Wallace
Vianna, morador do Méier, e André Vieira, da Ilha do Governador, não imaginavam
que suas vidas fossem mudar tanto quando, juntos, escreveram a música “Beijinho
no ombro”, que, na voz da funkeira Valesca Popozuda, fez — e continua fazendo —
bastante sucesso no país.
Um ano e dois meses depois do lançamento da canção, a
vida e a rotina da dupla de compositores mudaram totalmente. Saíram as
dificuldades financeiras e a desconfiança do mercado, e entraram o conforto e o
assédio dos produtores de artistas.
Graças
aos royalties do hit, Wallace e André puderam, cada um, comprar carros e deixar
seus antigos empregos. Wallace, formado em publicidade, trabalhava em uma
agência, enquanto André dava expediente como analista administrativo.
— Hoje
conseguimos dedicar o nosso tempo inteiramente à música. E eu aproveitei para
fazer alguns investimentos fora da arte. Apliquei em ações, por exemplo. Ter me
formado em administração ajudou. O Wallace até brinca dizendo que eu sou
pão-duro, mas quero mesmo é multiplicar o dinheiro para usá-lo melhor — comenta
André, de 27 anos.
Wallace,
26, comemora os novos tempos:
— É
muito bom poder realizar sonhos. Há dois anos, eu estava ali na Rua Dias da
Cruz, em pé, esperando o ônibus 607, suando debaixo de um sol quente. Não
pensei duas vezes quando pude comprar um carro.
O clipe
oficial da música, publicado no YouTube no dia 27 de dezembro de 2013, já soma
mais de 39 milhões de visualizações. No iTunes, o single ficou, por várias
semanas, na lista das músicas mais baixadas da loja virtual. O mercado
publicitário também pegou carona no sucesso para promover campanhas. A
repercussão foi tanta, que até o Coral da Universidade de São Paulo, em
parceria com a Bateria de Agravo de Instrumento da São Francisco, fez sua
versão para a canção. E vale mencionar as inúmeras gravações feitas por fãs na
internet, dentro dos mais variados gêneros, como o blues, a música clássica, o
metal, o sertanejo, e até o gospel.
“Beijinho
no ombro” foi a terceira música da parceria entre Wallace e André, que se
conheceram pela internet, conectados pelo gosto de compôr.
—
Queríamos que todas as frases da música fossem de impacto. E quando fomos
escrever, decidimos que cada um faria uma frase atacando o outro, que, por sua
vez, teria que rebater. Fizemos a letra assim, como se fosse uma batalha — revela
Wallace.
Com a
música nas mãos, só faltava a voz. Surgiram alguns nomes, mas o destino queria
que o canto fosse de Valesca.
— No
início, pensamos em oferecer a música para a MC Ludmilla. Liguei para o
empresário dela, que era marido da MC Pocahontas. Ele se interessou, mas queria
que a música fosse gravada pela esposa. Só que eu também tinha mostrado para o
DJ que produz a Valesca. Ele ouviu e disse que, além da Popozuda, a Anitta
também poderia gostar — explica Vianna.
Valesca
estava iniciando carreira solo e precisava de um bom single para o momento. Foi
então que Leandro Pardal, empresário da funkeira, entrou em cena. Ele colaborou
com a letra e adquiriu os direitos da música.
— Se
fosse gravada pela Anitta, só entraria no CD. Mas se a Valesca pegasse, seria
música de trabalho. Então eu e o André achamos melhor a segunda opção — revela
Wallace.
Para
provar que a parceria entre Wallace, André e Valesca deu mesmo certo e
alavancou a carreira deles, os compositores adiantam que vão assinar todas as
14 faixas do primeiro álbum da cantora, que será lançado em breve.
— Antes,
eu batia de porta em porta e não era bem atendido pelas pessoas. Hoje, nos
procuram querendo um sucesso como “Beijinho no ombro”— diz Wallace, que ao lado
do parceiro André, já foi gravado por 39 artistas, entre os quais Belo e os
grupos Aviões do Forró e Sorriso Maroto — Beijinho no Ombro estourou, mas já é
passado. Precisamos continuar trabalhando. Fonte:
Globo
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