quinta-feira, 8 de maio de 2025

História em Quadrinhos resgata a trajetória da primeira travesti do Brasil em escolas públicas de Pernambuco



Projeto criado com base em pesquisa histórica voltada à população LGBTQIAPN+ combina arte, literatura e educação para enfrentar o apagamento de mulheres trans, travestis e negras da narrativa histórica escolar.

A trajetória de Xica Manicongo — considerada a primeira travesti do Brasil, que chegou ao país em 1591, escravizada, vinda do Reino do Congo — será tema de um projeto educacional que levará sua história para escolas da rede pública estadual de Pernambuco. XICA: História e memória da primeira travesti do Brasil em HQ contemplará inicialmente estudantes e professores de dez unidades de ensino distribuídas pelas quatro macrorregiões do estado.


O projeto, financiado pela Política Nacional Aldir Blanc (PNAB) e pela Secretaria de Cultura de Pernambuco, tem como objetivo dar visibilidade à história de mulheres trans, travestis e negras, destacando seus legados histórico-culturais. A HQ traz a representatividade de Xica Manicongo como símbolo do movimento de mulheres trans no país, reforçando a positivação de suas trajetórias para além do estigma da escravidão e da transfobia.


Dividido em três partes, o projeto reúne a HQ roteirizada e ilustrada pela artista trans Jocosa Aguiar; um suplemento didático voltado a professoras e professores, elaborado pela pesquisadora Millena Valença — idealizadora e produtora da ação — e um audiolivro narrado pela multiartista Renna Costa como recurso de acessibilidade para pessoas cegas ou com baixa visão.


A ação contará ainda com um processo formativo destinado aos profissionais de educação, entre professores e bibliotecários, das escolas contempladas. A formação será ministrada pelas educadoras e pesquisadoras Odailta Alves (UFPE) e Dayanna Louise (UFS), com foco no uso da HQ como recurso didático e estratégia de enfrentamento ao apagamento dessas identidades na narrativa histórica escolar.


“Segundo dados da ANTRA, Pernambuco ocupa atualmente a 6ª posição entre os 10 estados que mais assassinaram pessoas trans entre os anos de 2017 e 2024, tendo ocupado o 1º lugar no ano de 2022. Enfrentar a transfobia passa pela educação como instrumento de transformação social, e através da arte e da literatura, o livro provoca uma reflexão e sensibilização de crianças e adolescentes para as questões de gênero e sexualidades além de desmistificar a ideia de que a transgeneridade só surgiu no século XX”, destaca Millena Valença.


Ao todo, serão distribuídos 200 exemplares da HQ, com a expectativa de alcançar, direta e indiretamente, cerca de 10 mil estudantes do Ensino Médio, Ensino Médio Técnico, Ensino Fundamental e Educação de Jovens e Adultos (EJA).


 


LANÇAMENTO


 


O lançamento oficial do livro está marcado para o dia 23 de maio, às 14h, no Museu MUAFRO, localizado no bairro do Recife. Após o evento, o material passará a compor o acervo permanente da biblioteca das escolas e também será disponibilizado gratuitamente em formato digital, para qualquer pessoa que deseje utilizá-lo como ferramenta pedagógica.

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