Festival
internacional de curtas-metragens acontece até esta sexta (27) em Taquaritinga
do Norte, agreste pernambucano.
A 8ª
edição do Curta Taquary - festival internacional de curtas-metragens contou em
sua programação da tarde desta quinta (26) com um seminário que discutiu o
papel da mulher no cinema. A mesa composta por Rosa Urbes, Kátia Mesel, Carla
Osório, Amanda Ramos, Gilda Nomacce, abordou questões sobre a atuação da mulher
no audiovisual em diversos aspectos.
Cineasta
premiada internacionalmente, Kátia Mesel destacou durante o seminário a
acessibilidade da mulher na produção cinematográfica. “Pernambuco teve a
oportunidade de ter mulheres pensantes no cinema”, relatou. Sobre o preconceito
em relação ao gênero, Kátia pontuou que sofreu mais preconceito por ser
nordestina, do que por ser mulher. “Na época, fiz o filme Fora do Eixo, porque
tudo estava em São Paulo e no Rio de Janeiro. O que nós precisamos é de
estímulo”, disse ela.
Outra
questão abordada durante o seminário foi sobre as realizações feitas por
mulheres. Nara Normande, também cineasta, colocou à mesa a participação de
mulheres nas diversas funções da produção no cinema. “A equipe ainda é muita
masculina, tem poucas mulheres dirigindo”, ressaltou. Carla Osório, curadora e
produtora executiva que mediou a mesa durante o seminário, acrescentou que
"lugares onde a função desempenhada tem prestígio social, tende a ser
ocupada por homens”.
Rosana
Urbes, cineasta e ilustradora, relatou que em boa parte dos estúdios que
freqüentou durante a adolescência, era a única mulher. “Somos fruto de um
processo histórico, requisitando a atenção desde os anos 60. A questão do
feminismo não é só uma questão da mulher”. Contou que teve dificuldades de
encontrar referências femininas na ilustração. ”Os desenhos sempre tendiam à um
estereótipo do masculino”, relatou.
A atriz
Gilda Normacce tratou sobre a atuação e a competição das mulheres no cinema. De
acordo com a atriz, a competição muitas vezes é pela questão da estética. ”A
grande parte das protagonistas são atrizes jovens”, contou. Destacou as
dificuldades que teve no início da carreira. “Sofri assédios, abusos. Não foi
fácil, é preciso ter muita estrutura”, confessou ela. A limitação de funções
foi outro ponto colocado na mesa. “A sociedade nos impõe optar entre ser mãe e
ser profissional. Não temos creche no set de filmagem”, colocou Carla Osório.
Outro
ponto discutido no seminário foi sobre o machismo no audiovisual. Amanda Ramos,
membra fundadora da Federação Pernambucana de Cineclubes – FEPEC contou sobre o
projeto Desconstruindo o Machismo no Audiovisual em Pernambuco. ”Ele surgiu a
partir de dois episódios da cena do audiovisual no Estado. O primeiro, em março
deste ano, onde cinco cineastas se uniram para lançar o projeto “Cinema de
Mulher”, como resistência ao preconceito existente. O segundo foi em setembro,
também este ano, quando dois cineastas foram alvos de uma série de discussões
sobre o assunto”, contou ela. De acordo ainda com Amanda, o preconceito no
cinema não está somente relacionado ao gênero, mas à classe e à raça. Ao final,
à mesa foi aberta para comentários e perguntas.
O 8º
Curta Taquary acontece até esta sexta (27) em Taquaritinga do Norte, agreste
pernambucano com exibições de 165 filmes de 25 países. Idealizado por Alexandre
Soares, diretor e curador do festival, o Curta Taquary teve início em 2005.
Reúne artistas, ativistas e amantes da sétima arte com a proposta de apresentar
uma grande diversidade de curtas-metragens nacionais e internacionais ao
público da região. Desde a primeira edição o festival já apresentou mais de
1000 curtas para mais de 25 mil pessoas.
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