Podemos destacar Flávia Saraiva, a Flavinha, que conquistou a todos com sua garra e determinação. A atleta brasileira almejava medalhas e uma vaga na final do individual geral, e literalmente deu o sangue para garantir o bronze na competição por equipes. Apesar de não ter conseguido mostrar sua melhor performance na trave durante as classificatórias, não se deixou abater. Após uma queda durante o aquecimento das barras, que resultou em ferimentos, ela se manteve firme na trave, demonstrando resiliência ao se recuperar.
Como não falar da judoca Beatriz Souza? Que corou no tatame a dedicação de uma família ao esporte. A brasileira, natural de Peruíbe, litoral de São Paulo, foi campeã olímpica do judô nas Olimpíadas de Paris na categoria acima de 78kg, em sua primeira participação nos Jogos. Além das repetidas vezes em que disse após a vitória “eu sou uma campeã olímpica”, Beatriz emocionou o Brasil ao relembrar a avó, que havia falecido há pouco tempo, a quem dedicou a medalha.
Esses exemplos destacam a importância de não desistir frente aos desafios, mesmo sem o suporte necessário. Nisso, podemos evidenciar a chamada Geração Z, composta por pessoas nascidas a partir de 1995, que cresceram com a internet e são conhecidas por sua hiperconexão e agilidade. Este grupo, no entanto, apresenta uma tendência a desistir rapidamente e enfrenta dificuldades em lidar com frustrações.
Uma pesquisa publicada pela consultoria internacional McKinsey revelou que os níveis de bem-estar social e emocional da Geração Z são os mais baixos entre todas as gerações. De acordo com o estudo, o que mais impacta é o quadro de saúde mental dessas pessoas frente a questões psicológicas, além de, na maior parte do tempo, confiar mais em soluções rápidas para mitigar os efeitos de crises.
O livro "A Geração Ansiosa", de Jonathan Haidt, aborda a questão da superproteção das crianças e como isso pode impactar seu desenvolvimento. Com isso, podemos questionar se as crianças de hoje não estão vivendo uma infância sem riscos. Deixando-as no quarto, “estamos superprotegendo no mundo real e desprotegendo no mundo virtual”, como diz o autor.
Assim, concluímos que essas “crianças do quarto” têm enfrentado poucos riscos nas brincadeiras - uma experiência essencial para o desenvolvimento cerebral na primeira infância. Embora apenas 27% das crianças brinquem fora de casa, o que é consideravelmente menos do que os pais e avós faziam no passado, como mostra uma pesquisa realizada pela agência inglesa OnePoll, as “brincadeiras arriscadas”, como no escorregador da pracinha, e algumas quedas são essenciais para que elas possam aprender a cair e levantar, no sentido literal da palavra.
Devemos realmente seguir o exemplo de resiliência de nossos atletas, aprendendo a não desistir diante do primeiro obstáculo. Ao abordar a orientação familiar e parental, é crucial considerar que precisamos permitir que nossos filhos enfrentem mais riscos reais. Isso significa reduzir o medo excessivo que criamos em torno deles e proporcionar mais proteção no ambiente virtual, onde muitas vezes são deixados à própria sorte.
A seguir, alguns aspectos importantes que podem ser considerados na educação parental:
Inspire um comportamento resiliente, demonstrando como lidar com desafios e adversidades de forma construtiva;
Permita que a criança enfrente desafios e ofereça suporte emocional durante esses momentos;
Permita responsabilidades adequadas para a idade da criança, fortalecendo a confiança e a habilidade de resolver problemas;
Incentive a criança a aprender com os erros e mostre que é normal não acertar sempre, mas que o importante é persistir;
Reconheça o esforço e a determinação, mesmo diante de desafios que não resultem em sucesso imediato.
*Fernanda King é pedagoga com pós-graduação em Desenvolvimento Infantil, tendo formação especializada em educação infantil na Itália (metodologia Reggio Emília) e Argentina, é diretora e fundadora da Escola Infantil Petit Kids. Apesar de ter começado sua carreira como publicitária, profissão que trouxe essa carioca para São Paulo, a maternidade a fez mudar de profissão. Abriu sua própria escola em fevereiro de 2015 com o propósito de educar sua filha de forma mais humanizada. Daí passou a estudar a nova área, se tornando além de mantenedora escolar, uma diretora engajada na busca de uma forma de educar afetiva e acolhedora.
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