Assim que entra no elevador do Museu, o visitante já é surpreendido com a primeira experiência de Essa nossa canção: uma intervenção sonora criada pelo produtor cultural Alê Siqueira a partir de vocalizes de músicas nacionais. Cantos como “Ôôôôô”, “Ilariê”, “Aê-aê-aê” foram editados para formar uma única canção sem aquilo que convencionalmente se entende por palavra.
Se no elevador já dá vontade de tentar descobrir quais as canções selecionadas, a ansiedade aumenta na primeira sala da exposição. No espaço Palavras Cantadas, o mesmo artista reuniu trechos de 54 canções, desta vez versos de faixas conhecidas nas vozes de Rita Lee, Roberto Carlos, Adoniran Barbosa e MC Marcelly, entre outros, criando um ambiente sonoro imersivo.
Em seguida, na sala Recados da Língua, famosas músicas brasileiras ganham, finalmente, corpo. Artistas como Juçara Marçal, Felipe Araújo, Teresa Cristina, Zahy Tentehar, Tom Zé, Johnny Hooker e outros cantam, em vídeos dirigidos por Daniel Augusto, faixas como Pelo telefone (Donga), Tristeza do Jeca (Angelino de Oliveira), Sinal fechado (Paulinho da Viola) e Garota de Ipanema (Vinicius de Moraes e Tom Jobim). Vale prestar atenção na performance de slammers em Construção (Chico Buarque) e de fãs de Racionais MC’s no rap Diário de um detento.
“Não se trata das melhores canções que o Brasil já produziu. Foram escolhidas por outro motivo: todas aparecem aqui por serem exemplos reveladores de determinadas relações entre canções e língua em território brasileiro. Do uso de frases bem coloquiais até o debate que questiona se o rap anuncia o ‘fim da canção’”, afirmam os curadores.
Na terceira parte da exposição, que ganhou o nome de Nossa Vida em Canções, o público tem acesso a duas salas de cinema. Em uma delas, é exibido o premiado documentário As Canções, de Eduardo Coutinho, no qual ele conversa com desconhecidos sobre as músicas que marcaram suas vidas de alguma forma. Na outra, os cineastas Sérgio Mekler e Quito Ribeiro reuniram vídeos do YouTube de pessoas comuns soltando a voz – canções de Valesca Popozuda, Toquinho e Roberto Carlos podem ser ouvidas.
Vale também prestar atenção na linha do tempo Do Cilindro à Nuvem, na qual aparelhos e objetos utilizados para a gravação e reprodução de canções desde o fim do século 19 são exibidos. Há gramofone, rádio, vitrola, televisão de tubo, walkman...
A mostra chega ao fim com cópias dos manuscritos de composições de nomes como Xis, Marília Mendonça, Chiquinha Gonzaga e Xênia França, entre outros, na sala Uma Caneta e um Violão. O curioso é observar que palavras ou frases inteiras os compositores resolveram tirar antes de finalizarem e, enfim, gravarem as canções. Será que essas músicas seriam um sucesso caso essas substituições não fossem feitas? Fica a pergunta no ar.
Essa nossa canção conta com o patrocínio máster da CCR, patrocínio do Grupo Globo, e com o apoio do BNY Mellon e do Itaú Unibanco – todos por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.
SERVIÇO
Mostra temporária Essa nossa canção
De terça a domingo, das 9h às 16h30 (com permanência até as 18h)
Fechado nos dias 31 de dezembro e 1º de janeiro
R$ 20 (inteira); R$ 10 (meia)
Grátis para crianças até 7 anos
Grátis aos sábados
Acesso pelo Portão A
Venda de ingressos na bilheteria e pela internet:
https://bileto.sympla.com.br/event/68203
SOBRE O MUSEU DA LÍNGUA PORTUGUESA
O Museu da Língua Portuguesa é uma realização do Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas, e do Ministério da Cultura, concebido e implantado em parceria com a Fundação Roberto Marinho. O IDBrasil Cultura, Esporte e Educação é a Organização Social de Cultura responsável pela sua gestão.
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