A arte de cancelar a si mesmo é o retrato dos conflitos de uma juventude que teve a individualidade moldada por números na internet. Aos 15 anos, a famosa mirim já precisa lidar com a ideia de sustentar toda a família, sofre com as dores de ter uma mãe narcisista e, por causa da profissão, não consegue manter amizades próximas. Entretanto, uma decisão muda a vida dela: enquanto todo o Brasil se pergunta o que teria acontecido à jovem, Majô está escondida na casa da vizinha Kauane – adolescente com um perfil completamente diferente da protagonista.
“Trabalho”, a palavra voltou como um bumerangue. Tantos anos de trabalho. Quando foi mesmo que ela parou de falar dos animais? Quando foi mesmo que o canal virou um diário da sua vida apimentado com provações diárias de coragem e superação? O que tinha a vida dela de tão interessante assim? Ir para o Twitch a apavorava imensamente. E essa era a última novidade dos pais. Fez o teste e ficou quase dez horas “live”. A possibilidade de repetir a experiência a apavorava. (A arte de cancelar a si mesmo, pg. 125)
A garota que mora na casa ao lado é introvertida, sarcástica, neurótica e com uma tendência a reclusão social. Porém, quando encontra a influencer na edícula do lar, surge uma amizade improvável. A partir disso, as duas revisitam as memórias de infância, compartilham frustrações sobre o futuro, ponderam sobre o peso das redes sociais na vida delas, experienciam primeiros amores e tentam encontrar formas de existir sem se prenderem às amarras do engajamento no mundo virtual.
Nesta obra, a escritora entrelaça pesquisas sobre psicanálise em uma ficção para o público infantojuvenil. Entre as páginas, reflete sobre como a subjetividade dos jovens está conectada às redes sociais, pondera acerca das consequências do excesso de informações no cotidiano e questiona os limites entre o esquecimento e a necessidade de registrar as memórias na internet.
A autora atravessa esses temas em uma narrativa fluida e multimídia: com uma linguagem similar à da juventude contemporânea, utiliza as redes sociais como recurso extra para acrescentar detalhes no enredo. Na história, Majô tem um “dix”, uma espécie de perfil no Instagram para pessoas próximas. Sob o nome @rouxinoulazul, a menina publica poemas e desenhos em aquarela, e esse usuário existe de verdade com os posts que a protagonista teria divulgado.
A arte de cancelar a si mesmo – é o canto do rouxinol azul é o primeiro livro de uma trilogia, que terá as continuações “No playground de Vênus - o amor é de brincadeira” e “Existe vida dentro do meu quarto – quando eu era feliz antes de ser feliz”. As obras contarão com os mesmos personagens, mas haverá protagonismos diferentes. “Estamos diante de uma primeira geração exposta desta forma às redes sociais. Como será sua vida madura? Este livro fala de temas que outros até falam, mas não tão a fundo. E é um equívoco achar que o jovem não quer ir a fundo nos seus questionamentos”, afirma a escritora.
Ficha técnica
Título: A arte de cancelar a si mesmo
Subtítulo: É o canto do rouxinol azul
Autora: Jacqueline Vargas
ISBN: 978-65-00-96949-8
Páginas: 203
Preço: R$ 19,90 (e-book)
Onde encontrar: Amazon
Sobre a autora: Jacqueline Vargas é roteirista com 20 anos de experiência. Adaptou as duas primeiras temporadas da série “Sessão de Terapia” e criou mais três temporadas originais. Trabalhou como consultora dramatúrgica de diversos projetos audiovisuais, como “No mundo da Luna”. Ainda contribuiu para o roteiro de novelas como “Floribella”, “Malhação - Viva a Diferença” e “Terra Prometida”. Assinou os longas-metragens “Querida Mamãe”, “TPM - meu amor”, “Alguém como eu” e “As Polacas”. No mercado literário, lançou “Aquela que não é mãe”, “Valentina - a herdeira da magia” e agora publica a obra infantojuvenil A arte de cancelar a si mesmo. Em paralelo, formou-se em Psicanálise, com foco na abordagem para a adolescência e tem pós-graduação em Filosofia, Psicanálise e Cultura, além de integrar o grupo de analistas “Escutamiga”.
Redes sociais da autora:
Instagram: @jaquelinevargas
Linkedin: Jacqueline Vargas
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