Para
Adhemar Oliveira, um dos maiores exibidores do país, esse número está ligado à
melhora na qualidade das produções
Em um
mercado praticamente dominado pelo cinema americano, é possível notar uma
reação do cinema brasileiro. Mesmo que as produções estrangeiras ainda ocupem
grande parte das sessões e arrecade mais que as nacionais, um balanço recente
divulgado pela Ancine (Agência Nacional de Cinema) revela que o primeiro
trimestre de 2014 foi lucrativo para o mercado cinematográfico brasileiro.
O
informe publicado pela Superintendência da Análise de Mercado da Ancine mostra
que, nas 13 primeiras semanas do ano, foram vendidos 7,3 milhões de ingressos
para sessões de filmes brasileiros e a arrecadação foi superior a R$ 82,3
milhões. Comparando com o mesmo período do ano passado, as vendas foram 15,9% a
mais, e o crescimento na arrecadação foi de 26,3%, números animadores.
Segundo
o diretor de programação Adhemar Oliveira, sócio da rede Cinespaço, este avanço
se deve, principalmente, à melhora nas produções nacionais. “A qualidade dos filmes melhorou bastante,
mas também houve uma adequação na comunicação com a plateia, as produtoras
entenderam melhor o público brasileiro”, analisa.
Outro
ponto que colaborou para o crescimento do cinema brasileiro foi o engajamento
dos cinemas no cumprimento da lei Cota de Telas, que determina o número de dias
e a diversidade mínima de títulos brasileiros a serem exibidos nas salas de
cinema do país. Criada em 2012, em 2013 ela sofreu algumas alterações.
Dependendo do número de salas de exibição do complexo, os cinemas têm que
cumprir uma cota de tela mínima entre 28 e 63 dias por sala e exibir no mínimo
entre 3 e 14 filmes nacionais diferentes. Para complexos de 6 e 7 salas, a
obrigação é de 63 dias por cada sala e, no mínimo, 8 e 9 títulos no complexo.
Para
Adhemar, esta medida é benéfica para as produções nacionais, mas, em
determinados períodos, ela passa despercebida. “A qualidade das produções é
fundamental para o crescimento, mas essas leis servem como um ponto de partida,
elas criam um patamar mínimo, que, em alguns momentos, pode ser alcançado
sozinho, depende da quantidade dos filmes produzidos”. E mesmo que a vontade
dos brasileiros seja uma porcentagem dominante dos filmes nacionais, o
empresário defende a variedade. “O filme americano domina as salas e as
bilheterias, o que temos que ter é o equilíbrio e a diversidade para tornar o
mercado mais interessante. Tem que ter espaço para produções brasileiras, mas
também para as europeias, asiáticas...”
E a que
tudo indica, o momento é das comédias. Prova disso é que, no mesmo levantamento
da agência reguladora, três filmes brasileiros apareceram na lista dos dez mais
vistos do ano no período. “Até que a Sorte nos Separe 2” ficou na segunda
posição, com 2.921.553; "Muita Calma Nessa Hora 2" ficou em sexto,
com 1.429.566; e "S.O.S Mulheres ao Mar" ocupou o décimo
posto, com 1.060.605 ingressos vendidos. “É uma onda do mercado, há o momento
dos dramas, das ações e agora está sendo o das comédias”, explica Oliveira,
reconhecido como um dos maiores exibidores do país.
Talvez este seja o momento do cinema brasileiro
como um todo, porém como muito ainda para ainda ser alcançado, como explica
Adhemar. “Hoje nós temos um bom mecanismo de produção, o que precisa ser feito
é melhorar os canais de comunicação e aumentar o parque exibidor, com isso, a
perspectiva para o futuro é muito boa”, finaliza
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