Sentimentos
de fé, gratidão e devoção levaram milhares de católicos a tomar as ruas do
Centro do Recife, no início da noite de ontem. Comandada pelo arcebispo da
Arquidiocese de Olinda e Recife, dom Fernando Saburido, a procissão de Nossa
Senhora do Carmo encerrou a programação religiosa da 318ª edição da festa em
homenagem à padroeira da cidade, iniciada no dia 6 de julho, na Basílica do
Carmo, no bairro de Santo Antônio.
O
cortejo saiu do Pátio do Carmo às 17h30. Coroinhas de várias paróquias formaram
um cordão de isolamento para abrir espaço no meio da multidão que se espremia
para tocar no andor de Nossa Senhora, que, com seus cinco metros de altura,
chegou a esbarrar na fiação elétrica.
Entre os
fiéis, o funcionário público Clóvis Araújo, 53 anos. “Há dois anos, exatamente
no dia 16 de julho, precisei fazer uma cirurgia no coração e tive a graça de
sair vivo. Como pagamento à promessa que fiz, vou acompanhar a festa do dia 16
até o fim da vida. Não é sacrifício, é agradecimento”, afirmou.
Em meio
a cânticos, mãos erguidas e gritos de viva à Nossa Senhora – nomeada padroeira
do Recife a pedido do povo, em 1909 – a procissão seguiu pelas avenidas Martins
de Barros, Guararapes e Dantas Barreto, retornando à Basílica cerca de uma hora
e meia depois. Enquanto muitos se voltavam para a festa profana (com shows,
barracas de comida e bebida e parque de diversões), na igreja muitos
continuaram suas demonstrações de fé, iniciadas às 5h, com missas de hora em
hora.
A última
foi celebrada por dom Fernando, às 15h40. O arcebispo falou sobre a evolução da
província carmelita, destacando seus 270 anos em Pernambuco, criticou o culto
ao corpo e aos bens materiais e chamou os fiéis à responsabilidade de pregar a
palavra de Deus. “Há muitos católicos pelo batismo, mas na Igreja não são
tantos”, ressaltou.
Seguindo
os passos da mãe e da avó, Anair Guedes, 25, participou da missa com ela e as
três filhas pequenas. “Aos 7 anos fui curada de um forte cansaço e acompanhei a
procissão descalça, vestida de amarelo. Minha filha de 6 anos também está
curada e minha mãe venceu um câncer há dois anos. Só temos o que agradecer”,
disse. Aos 79 anos e batizada com o nome da santa, Maria do Carmo resumiu com
alegria: “Minha maior graça é ter os quatro filhos e seis netos bem
encaminhados, com saúde e vivendo em paz. É só o que peço. Pra que mais?. Fonte JC
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