segunda-feira, 30 de janeiro de 2023

RIO CAPIBARIBE DESÁGUA NO RIO LUCAIA EM SALVADOR NO CENTENÁRIO DE IEMANJÁ



Molhando as Palavras, projeto do artista transmídia Mozart Santos faz intercâmbio com a poeta Laura Castro e Rodrigo Carvalho, para celebrar os festejos de Iemanjá e provocar sobre a vida dos rios Brasil, com projeções visuais em escala humana.

Um intercâmbio artístico, tecnológico e poético das culturas de Recife e Salvador acontece na próxima quarta-feira (01), na Bahia, para provocar sobre a vida dos rios do Brasil. Molhando as Palavras na Boca do Rio, projeto do multiartista pernambucano Mozart Santos, que iniciou no Rio Capibaribe, em Recife deságua nas águas do Rio Lucaia em Salvador para abrir o Centenário da Festa de Iemanjá, que ocorre dia 02 de fevereiro. Também como parte da programação do Festival Oferendas, a performance inédita de projeções de palavras e poemas em escala humana, conta com a participação dos artistas Laura Castro e Rodrigo Carvalho. O espetáculo de luz acontece a partir das 18h, no Rio Vermelho e pode ser assistido gratuitamente.

A ideia é trazer uma reflexão sobre o meio ambiente e os rios urbanos da cidade, através de uma poesia visual que será dividida em três etapas, explorando versos e perguntas da poeta Laura Castro que foram transformados em "palavras-lúmens" por meio das projeções do artista e VJ Mozart Santos. A trilha sonora é assinada pelo pesquisador Rodrigo Carvalho, que também escreverá versos e palavras para as projeções.

Com um ato de Licença, a apresentação inicia com frases, palavras e imagens projetadas no Largo da Mariquita com depoimentos de pescadores e marisqueiras, sobre as suas histórias com o rio. Uma trilha sonora exclusiva promete levar o espectardor para um ambiente imersivo de memórias, paisagens urbanas e elementos da natureza.

Em Lamento, segunda parte da exposição itinerante, um barco encalhado em uma duna, equipado com projetores e luzes de led, projeta nas águas que saem debaixo do pontilhão elementos que falam sobre cuidado, coexistência e convívio com o rio.

A exibição encerra com Esperança, quando os projetores e luzes serão desligados para uma apresentação com toque de percussão e cantigas que seguem em cortejo até um grupo de artistas na Pedra da Concha, onde serão projetadas as últimas frases do evento. De lá, o barco sairá com as oferendas e bons desejos para os rios, abrindo oficialmente o retorno do Festival Oferendas ao Lálá Casa de Arte, na Rua da Paciência.

"Essa apresentação na abertura do Oferendas é muito importante para dar visibilidade a esse rio, o Lucaia, nosso “Rio Vermelho". Poucas pessoas sabem dele, o notam e, na Festa de Iemanjá, ele também não é saudado. Será muito grandioso levar um olhar de cuidado e respeito para esse Rio que deságua nesse mar tão inspirador. É uma grande potência esta semântica e este encontro Rio - Mar, com Oxum e Iemanjá", comenta Luiz Ricardo Dantas, idealizador do Festival Oferendas.

Há onze anos, o Festival Oferendas acontece, no Rio Vermelho, como parte das celebrações para Iemanjá, no dia 2 de fevereiro. Num palco voltado para a rua, na varanda da casa onde hoje se encontra o Lálá Casa de Arte, artistas independentes de todo Brasil se apresentam, numa festa colaborativa e agregadora.

A primeira edição do projeto Molhando as Palavras, em Salvador é o resultado do encontro de pesquisas do artista pernambucano Mozart Santos e suas experiências de intervenções urbanas com arte e tecnologia e dos artistas pesquisadores Rodrigo Carvalho e Laura Castro, do grupo de experimentação artística ECOARTE/UFBA. 

"Venho de Recife, cidade repleta de rios. Minha infância inteira foi atravessando pontes e vendo os rios passando por baixo de meus pés. Além disso, meu pai é marinheiro e sempre voltava pra casa com histórias do mar. Essas histórias fazem parte do meu imaginário de artista e foi com essa inspiração que surgiu a primeira edição do "Molhando as Palavras", em Recife. Dentro de uma baiteira, com um laser e um projetor de 5 mil lumens, colocamos as palavras do poeta João Cabral de Melo Neto em contato com o rio que inspirou o poeta a criar o "Cão Sem Plumas", conta o artista e VJ pernambucano, Mozart Santos.

"A arte  sempre cumpre papéis nos rituais que nos ligam ao entorno, a natureza e tudo aquilo que nos cerca. O Molhando as Palavras surgiu com o propósito de cultivar essa reflexão por todo o Brasil", completa o artista. Ainda este ano, o projeto acontece em São Paulo.

Sobre os artistas

Formado em Artes Visuais pela Universidade Federal de Pernambuco, Mozart Santos acredita que é possível mudar a realidade com a qual se está desconfortável através de boas ideias, vontade e capricho, trazendo mudanças sólidas e robustas na forma como o cidadão vê e usa a cidade.

Inventor engenhoso movido pelo inconformismo, em 2020 co-fundou o Projetemos, grupo de VJs do mundo inteiro que mobilizou a população em uma ação coordenada de conscientização e informação contra a Pandemia do novo Coronavírus. O projeto logo se tornou também, uma ferramenta essencial para a difusão da arte, da cultura e da tecnologia.

Com diversas mostras de características multitecnológicas, atuou como coordenador do Mamam no Pátio, tendo participado como artista/educador de trabalho de intercâmbio entre Brasil e Holanda no Het Domain Museum, cujo projeto ganhou prêmio de menção honrosa do Ministério da Cultura em 2008. Em 2013 participou do projeto Circuito Abierto, residência artística Brasil / Espanha.

Poeta, performer e professora no Instituto de Humanidades, Artes e Ciências (IHAC) da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Laura Castro atua como pesquisadora do grupo ECOARTE, nas linhas de pesquisa “Poéticas da água” e “Arte e saberes ancestrais”. Seus interesses de pesquisa atravessam a literatura em campo ampliado e as diferentes possibilidades materiais da escrita. Atualmente seu trabalho é fortemente influenciado pelas epistemologias e ontologias dos povos originários do Brasil, suas poéticas e estéticas de vida, nas busca de, nesta interface ética-estética-bio-política, avistar mundos no mundo. É Yawô de Yemanjá no Ilê Axé Aramefá Odé Ilê.

VJ, poeta e artista audiovisual, Rodrigo Carvalho atua em projetos de cinema, artes digitais e literatura contemporânea, realizando documentários, performances audiovisuais e videopoemas, também é discente do Bacharelado interdisciplinar em Artes com concentração em Cinema e Audiovisual - IHAC/UFBA, onde integra o grupo ECOARTE na linha de pesquisa Poéticas das águas. 

SERVIÇO:

RIO CAPIBARIBE DESÁGUA NO RIO LUCAIA EM SALVADOR NO CENTENÁRIO DE IEMANJÁ

Quarta-feira (01 de fevereiro), às 18h, no Largo da Mariquita

Apresentação gratuita e aberta ao público


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