Com
grandes hits, músicas de um novo disco e uma completa reverência a mais
legítima cultura nordestina, o cantador Santanna encerrou a segunda noite do
São João Pra Valer 2016 nessa sexta-feira (24). Promovido pela Prefeitura
Municipal de João Pessoa (PMJP), através de sua Fundação Cultural (Funjope), o
evento animou a véspera e a noite de São João na Capital, levando uma multidão
ao Ponto de Cem Réis nesses dois dias.
O
público da sexta-feira foi ainda maior que o da noite anterior. Segundo
estimativas da organização, cerca de 10 mil pessoas entraram no compasso dos
xotes e dos forrós que integraram o repertório do paraibano Forró Caçuá e do
cearense Santanna.
“Acredito
que o evento tenha atingido seu objetivo, devido ao sucesso de público e a
tranquilidade com que o povo de João Pessoa se divertiu nessas duas noites.
Todo mundo dançando seu forró com muito sossego e segurança”, resumiu o diretor
executivo da Funjope, Maurício Burity.
A lição
de Pinto do Acordeon - A noite começou embalada pelo repertório vibrante do
Forró Caçuá. O trio de músicos paraibanos subiu ao palco completo, com banda, e
animou o público com duas horas de um show formado pelos grandes clássicos
nordestinos. Começou com um xote, depois entrou um baião, um forró, um bloco só
com marchas (dessas que animam quadrilhas juninas) e aí o público já estava
entregue ao melhor da música regional.
“A gente
não tem um roteiro não. Vamos fazendo o repertório de acordo com o calor da
emoção”, comentam os irmãos Damião, Batista e José Moreno, ressaltando que este
é um formato que aprenderam com o mais velho dos irmãos, Pinto do Acordeon.
“Ele puxava uma música, o salão vazio. Puxava outra, o salão continuava vazio.
E assim ele ia mudando até achar uma que trazia o povo pro salão. Dessa forma, a
gente foi aprendendo com ele”.
Nação
Nordestina - Santanna veio na sequência com sucessos que não pode deixar de
lado, como ‘Tamborete de forró’ (Artúlio Reis), ‘Ana Maria’ (Jandhuy Finizola)
e ‘A Natureza das Coisas’ (Accioly Neto) - a do famoso verso “Se avexe não /
Amanhã pode acontecer tudo / Inclusive nada”, que viu o público cantar junto.
Defendendo
com unhas e dentes a cultura autêntica, foi enfático ao dizer que forró, só
existe um: “Negócio de forró estilizado, isso aí é apropriação indébita de um
verbete que não lhe pertence. É como dizia (o estadista britânico) Winston
Churchill: não existe opinião pública, existe opinião publicada e isso
preconiza aquela história de que uma mentira muito propalada se torna uma
verdade. Mas forró, a gente sabe o que é”.
O cantor
cearense radicado há exatos 37 anos no Recife (PE) emparelhou hits com músicas
do mais recente disco, ‘O Forró Nosso de Cada Poesia’, de onde tirou faixas
como ‘Verdade acesa’, do baiano Carlinhos Cor das Águas; 'Farnizim’, do conterrâneo
Eramano Moraes (ambos são de Juazeirinho, no Ceará) com Cleilson Ribeiro, e
‘Mãos que oferecem flores’, de Leonardo D’Luna.
Sobre o
show em João Pessoa, Santanna disse que quando está dentro dos limites da
“Nação Nordestina”, está muito feliz. “O povo entende a linguagem”, justifica.
“Enquanto houver alguém assando uma espiga de milho, isso vai se repetir, Deus
sabe até quando”.
“O mais
interessante disso tudo - continua o cantador - é que o bom é estar onde lhe
querem. A pior coisa pro artista, pro poeta, pro cantador, pro cantor, é a
indiferença. Quando você está onde lhe querem, a emoção é redobrada”, diz, a
respeito da bela receptividade do público pessoense.
Nenhum comentário:
Postar um comentário