eu explorei a palavra através da poesia pura e das onomatopeias. São poesias sobre a minha visão da arte de viver. E o jogo onomatopeico vem da minha história de amor com o Jazz e o scat.”
O álbum levou quatro anos para ser finalizado desde a sua concepção, levando em consideração um longo hiato criativo vivido por Tetel. “O Pensar em fazer um álbum totalmente sozinha, com exceção do engenheiro de som, foi o que me fez sair do limbo criativo que eu estava há anos. Depois de um tempo com uma gravadora onde tive que, apesar da minha personalidade, aprender a fazer muitas concessões, eu me encontrei num lugar de necessidade de total autoexpressão. Fiz esse álbum sem desrespeitar nenhum impulso criativo meu e sem levar em conta nenhuma questão comercial. Foi a maior libertação como artista da minha vida.”
“8.12”, que foi gravado no estúdio Arsis em São Paulo, por Adonias Souza Jr, está disponível gratuitamente em todas as plataformas de streaming.
As faixas “I”, “II Le Bisou” e “III” são poemas do meu livro chamado “Vozes”. A faixa “I” fala das doçuras e desgostos de ter ou não a tão desejada inspiração. A faixa “II Le Bisou” é uma cartinha de amor à vida e ao amor da minha vida. A faixa “III” resume a felicidade pra mim, por enquanto.
“Puffin Searchin” foi inspirada por uma viagem que fiz à Islândia, onde vi o sol da meia-noite por duas semanas, vivi das experiências mais lindas com a natureza e, apesar de tentar muito, não vi Puffin nenhum.
“Vito” era meu gatinho preto que cuidei e amei como um filhinho de quatro patas. É a segunda pequena homenagem que faço a essa pequena fera doméstica, no meu outro álbum a faixa “Clean Cut” era sobre ele também.
“Êh, Bahia!” É uma faixa bem humorada, uma singela homenagem a um dos lugares do Brasil que mais me trouxe alegrias.
“Marais, Marais” é um porta-retrato sonoro do mês que passei com meu marido em Paris há mais de 10 anos, comendo baguete e queijo, trocando juras de amor que ainda não descumprimos e ouvindo um álbum da cantora francesa Claire Elzière todas as noites enquanto fazíamos o jantar.
“Tatuzinho” é uma piadinha pessoal que perde a graça pra mim se eu revelar. Mas te digo que foram os 16 minutos mais divertidos de gravar até agora.
Reflexão de Tetel Di Babuya sobre seu momento artístico
A mistura de ambição e desespero por reconhecimento me levou a buscar um selo norte-americano, com o qual assinei contrato. Meu lindo “Mon Choux” virou “Meet Tetel”, igualmente lindo, mas bem menos meu. Resta dessa fase gratidão sincera pelos que acreditaram e investiram tempo e dinheiro em mim, mas sobretudo a compreensão do que realmente me importa: a arte.
Aprendi que não tenho nenhum tino pro showbiz, mas não sei viver sem criar, uma combinação que leva qualquer artista à sarjeta. E aqui estou, às vezes feliz, mas muito livre na minha sarjeta, onde pude criar meu novo projeto, “8.12”.
É um álbum experimental, talvez Jazz? Nele, finalmente consegui achar um lugar comum entre o violino e o canto e pude incluir uma das minhas alegrias, a poesia. É um álbum cheio de verdades e nenhuma expectativa comercial, um álbum que representa minha transformação desde o “Meet Tetel”.
Junto com ele lancei meu primeiro livreto de poesias, “Vozes”. Abraço árvores, não encontrei Jesus, mas quem sabe um dia vivo vendendo miçanga na praia.
Ficha técnica
Gravado em abril de 2024 no estúdio Arsis em São Paulo, por Adonias Souza Jr.
Voz, Violino e Composição – Tetel Di Babuya
Sobre Tetel Di Babuya
Tetel tem longa estrada como musicista. Bacharel em Música pela USP e Mestre em Música pela UNESP, Tetel nasceu em Araçatuba, interior de São Paulo, e ainda criança se mudou para a capital. Aos 10 anos, iniciou seus estudos musicais, com teoria, coral, orquestra e violino, instrumento no qual se especializou.
Desde então, sua ocupação profissional seu deu como violinista erudita, participou de inúmeras orquestras sinfônicas, como a OSUSP e OSESP, fez parte de musicais como o “Fantasma Da Ópera”, além de participar de gravações de álbuns de bandas e projetos de outros músicos.
Em 2018, iniciou sua carreira de cantora e compositora, uma face ausente em seus trabalhos anteriores. Lançou o álbum “Meet Tetel” com um selo norte-americano, com contrato já encerrado. Sua forma de cantar é inspirada em clássicas cantoras brasileiras e internacionais, como Elis Regina e Amy Winehouse, entre outras.
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