Se você perguntar nas ruas de São Paulo pela bailarina Dana
El Fareda, de 32 anos, dificilmente alguém saberá te informar algo sobre ela.
Agora, se a pergunta for feita no Cairo, capital do Egito, provavelmente,
alguns egípcios irão te responder: é a campeã do Festival Alhan Wa Sahlan 2017,
na categoria Oriental Professional Egyptian Folklore (Profissional Folclore
Egípcio).
Em outras palavras, Dana saiu do Anália Franco, bairro da
zona leste de São Paulo, para ser campeã do mundo na África no último mês de
julho. “O Alhan Wa Salan é o maior
festival de dança do planeta. Em uma comparação com o futebol é como se fosse a
Copa do Mundo. Há festivais no Brasil, na América...Porém, este é o principal”,
disse a bailarina e empresária, proprietária do Espaço El Fareda, ambiente
localizado no Anália Franco e que possui seis salas destinadas ao ensino de
vários estilos de dança.
Além da primeira colocação na categoria Oriental
Professional Egyptian Folklore, Dana foi a terceira colocada na modalidade
Shaabi & Mahraganat. “Somando as minhas premiações em 2011, 2012 e 2016,
sou a única brasileira que subiu seis vezes ao pódio no festival”, destacou.
O mais curioso deste título é que Dana quase não foi para
Cairo. “Decidi ir de última hora. Achei que já estava velha para dançar, mas
sonhei de terça para quarta que estava dançando nas pirâmides. Algo falou para
eu ir. No Egito, competi com russas e japonesas de 18 anos que treinam oito
horas por dia”, relatou.
“Cheguei na outra quarta-feira, 4 horas da tarde e, às
20h30, já estava me apresentando. Mostrei o que eu sei, com minha arte e meu
coração. Mesmo sem saber falar inglês e árabe, consegui me comunicar com a
banda que tocou ao vivo nas apresentações”, salientou.
“Após alguns dias de disputa, enfrentando bailarinas do
mundo inteiro, fui campeã no dia do aniversário da minha mãe, que completou 60
anos na mesma data em que ganhei o troféu. Ela, que foi uma das pessoas que
mais me incentivou a viajar, disse-me que foi um presente de aniversário”,
ressaltou.
Para ser considerada a melhor bailarina do mundo, Dana teve
que arcar sozinha com todos os custos da viagem. “Gastei R$ 5 mil com
passagens, cerca de R$ 2.500 com a hospedagem por 15 dias e quase R$ 8 mil com
alimentação, aulas, locomoção e outras coisas, sem apoio nenhum”, afirmou.
Segundo a bailarina, trabalhar com dança no Brasil é
complicado, pois não há muito reconhecimento.
“A nossa área não é muito valorizada no País. Após ganhar a
premiação no Egito, fiz uma escala em Dubai. Representantes de um restaurante
falaram que fariam uma festa em minha homenagem. Fui maquiada e ganhei
presentes porque lá a dança é valorizada. As pessoas queriam me dar as coisas
para que eu usasse e divulgasse a marca. Aqui, quase ninguém tem esta noção. Os
brasileiros não sabem que a melhor bailarina do mundo é daqui”, argumentou.
“Mas quando têm este
conhecimento, a coisa muda um pouco. Um dia fui comer em um restaurante no
Tatuapé acompanhada por um amigo. Ele disse a alguns clientes que eu era campeã
mundial. Algumas pessoas pediram para tirar foto comigo (risos)”, finalizou.
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