sexta-feira, 28 de março de 2025

Uso excessivo de telas: cresce o alerta para os impactos no desenvolvimento de crianças e adolescentes



A normalização do uso excessivo de telas, como computadores, tablets e celulares, por crianças têm preocupado cada vez mais os especialistas. De acordo com a pesquisa Tic Kids Online Brasil de 2024, 93% dos brasileiros com idades entre 9 e 17 anos são usuários frequentes da internet. 

A neurocientista e coordenadora do Ensino Fundamental Anos Iniciais do Colégio Salesiano Recife, Regiane Melo, alerta para os impactos no desenvolvimento das crianças e adolescentes. “A exposição excessiva às telas pode prejudicar o desenvolvimento cerebral, o que envolve as habilidades sociais, emocionais e cognitivas, que são essenciais para o crescimento intelectual e do bem-estar”, afirma. 



Além das dificuldades de atenção, dos problemas de memória, da interferência no sono e no desenvolvimento da fala e da linguagem, a especialista destaca que as telas em excesso podem influenciar outros aspectos. “Estimulam o isolamento social e a dificuldade de interação com outras crianças, assim como a comparação com a 'vida perfeita' retratada nas redes sociais, o que afeta a autoestima", complementa. 



O que fazer para começar a mudar essa realidade?



Para estimular o controle do uso de telas, que é preocupação de muitos pais, a neurocientista explica que é importante estabelecer limites de tempo e garantir que as atividades realizadas com celulares, tabletes e televisão sejam adequadas para a faixa etária da criança. “É necessário equilibrar o tempo de utilização desses dispositivos com outras atividades como estudo, leitura, jogos ao ar livre e interação social”, recomenda.



Essas atividades, benéficas para o desenvolvimento cognitivo, emocional e social das crianças, podem ser as mais variadas, como aulas de dança, artes marciais, esportes coletivos, jardinagem, artesanato. Organizar encontros com amigos, participar de grupos de atividades extracurriculares ou clubes de leitura também são opções legais. 



Além de recomendar o monitoramento dos conteúdos consumidos pelos jovens, Regiane também reforça a importância de uma rotina em que os pais também limitem seus próprios tempos de uso de dispositivos. “Se as crianças veem seus responsáveis utilizando as telas de maneira equilibrada, é mais provável que adotem esse comportamento. Isso pode, inclusive, promover conversas e interações familiares mais significativas”, exemplifica.



“Por fim, é importante que os pais abordem questões de saúde mental relacionadas ao uso de redes sociais, como a comparação e a pressão social, e estejam disponíveis para ouvir as preocupações dos filhos e até mesmo procurar apoio psicoterapêutico”, finaliza a neurocientista.

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