quinta-feira, 24 de abril de 2025

Vença o medo de falar em público com a arte do improviso



Falar diante de uma plateia nem sempre é fácil, e no teatro, essa exposição ganha ainda mais intensidade. Transformar palavras em ação no palco pode gerar ansiedade, insegurança e uma necessidade paralisante de controle.
Para o ator e professor de teatro Ian Soffredini, é justamente nesse ponto que o improviso se torna uma ferramenta valiosa: ele oferece um caminho acessível para desbloquear a criatividade, fortalecer a autoconfiança e construir dramaturgia de forma mais livre e verdadeira.


"O maior desafio é o medo do julgamento. As pessoas travam porque acreditam que precisam ser perfeitas o tempo todo. Isso gera uma autocobrança que bloqueia a naturalidade", explica Ian. No universo do improviso, esse medo perde força. O erro deixa de ser um fracasso e passa a ser um ponto de partida. “O improviso ensina que o erro não é o fim, mas um novo caminho. Quando você se permite errar, aprender e seguir em frente, o medo perde a força e a importância.”


Esse olhar mais generoso para as falhas transforma a prática em uma grande aliada no processo criativo. Sem roteiros rígidos ou expectativas inalcançáveis, os artistas aprendem a criar a partir do momento presente, confiando no próprio repertório e na escuta do outro. “No improviso, o erro se transforma em oportunidade”, reforça Ian. Com isso, surgem cenas mais genuínas, orgânicas e surpreendentes, tanto para quem as cria quanto para quem assiste.


Embora espontâneo, o improviso não dispensa técnica. Pelo contrário: ele desenvolve competências fundamentais para a criação cênica, como a escuta ativa, a atenção plena e a construção colaborativa. Muitas dramaturgias contemporâneas nascem justamente desse processo: cenas improvisadas que são refinadas ao longo dos ensaios, dando origem a textos mais vivos e conectados com os intérpretes.


Para que esse processo aconteça, ouvir se torna tão importante quanto falar. “Escuta ativa é essencial, porque a comunicação envolve muito mais ouvir do que falar. Quando você ouve com atenção e aceita o que o outro está trazendo, a conversa flui de forma mais natural”, destaca o ator. Essa prática amplia a sensibilidade dos artistas, tornando o diálogo em cena mais potente e verdadeiro.


Outro aspecto marcante do improviso é a capacidade de adaptação. Imprevistos são comuns no palco, assim como na vida. Desenvolver flexibilidade para lidar com mudanças, sem perder a conexão com o objetivo da cena, é um diferencial que pode ser levado para qualquer situação de exposição pública, desde apresentações profissionais até conversas do dia a dia.


Improvisar, segundo Ian, é um exercício de presença. Mais do que memorizar falas, trata-se de estar atento ao agora, ao que o parceiro oferece e ao que o corpo sugere. É nessa entrega que novas histórias surgem, e com elas, um espaço seguro para explorar emoções, ideias e formas de comunicação.


"Quando você deixa de se preocupar com o que os outros estão pensando e foca no diálogo em si, tudo flui com mais naturalidade", conclui Ian. Ao unir improviso, escuta e criação, o teatro revela sua força como ferramenta de transformação pessoal e artística. E mostra que, às vezes, deixar o controle de lado é justamente o que dá voz àquilo que queremos, e precisamos dizer.

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