O “Padrinho” dos “Chatboxs”, Geoffrey Hinton, é franco: “a Inteligência Artificial é uma ameaça existencial para a humanidade”. A Era da Desinformação já começou. As melhores verdades, aquelas construídas por método, terão protagonismo no corpo social munidas apenas com a arma da divulgação científica?
Difundir a evolução dos fatos científicos é essencial. Cerca de 5 mil jornalistas trabalham nessa missão para instituições do setor, voltados para a “Bolha do Conhecimento”. Ou seja, não navegam no oceano difuso, habitado por públicos de diversas capacidades cognitivas, imersos na guerra cultural. E, se apenas 8% dos brasileiros produzem e compreendem dados complexos, ali a lógica informacional nem explica, nem seduz.
Como dialogar com leigos diante do avanço exponencial e diuturno da complexidade científica?
Sabemos que o real papel da Ciência não faz sentido crítico, urgente e estratégico no ambiente convencional do poder, em Brasília, nem tampouco entre formadores da opinião pública. Assistimos há uma década, ano após ano, em governos distintos, a decomposição do orçamento público do setor.
A comunidade científica global começa a discutir alternativas. Muitos ainda com a fé de que há de voltar o tempo em que a definição do orçamento era uma conversa de três cafezinhos. No exemplo da Pesquisa Agropecuária, o Presidente da República e os Ministros da Fazenda e da Agricultura.
Esse mundo não existe mais.
No “Hard Power” brasileiro não há espaço para questões estratégicas. O futuro chega aos soluços. Na Holanda, 2º maior exportador de alimentos em volume financeiro (mesmo sendo 176 vezes menor que o Brasil) nada é feito sem que o Estado, a iniciativa privada e a Universidade de Wageningen sentem à mesma mesa.
Umberto Eco, Professor titular de Comunicação da Universidade de Bolonha, antecipou esse quadro caótico com uma frase dita na semana de lançamento do Twitter: “seremos governados por uma legião de idiotas”.
No plano internacional, a trajetória do negacionismo quebrou paradigmas: a mentira passou a ter perna longa. A resiliência de narrativas contra a vacina atinge ainda 60 milhões de norte-americanos. Os britânicos começam a ouvir o que os cientistas (cerca de dez mil) foram às ruas gritar no “Earth Day”, de 2017: o Brexit vai implodir pesquisas da maior relevância em curso com a EU.
Boris Johnson perdeu seu assento no Parlamento. Cinco anos depois...
Essa força teria pouco a ver com o conteúdo das mensagens e muito com dois sentimentos fundantes da “Guerra Cultural”: pertencimento e ressentimento. Estimular a “revanche” contra quem estudou dá clics, dá votos.
Enquanto isto, a potência transformadora das soluções tecnológicas sustentáveis brasileiras não consegue lugar nas cenas interna e externa.
Precisamos invadir essa praia. Inserir a “Iniciação Científica e Tecnológica” no ensino básico; a disciplina “Comunicação” em todas as graduações; usar o Soft Power para dialogar com quem vota, sem intermediários. Seria um bom começo.
As Ciências produzidas nos trópicos formam, em seu conjunto, uma causa: contribuem em todas as agendas críticas do Planeta. Senhoras e Senhores pesquisadores, vamos ao Twitter...
*Fernando Barros é Diretor de Comunicação Estratégica do Instituto Fórum do Futuro
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