Pode parecer perigoso, complexo e um grande bicho papão. Mas não é! Embora a cozinha possa ser um dos ambientes da casa com mais riscos, é saudável sim integrar as crianças, desde pequenos, com panelas, receitas e ingredientes. “Bastar ter cautela, saber escolher o menu certo e envolver os pequenos. Os benefícios são inúmeros”, afirma a chef Paula Weber, do site e programa Pitadas e Palpites, que dedica sua carreira a ensinar a garotada, bem como orientar pais e responsáveis nessa empreitada.
Desde que se formou em gastronomia, a chef orienta seu trabalho e seu amor com as crianças. Tudo começou quando seus dois filhos – que hoje são adultos-, ainda estavam em idade escolar. Com sua primeira formação em direito e uma vivência profissional entre leis e as práticas do mercado financeiro, Paula decidiu seguir sua verdadeira vocação para a cozinha. Logo que mudou de ares profissionais, a chef foi convidada para ensinar receitas para os alunos da escola dos seus pupilos. “De lá para cá, não parei. A experiência é incrível, pois levar as crianças para a cozinha, desde cedo, proporciona resultados muito positivos para toda a família”, explica.
Primeiramente, a chef destaca a união familiar conquistada quando pais e filhos estão envolvidos na elaboração de uma receita. A atenção dedicada pelos responsáveis e a auto-confiança que elas sentem são pontos que certamente os ajudarão nesse processo de crescimento rumo à vida adulta. “De uma forma lúdica e divertida, tudo colabora para que o aprendizado os transformem em pessoas com grande autonomia e independência”, conta Paula. Além disso, o preparo de uma receita também contribui para o desenvolvimento de muitos conceitos da vida prática. “Ordem dos processos, organização, paciência e o trabalho em equipe são alguns deles”, exemplifica.
Nesse processo, Paula ainda destaca a quebra de paradigmas das crianças que, muitas vezes afirmam não gostar de um alimento sem ao menos ter provado. Em muitos casos, a restrição não está ligada apenas aos filhos, mas também aos pais que carregam negativas alimentares desde a infância e que precisam quebrar pré-conceitos.“O encanto ao elaborar uma receita desperta a curiosidade da garotada e se torna um espaço de descobertas para toda a família! Sempre conto a experiência que tive com um aluno quando, em uma gravação do programa, preparamos um gaspacho de tomate. Quando pedi para que provasse, não bastou uma colher. De forma espontânea ele precisou tomar a sopa inteira para afirmar, em seu jeito pueril, que não achou ruim!”, relata a chef.
Trazendo para o lado estudantil, pais e responsáveis também conseguem abordar as matérias escolares para a cozinha. Paula Weber exemplifica que, dentro da Matemática, é possível reforçar os conceitos de medidas das receitas como peso, frações e volumes. Mas a gastronomia não fica restrita à questões aritméticas, já que é necessário a compreensão da receita por meio da interpretação dos passos, bem como trazer o contexto histórico e geográfico dos pratos. “As crianças ficarão muito mais interessadas quando conhecem as origens”, conta Paula.
Para iniciar os primeiros passos entre receitas, panelas e outros acessórios gastronômicos, Paula sugere escolher opções simples e saudáveis. Mas, antes de colocar a mão na massa, a chef faz uma alerta para papais e mamães: antes de iniciar a alquimia da mistura de ingredientes, algumas medidas garantem à segurança na cozinha:
Importância da higiene na cozinha
Planejamento: inicie pela separação dos ingredientes e mostre que cada coisa tem o seu lugar na cozinha;
Utensílios devem estar à mão dos pequenos;
Supervisão é fundamental: muita atenção com manuseio de facas, eletrodomésticos como liquidificador, bateiras e cabos de panela, que devem ficar fora do alcance das crianças.
Trabalhar a consciência de reciclagem também na cozinha.
Ao finalizar a receita, a chef Paula Weber recomenda a atenção também no momento de servir. Ainda que de uma forma simples, ela indica a montagem de uma mesa para degustar o prato. “Convidar as crianças para a tarefa é outra forma de envolvê-las”, afirma.
Persistência é a palavra de ordem da chef Paula Weber. Ela explica que, das primeiras vezes, é possível que a família encontre dificuldades, que em seu ponto de vista, “são normais”. Ela ainda acrescenta que, como qualquer outra atividade, a criação de uma rotina e a transformação desse momento como um costume familiar trarão os resultados almejados. “Além da vivência em cozinha, ainda indico expandir horizontes e programar visitas à feiras livres, hortifrutis e mercados municipais. Tudo isso complementar o despertar da criança e, por que não, do adulto também para a cozinha”.
Sobre a chef Paula Weber
A gastronomia sempre permeou a vida da chef Paula Weber que, antes de assumir sua paixão por panelas e receitas, atuou como advogada e, por muito anos viu-se às voltas com contratos e negociações do mercado financeiro. Após a criação dos filhos, decidiu recomeçar sua trajetória profissional ao cursar graduação em Gastronomia, pela FMU. Bem distante do desejo de abrir seu próprio restaurante ou uma cozinha para catering de eventos, Paula já havia decidido sua linha de trabalho: trabalhar com receitas práticas e mostrar que a simplicidade de uma receita não implica em um prato menos saboroso – pelo contrário!. Depois de ministrar aulas para crianças – uma grande paixão em sua vida, Paula dedica-se ao site e o programa Pitadas e Palpites, quando prepara receitas acompanhada por crianças que começam a descobrir os encantos da cozinha e provarem novos sabores.
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