A multiplicidade de visões é reforçada com a mistura dos artistas participantes: dos 14 confirmados Gerson Ipirajá e Blecaute estão no time dos cearenses. Além deles, dois nomes, embora nascidos em SP, têm o coração nordestino, já que escolheram a região para morar: o Recife, no caso de Rinaldo Silva; e João Pessoa, na Paraíba, onde Guto OCA, fincou raízes há mais de uma década, instalando-se na cidade natal também de Aurora Caballero. Os pernambucanos são: Priscilla Buhr, Bete Gouveia, Hélia Scheppa, Juliana Souto, Lara Albuquerque, Neilton Carvalho, Mitsy Queiroz, Maurício Castro e Lucas Alves (este aqui com sua trajetória artística na Paraíba).
Com algumas obras inéditas, a exposição marca dos 18 anos da APG e tem como marca uma diversidade presente também no uso dos materiais para a criação de telas, esculturas e fotografias. São mais de 30 trabalhos, ocupando os dois salões de exposição da APG, num passeio encantador aos olhos dos visitantes.
Para Dilacerda, esta mostra é um convite a experimentação de questões urgentes do tempo em que vivemos, que a partir de imagens, cores, formas e texturas fazem sentir que outros modos de viver nessa região é possível e que plantam em nós a semente de um novo mundo.
“O Nordeste é uma região em disputa de imaginários. A arte nos mostra outras imagens do Nordeste para além dos estereótipos da seca, fome e miséria, intervindo assim na geopolítica da imaginação. As obras da exposição revelam imaginários encantados, místicos, sagrados e cotidianos que existem e resistem às invisibilizações e apagamentos históricos”, ressalta o co-curador, parceiro da pesquisadora paulistana Joana D’Arc Lima, responsável pela curadoria.
Ele lembra, ainda, que, no cenário nacional, o Nordeste é colocado dentro da gaiola da "arte regional" enquanto o eixo sul-sudeste é colocado no patamar da "arte brasileira". Não somos brasileiros? Nordeste não é Brasil? Talvez não! Talvez não sejamos Brasil, mas sim anti-Brasil. Afinal, "Brasil" é o nome para um projeto colonial que se iniciou em 1500 com o extermínio de uma infinidade de povos, culturas, línguas e modos de vida que já habitam esta terra. Talvez o que fazemos não seja "arte regional" nem "arte brasileira", mas sim uma arte que discute o território em disputa que habitamos, um território em guerra, na qual tem nome e data, que é o Brasil”, afirma.
O artista Gerson Ipirajá ressalta que, nesse momento de celebração de seus 30 anos de trajetória profissional é uma alegria estar em um espaço plural, reconhecido por exposições de nomes como Antônio Mendes e Rinaldo, destacando, ainda, que da cultura pernambucana, tem incorporando aos seus trabalhos, olhares sobre a fonte armorial,
Instalada na Rua da Moeda, bairro do Recife Antigo, desde 2005, a APG já realizou mais de uma centena de exposições. Reconhecida por incentivar o cenário cultural de Pernambuco, vem contribuindo para a formação de um polo de produção, discussão, debates e encontros em torno do amplo mundo das artes.
Especial – Na noite de abertura (14.03), uma atração especial: a artista ‘prática’ (como ela se autodenomina), Catarina Dee Jah, fará uma performance sonora-visual, a partir de trabalhos que ela já desenvolve integrando múltiplas linguagens. Atualmente, ela vem trabalhando, também, com bandeiras com tipografia própria e simbologia, criadas com tesourinha de unha e estilete e reproduções em corte à laser.
Serviço:
Exposição “Da diversidade vivemos”
Coletiva reunindo trabalho de Aurora Caballero| Blecaute| Bete Gouveia | Guto Oca| Gerson Ipirajá| Hélia Scheppa| Juliana Souto | Lucas Alves | Lara Albuquerque| Mitsy Queiroz | Maurício Castro |Neilton Carvalho| Rinaldo Silva |Priscilla Buhr
Quando: 14.03.2023, 18h às 21h, para convidados.
Visitação do público a partir de quarta-feira (15.03).
Funcionamento de segunda a sexta-feira, das 9h às 18h, e aos sábados, de 14h às 18h
Onde: Arte Plural Galeria (rua da Moeda, 140, Bairro do Recife)
Entrada gratuita
Instagram: @arte_plural_galeria
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